Substituição da grelha torna a frente muito plástica (Foto Mercedes-Benz)

Bem proporcionado e bem assente nas jantes de 18 polegadas (Foto Mercedes-Benz)

Barra de Luz marca traseira muita limpa e simples (Foto Mercedes-Benz)

Estilo conhecido high-tech para ambiente agradável (Foto Mercedes-Benz)

Carregamento em wallbox a 11 kWh ou em posto público demora seis horas (Foto Mercedes-Benz)

Touchpad com apoio para o pulso domina a consola (Foto Mercedes-Benz)

Faróis em LED contemplam máximos adaptativos (Foto Mercedes-Benz)

Designação EQA muito simples na traseira (Foto Mercedes-Benz)

Bateria de iões de lítio com 66,5 kWh pesa 370 kg (Foto Mercedes-Benz)

Radiografia alemã para um tração dianteira elétrico (Foto Mercedes-Benz)

A Mercedes também empresta o brilho da estrela aos elétricos, e o EQA 250 é um SUV que ninguém deixará indiferente. Sobretudo pela eficácia do sistema e da motorização que tornam viáveis os 424 quilómetros de autonomia anunciada para um automóvel de 190 cv e 375 Nm de binário, com uma bateria de 66,5 kWh. Confortável, generoso no espaço, até tem um preço competitivo, €53 750 se prescindirmos daqueles extras que ajudam à diferença.

O EQA só podia ser um Mercedes. Pelas parecenças com o GLA, claro, no fundo por um estilo inconfundível. Equilibrado nas proporções, tem uma frente demasiado pesada para o meu gosto, com a grande massa plástica negra que substitui a grelha – mais marcante num carro branco… Elegante no perfil de cintura alta, apresenta um traseira muito limpa com uma barra de luz dominante, solução simples e vistosa para um portão sóbrio, muito alemão. Não faltam a bordadura negra em volta da carroçaria nem as barras no tejadilho, para vincar a imagem do SUV bem equilibrado nas jantes de 18 polegadas. Um Mercedes, e está tudo dito.

No interior, somos remetidos para os Classe A e B. A qualidade conhecida, uma boa escolha de materiais, decoração interessante que a iluminação interior valoriza na grande incrustação em frente do passageiro a sugerir fibra de carbono, material que é também utilizado nas portas.

O destaque vai para o grande painel que junta a instrumentação e o ecrã central, tal como no Classe A e B, e que marca pontos num sistema de infoentretenimento muito completo, ao qual acresce a informação própria dos elétricos, também ela bem apresentada graficamente. O sistema é intuitivo, tem leitura fácil e pode ser comandado também por um touchpad, ao qual acabamos por nos habituar. Domina a consola que integra os atalhos do ecrã central, o comando dos modos de condução e um rolete para o volume do rádio, do lado do passageiro. O travão de parque, “vício” antigo, está na parte inferior do tablier, à esquerda, atrás do bem dimensionado volante multifunções, com as patilhas para regular a regeneração e o pequeno braço com os comandos de marcha: D/R/P. Simples, prático, ergonomia exemplar.

Bem construído, confortável, espaço à medida do segmento, consumos que permitem pensar possível andar perto dos 400 quilómetros de autonomia sem problemas, prestações para quem não quer fazer corridas o EQA 250 é um elétrico bem feito e que cumpre com as tradições ligadas à estrela de três pontas

Em matéria de espaço, normal à frente, razoável na traseira onde vamos encontrar um banco mais alto em função das baterias sobre o piso da mesma plataforma dos “familiares” a combustão ou eletrificados… Não me pareceu que prejudicasse o conforto nem o acesso. O espaço para as pernas é o suficiente, os pés ainda passam sob o banco dianteiro, o túnel é baixo e como a consola, com duas saídas de ar, não é intrusiva, três pessoas até podem viajar menos mal.

Prejudicada com esta solução é a bagageira que oferece uma capacidade de 340 litros, menos 95 litros do que um GLA térmico ou menos 45 do que a versão Plug-in. Normal quando se pensa que a plataforma nasceu para outra motorização!

Sistema eficaz na regeneração de energia

Aquilo que mais impressiona na análise a uma experiência ao volante é verificar a eficácia do sistema elétrico, a capacidade de regeneração do EQA, sobretudo de usarmos o “mais forte” dos quatro modos que regulamos nas patilhas: há momentos em que até em aceleração moderada a bateria recebe ainda alguma carga. No máximo, a condução é ao estilo do e-pedal.

Num percurso suburbano de 60 quilómetros e com um consumo de 18,4 kWh, a que correspondeu uma velocidade normal, “ganhei” seus quilómetros, dez por cento, portanto, à custa da regeneração. E a informação de bordo esclarecia que a energia gasta fora 84% para a condução, 8% para o ar condicionado (que nunca desliguei) e mais 8 % para outros gastos energéticos.

Depois de percorridos 100 quilómetros e com 68% de carga na bateria o computador de bordo prometia mais 237 quilómetros de autonomia, isto quando o consumo já tinha subido, devido a algumas experiências que impunham outro andamento e outro esforço do motor.

Portanto, teria feito 337 quilómetros num EQA 250 que recebi com carga para uma autonomia anunciada de 358 quilómetros. Honesto!

Mas que experiências fizeram subir o consumo. Pois bem este EQA tem quatro modos de condução – Eco, Comfort, Sport e Individual (a afinação à medida de cada um). E foi em modo Sport que ajuizei das capacidades dinâmicas deste Mercedes 100% elétrico. Ora, quando precisa de 8,9 segundos para acelerar de 0 a 100, não devem esperar-se prestações de espantar. De todo o modo, o binário de 375 Nm é o suficiente para uma resposta convincente, útil numa ultrapassagem e suficiente para deixar satisfeitos os adeptos das “poules” nos semáforos.

Comportamento honesto e vocação de estradista

Sujeito a condução mais exigente em estrada estreita e ziguezagueante, o EQA, tração dianteira, porta-se com pundonor e para isso muito contribui uma direção bem medida. Acusa o peso (e as baterias significam mais 370 quilos), as transferências de massa mais exigentes deixam perceber a altura da carroçaria e traduzem-se num balanceamento que, apesar de tudo, nunca é exagerado. Nota-se pouco a intervenção da eletrónica para conter excessos, até porque a frente é ”bem mandada”.

Naturalmente, esta não é a praia do EQA, um estradista confortável, também, é claro, por via do silêncio próprio dos elétricos, de uma insonorização que minimiza o ruído do rolamento e de uma aerodinâmica que nos poupa daqueles silvos tão vulgares. E como as últimas imagens são as que perduram, aí têm um elétrico capaz de convencer quem já está rendido à tecnologia e, seguramente, muitos daqueles que fizerem uma primeira aproximação.

Bem construído, confortável, espaço à medida do segmento, consumos que permitem pensar possível andar perto dos 400 quilómetros de autonomia sem problemas, prestações para quem não quer fazer corridas o EQA 250 é um elétrico bem feito e que cumpre com as tradições ligadas à estrela de três pontas.

Quanto a carregamento, numa tomada doméstica, 30 horas; com uma wallbox de 11 kWh ou num posto público, seis horas. O carregamento rápido faz-se em meia hora para os habituais 80% da capacidade.

A unidade ensaiada estava “carregada” com mais de 6 500 euros de extras, o que ajuda, e de que maneira, a viver de outra forma o ambiente a bordo de um Mercedes. Desde logo, a linha AMG, que encarece a oferta em 3 821 euros, ou o teto de abrir panorâmico, mais 1778 euros. De resto, entre muito mais, bancos desportivos em pele, assistente ativo de travagem, sensores de luz e chuva, assistente de ângulo morto, navegação, bluetooth, rádio digital, antena GPS, cruise control, suspensão conforto, luzes em LED com máximos automáticos adaptativos, ar condicionado automático, iluminação interior circundante, embaladeiras iluminadas, portão traseiro elétrico, câmara de marcha atrás com guias e assistente de de estacionamento, sistemas de carregamento AC e DC 24 kW, jantes AMG de 18 polegadas.

FICHA TÉCNICA

Mercedes EQA 250

Motor: elétrico

Potência: 190 cv

Binário: 375 Nm

Bateria: 66,5 kWh, iões de lítio

Transmissão: velocidade única

Aceleração 0-100: 8,9 segundos

Velocidade máxima: 190 km/h

Consumos: 17,9 kWh

Autonomia: 424 km

Carregamento: tomada doméstica, 30 horas; a 11 kWh, seis horas; posto rápido (80%), 30 minutos

Peso: 2 040 km

Dimensões: c/l/a) – 4 463/1 849/ 1 620 mm

Bagageira: 340/1 320 litros

Preço: €60 299, versão ensaiada; desde, € 53 750