Um pequeno SUV cheio de estilo! Imagem apelativa, interior original, um toque de requinte, muita tecnologia. É o DS3 Crossback, à venda em Portugal a partir de Maio, com preços desde os 27 500 euros. No final do ano chegará a vez da inevitável versão elétrica, E-Tense, a primeira da marca. Gosta-se de quase tudo…
Vem na linha do DS7 Crossback e posiciona-se como um premium a partir de valores muito franceses, na linha do respeito pela arte do savoir-faire. É a inspiração na alta costura, na joalharia, no bom gosto. E depois a tradição do conforto associada à industria automóvel gaulesa e, em particular, a essa sigla hoje monograma de marca: DS.
O resultado convence! O DS3 Crossback “bebe” alguma inspiração no DS7, mas, indiscutivelmente, tem personalidade própria naquela carroçaria compacta – 4,12 m de comprimento; 1,79 de largura; 1,53 de altura – e curvilínea, bem esculpida, imagem de força e propensão desportiva, mescla nem sempre simples num SUV que parece “agarrado ao chão” de tão bem pisar. E se tiver jantes 18” (a oferta começa nas 16”) ganha ainda mais expressão.
A frente é agressiva, com a dominadora grelha DS Wings, faróis estreitos e rasgados e os LED diurnos verticalizados que fazem escola no grupo francês. A traseira um modelo de equilíbrio na simplicidade que projeta a ideia de outra largura. Mais controverso o perfil, cintura alta, cortada pela chamada barbatana de tubarão (herança do DS3 de duas portas) que “sobe”, abruptamente, pela porta traseira, conferindo-lhe peso desmedido, além de roubar luz e área vidrada aos passageiros da retaguarda. O apêndice, para não ser só isso, alberga os tweeters traseiros…
Um pequeno SUV para ver com atenção este DS3 Crossback que assume o posicionamento Premium, através de uma imagem apelativa e recheio com o toque de refinamento capaz de fazer a diferença. Cinco motores, muita tecnologia e seis escolhas de equipamento. Aposta forte a partir de 27 500 euros
Este é, para mim, o pormenor menos feliz de um automóvel que não dispensa o tejadilho flutuante a favorecer as combinações bitom, “perdeu” a antena do rádio e conta com um sistema de puxadores retráteis para as portas, os quais se destacam quando, na posse da chave, estamos a metro e meio da porta. Uma mordomia digna de segmento superior.
Instrumentação digital em toda a gama
No interior, um mundo digital – de série! – enquadrado num tablier marcado pela originalidade, o qual pode ser revestido a alcantara ou pele sintética, num curioso entrelaçado de losangos desenvolvido a partir da estilizada sigla da marca. Os losangos dela retirados – solução muito modernaça, ousada e capaz de chocar os mais conservadores – são também utilizados para agrupar os comandos táteis e as saídas de ar frontais sob o grande ecrã central (10,3 polegadas), assumido tablet suspenso. Através deles controlamos os comandos ausentes do bonito volante multifunções em pele. Goste-se ou não, diferente.
A consola reproduz a lógica do DS7 já herdada do revolucionário do cockpit do DS5. Agrupa o quanto sobra, desde o comando dos modos de condução ao travão de parque eletrónico, incluindo os elevadores dos vidros, solução que por defeito e hábito acho sempre menos prática. Nada, com certeza, que o quotidiano não resolva…
Um apoio de braços deslizável (a boa altura), espaços suficientes para arrumação, contribuem para um ambiente de conforto em que assumem relevo os bancos, principalmente os dianteiros, bem desenhados, envolventes e com bom apoio lateral, revestidos a espuma de alta densidade, a qual contribui para um nível de conforto assinalável.
De tudo isto, em ambiente simpático e acolhedor, resulta excelente posição de condução, elevada como é comum, e com as regulações suficientes no banco e no volante. A largura à frente é boa, já a habitabilidade traseira fica-se pelo razoável, ainda que convenha lembrar estarmos face um SUV do segmento B. O espaço para as pernas e para conforto de um passageiro mais alto afina por cotas vulgares.
A bagageira também não é brilhante nos seus 350 litros de capacidade. Com os bancos traseiros rebatidos (60×40) a volumetria aumenta para 1550 litros. A modularidade é normal.
Nova plataforma e cinco motores
Construído sobre uma nova plataforma (CMP), multi-energias para albergar as baterias do modelo elétrico, suspensões independentes, o DS3 Crossback vai propor cinco motorizações a combustão. Três a gasolina, assentes nos três cilindros PureTech com 100, 130 e 155 cv; duas Diesel para o 1.5 BlueHDI com 100 e 130 cv. Só as duas opções menos potentes recorrem à caixa manual de seis velocidades, os restantes usam a transmissão automática de oito relações.
Guiei a versão mais potente a gasolina, quase sempre em sinuosas estradas de montanha, e a impressão que ficou foi a de um carro muito agradável, motor elástico q.b. e reativo aos pedidos do acelerador, com a caixa automática a fazer o suficiente para dispensar o recurso às patilhas no volante – já agora, com resposta razoável em termos de velocidade.
O compromisso de suspensão é muito bem doseado e, se já não surpreende pelo conforto, obviamente, impressiona pela firmeza que ainda assim se consegue, a qual permite curvar depressa com à-vontade, até por a carroçaria resistir às transferências de massas sem oscilações sensíveis. Um SUV ágil, com dinâmica interessante e a transmitir segurança. Conseguido! Como o nível de insonorização que ajuda a desfrutar melhor a comodidade a bordo.
Em termos de consumos, o percurso realizado não foi de molde a grandes resultados, mas entre a exigente montanha, alguma autoestrada e um pequeno percurso citadino, o computador de bordo registou a média geral de 8,5 litros aos 100.
A tentação Premium impõe, obviamente, um nível de equipamento superior. Como é natural, há uma graduação de acordo com os níveis de equipamento (seis), os quais se combinam com aquilo que a DS chama inspirações (cinco). E para se ter uma ideia de onde chega a oferta registe-se que o topo de gama incluirá faróis LED Matrix, luzes traseiras em LED, head-up-display, câmara traseira, sistema de manutenção em faixa e condução semi autónoma de nível 2, sistema áudio Focal com oito altifalantes, carregador sem fios para smartphone e, claro, jantes de 18 polegadas. Em toda a gama são de série a instrumentação digital, arranque mão livres, travão de estacionamento elétrico, sensor de luz, indicador de pressão de pneus, entre o muito mais exigível.
Um pequeno SUV para ver com atenção este DS3 Crossback que assume o posicionamento Premium, através de uma imagem apelativa e recheio com o toque de refinamento capaz de fazer a diferença. Cinco motores, muita tecnologia e seis escolhas de equipamento adaptadas ao gosto português. Aposta forte a partir de 27 500 euros
Elétrico no fim do ano
A versão elétrica E-Tense, conceção integral da marca, fica prometida para o fim do ano. Cor específica, Crystal Pearl, com poucas diferenças estéticas, além do para-choques traseiro, pesa mais 300 quilos, conta com uma bateria de iões de lítio de 50 Kw/h e um motor de 136 cv (260 Nm de binário máximo em modo Sport). Acelera de 0 a 100 em 8,7 segundos e a velocidade máxima será de 150 km/h.
Quanto a autonomia, a DS anuncia 320 km segundo a norma WLTP, resultado para o qual contribui uma bomba de calor de elevada performance. A carga da bateria, com recurso a uma wallbox de 11 Kw, pode fazer-se em cinco horas; num carregador rápido consegue-se 80% da carga em 30 minutos. Usando uma tomada normal, as contas apontam para cerca de oito horas.
Em França, o preço será de 39 mil euros. Para o mercado nacional não há previsão.
Esta a imagem em que a marca envolve o DS3 Crossback