Os monovolumes têm vindo a perder expressão no mercado. O argumento dos sete lugares alargou-se aos grandes SUV e o resultado está à vista. De todo o modo, a oferta continua viva e um dos modelos que tem feito história, o Ford S-Max, aí está a provar o motivo pelo qual o construtor norte-americano, ao que consta, nem tem ideias de o descontinuar no médio prazo, ao contrário do que se houve relativamente a alguns concorrentes.
O S-Max regista percurso interessante em Portugal e entre os vários argumentos que podem justificá-lo conta-se, seguramente, o estilo, mais marcante porque não parece fácil ser original. Ora, o monovolume da Ford afirmou-se e continua a afirmar-se pela personalidade que evidencia, uma combinação interessante entre o moderno e o sóbrio, conseguida mesmo alguma elegância e um certo ar desportivo. Salta à vista mesmo de quem não é fã do género – e é o meu caso!
Sistema prático
Não importa dissertar sobe a utilidade de um monovolume ou mesmo da generalidade da oferta dos sete lugares – trata-se de escolha ponderada e condicionada por necessidades especiais. Os dois bancos traseiros são, antes de mais, para mim, um recurso, quando se trata de transportar adultos, principalmente por causa dos joelhos que ficam muito elevados; talvez algo divertido para os mais pequenos, que sentirão menos a falta de espaço e uma comodidade limitada, por melhor que seja a boa vontade. Mas regista-se a facilidade da operação de levantar os bancos (encaixados num fundo plano, claro), mas também a necessidade de avançar o banco central (tem um curso de 16 cm), roubando também desafogo a quem viaja no “meio”, num carro que até é espaçoso quando utilizado com cinco passageiros. Os bancos ao lado das portas basculam para facilitar o acesso e, como é comum, o lugar central rebate as costas para a frente.
Quanto a mala, já se sabe, tudo bem com cinco lugares (700 litros), grandes condicionamentos com a terceira fila de bancos ativa: sobram qualquer coisa como 27 cm, pouco mais de um palmo, espaço quase sem significado.
Arrumar tudo isto num automóvel implica dimensões consideráveis, quase cinco metros (4,80) e largura considerável (1,92 m). Daí, outro aspeto menos bom a considerar comum aos monovolumes, alguma falta de agilidade nas vias citadinas mais estreitas e estacionamento quase sempre problemático. É o preço de uma escolha!
A forma mais individualista da Ford, simbolizada no logótipo Vignale, para monovolume com passado e a prometer futuro
Qualidade e prazer de condução
Em termos de qualidade, nada a apontar. Num ambiente que nos transporta para um estilo muito próprio da Ford, bons materiais, qualidade percebida e, como foi o caso numa versão Vignale, o toque de exclusividade próprio de um automóvel que tem acabamento à mão a cargo de seis especialistas na fábrica de Valência! O conceito implica grelha hexagonal de assinatura, cores exclusivas, bancos acolchoados em couro Windsor, com costuras smoking… Registe-se que a ergonomia também dispensa críticas.

… o nível Vignale ajuda, é uma tentação – sem retorno, pois quando nos habituamos a muito “disto” é difícil voltar atrás

O Controlo Ativo do Ruído é outro exclusivo e este marcante quando passamos à prática. 0 2.0 litros Diesel com 180 cavalos e caixa automática de seis velocidades (PowerShift), impressiona pelo silêncio a bordo que mais acentua a suavidade de marcha. É elevado o nível de conforto neste S-Max que, face às dimensões, surpreende pela agilidade em estrada e também pelo comportamento, em que se destaca, atendendo à altura (1,66m), a resistência às transferências de massas, sem que isso penalize o elevado conforto a bordo. É um dos pormenores que não se esquece.
Quanto a prestações, uma proposta razoável: 9,5 segundos de 0 a 100 e 208 km/h em velocidade de ponta “assentam” bem num carro deste estilo e com utilização muito específica. Já os consumos não impressionam tanto. Talvez a Ford conseguisse outros resultados com uma caixa mais desmultiplicada, como hoje começa a ser comum na concorrência. A média de 5 litros aos 100 pareceu-nos distante da realidade. Mas também é verdade que o S-Max mexe-se tão bem, e o binário, sem ser esmagador, facilita tanto a condução que não somos convidados a poupar!

 

Equipamento tentador
Para viver tudo isto da melhor forma, o nível Vignale ajuda, é uma tentação – sem retorno, pois quanto nos habituamos a muito “disto” é difícil voltar atrás… Ora tome nota: retrovisores elétricos aquecidos e com memória, faróis de nevoeiro, embaladeiras Vignale, ar condicionado automático, bancos (desportivos à frente) e forro das portas em couro, travão de parque elétrico, assistência à manutenção de faixa, câmara traseira, limitador de velocidade inteligente com reconhecimento de sinais, start/stop, botão Ford Power, assistência ao arranque em subidas. A versão ensaiada acrescentava vidros escurecidos (198€), alarme de perímetro (285€), jantes em liga de 19 polegadas (610€), abertura e fecho automático do portão da bagageira (407€). Para fazer verdadeiramente a diferença, há, no entanto, o Pack Driver Plus com suspensão adaptativa, cruise control adaptativo, assistência pré-colisão com reconhecimento de peões, deteção de ângulo morto, coluna de direção ajustável eletricamente com memória e volante multifunções aquecido (915€), além de navegação com ecrã tátil de 8 polegadas incluindo sistema áudio Sony com 12 colunas e câmaras frontal de 180 graus e traseira (203€). Uma brincadeira que custa 2949€… Mas que faz muita diferença não resta a mínima dúvida! Experimente.
FICHA TÉCNICA
Ford S-Max Vignale 2.0 TDCi 180 cv
Motor: 1997 cc, turbodiesel
Potência: 180 cv
Binário máximo: 400 Nm/200-2500 rpm
Transmissão: caixa automática, seis velocidades
Aceleração 0-100: 9,5 s
Velocidade máxima: 208 km/h
Consumos: média – 5 l/100; estrada – 4,6; urbano – 5,6
Emissões CO2: 134 g/km
Mala: 700 litros
Preço: 55 631€ (versão ensaiada): base – 52 682€