Cumpre, convence e ainda tem preço razoável (a partir dos 35 mil euros), se considerarmos o estatuto associado à marca. Em poucas palavras, aí temos o Volvo XC40 T3, a versão mais barata dos SUV do emblema sueco, Carro do Ano Internacional em 2018. Gasolina, pois claro, 1.5 turbo de três cilindros, caixa manual e 156 cv. O suficiente, é verdade, mas não para entusiasmar, enquanto máquina e nos consumos.

Guiei a versão R Design, topo de gama, que altera as coisas tanto quanto podem fazer cerca de mais cinco mil euros de equipamento e qualquer coisa 12 mil euros além do preço base… Tudo isto melhora a oferta e a imagem de um automóvel conseguido, nas formas e nas proporções. Elegante e vistoso, o mais pequeno SUV da Volvo, ostenta as receitas próprias do conceituado emblema em pormenores marcantes, passeia classe, tem pedigree. Distingue-se, não passa despercebido!

Por dento, ser topo de gama também beneficia as coisas na decoração, e que importante é um ambiente de encher o olho, moderno e fiel à sobriedade da escola de design nórdica. Nem foi preciso procurar a opulência para dar outra expressão a um tablier bem desenhado e a um ambiente que comunica aquela expressão de qualidade dos produtos de nível superior. Materiais, montagem, acabamento e pormenor conseguem a combinação que inspira confiança. Não é surpresa, mas tem de ser registado. Numa palavra: bom!

proposta interessante para quem pretenda um produto com estatuto e inquestionável qualidade, confortável, honesto em termos de espaço, na motorização e nas prestações, menos económico do que sempre se espera,  surpresa apenas para quem já esqueceu haver grande diferença entre os consumos dos motores a gasóleo e a gasolina

Construído sobre uma nova plataforma (CMA – Compact Modular Architectura, desenvolvida já com a chinesa Geely), 4,42 metros de comprimento, 2,034 de largura e 1,68 de altura, o XC40 também satisfaz em termos de espaço, aproveitando os 2,702 m de distância entre eixos: desafogo à frente, largueza q.b. atrás, especialmente para as pernas, se aceitarmos que os cinco lugares são hoje, regra geral, solução mais de recurso do que para utilização corrente. Reparo, de todo o modo, para o estofo traseiro que podia ser mais recetivo ao peso do tronco – diz quem está habituado a sentar-se atrás…

Bagageira com boa capacidade

A bagageira está ao nível da concorrência Premium, com 460 litros de capacidade que chegam aos 1336 com os bancos traseiros rebatidos (60×40). Além dos fechos nos ombros dos bancos, duas teclas na parede da mala acionam o rebatimento que cria um fundo plano de razoáveis dimensões. O plano de carga é um nadinha elevado mas tem a vantagem de alinhar com a moldura do portão traseiro, o qual abre praticamente a toda a largura, pormenores importantes no ato de carregar a bagagem. Muito prático o fundo de tampa articulada, cobertura de compartimentos para pequenos arrumos e onde se encontra o kit anti-furos. A chapeleira rígida funciona em articulação com o portão.

Ao volante estamos ainda em posição mais elevada do que é habitual nos SUV. Rapidamente nos habituamos, porque sentimo-nos bem sentados, os bancos têm apoio razoável, a regulação do volante não põe problemas, está tudo à mão e o apoio de braços sobre caixa de capacidade interessante que prolonga a consola não incomoda. Tudo, que não é muito no tocante a botões, além dos comandos tradicionais – na linha minimalista que faz escola. O ecrã tátil vertical típico da Volvo (9 polegadas), de utilização razoavelmente intuitiva, concentra quase tudo. Na consola, travão de mão elétrico com auto-hold e, entre outros, comando dos quatro modos de condução.

No que respeita à dinâmica, o XC40 é um SUV de condução muito agradável ­– bom estradista e civilizado na cidade, onde alardeia agilidade razoável. De todo o modo, este é um automóvel marcado por uma escolha que privilegiou o conforto de marcha, através de suspensão (independente, multibraços atrás) muito branda, mesmo neste R Design que oferece compromisso mais desportivo. O facto é que, incluindo o modo Dynamic (os outros são Off-Road, Eco e Confort), nunca vamos encontrar um automóvel muito incisivo a curvar. A direção leve, muito suavizada e logo pouco direta, contribui também para isso, tornando mais notório o esperado comportamento subvirador e o balanceamento da carroçaria em consequência da sua altura. Nada que assuste ou ponha em causa a segurança nas transferências de massas mais exigentes. O XC40 “acama” ligeiramente e segue caminho.

Motor surpreende a baixa rotação

O moderno três cilindros 1.5 turbo, impercetível em termos de ruído ou vibrações, lida bem com os 1775 deste Volvo. Surpreende até na voluntariedade demonstrada a baixa rotação, pelo menos nas primeiras relações, com relevo para a quarta. A retomada de aceleração é honesta para um automóvel de 156 cv e 265 Nm de binário. Não se espere, porém, resposta explosiva, mesmo que as prestações sejam interessantes: 9,4 segundos de 0 a 100 e 200 km/h em velocidade de ponta. Uma caixa manual de seis velocidades de escalonamentos longos, mais notado em quinta e sexta, explica o tipo de resposta.

No que respeita a consumos e, como de um modo geral sucede com este tipo de motorização, nada que surpreenda. Consegui 8,2 litros aos 100 na estrada com quatro pessoas a bordo. Na condução suburbana, em dia de filas e esperas, o computador registou 8,4. A média global indicada no computador de bordo para 323 quilómetros foi de 9,3. Sempre mais do que o prometido.

A diferença de preço considerável do R Design e da versão ensaiada (mais de cinco mil euros) deve-se, claro, ao equipamento que traz a este muito XC40 daquilo que se exige num automóvel deste nível. O pacote original integra as inserções decorativas e o volante em couro R Design, estofos em Nubuk/couro, faróis LED Mid, projetores de nevoeiro, painel digital de 12,3 polegadas e ecrã central de nove, navegação, Bluetooth, cruise-control com limitador de velocidade, avisador de risco de colisão frontal, assistente de manutenção na faixa de rodagem, sensores de luz, chuva e estacionamento atrás, câmara traseira, assistência ao arranque em subida, controlo de descida, ar condicionado automático simples, sistema áudio high performance, carregamento de telemóvel por indução, kit de reparação de pneus. Mas no caso, e a fazer diferença, bagageira elétrica e rede proteção de carga, tomada de 12 V na mala, retrovisores rebatíveis elétricos e antinencandeamento, bancos dianteiros com comando elétrico, teto panorâmico elétrico e ar condicionado bizona.

Enfim, uma proposta interessante para quem pretenda um produto com estatuto e inquestionável qualidade, confortável, honesto em termos de espaço, na motorização e nas prestações, menos económico do que sempre se espera, surpresa apenas para quem já esqueceu haver grande diferença entre os consumos dos motores a gasóleo e a gasolina. No que respeita ao equipamento, depende da  bolsa e das aspirações de cada um… Mas que a proposta democratiza o XC40, disso não há dúvida.

O lado urbano (e jovem) do XC40 na ótica da Volvo

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FICHA TÉCNICA

Volvo XC40 T3 R Design Tech Edition*

Motor: gasolina, turbo, 1477 cc, 3 cilindros, injeção direta, intercooler
Potência: 156 cv/5000 rpm
Binário máximo: 260 Nm /1860-3840 rpm
Transmissão: caixa manual de seis velocidades
Aceleração 0-100 km/h: 9,4 segundos
Velocidade máxima: 200 km/h
Consumos: média – 7,1 litros/100
Emissões de CO2: 144 g/km
Bagageira: 460 –1336 litros
Preço: versão ensaiada – 47 294 euros; Tech Edition – 41 925 euros; versão base – 35 000 euros

*Concorrente ao Essilor Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal (Categoria SUV Compacto)