Os automóveis híbridos já têm uma história com 20 anos e dominada pela Toyota que, em 1997, introduziu o Prius no mercado e abriu uma nova era na mobilidade. O ceticismo era muito, as preocupações ambientais não tinham o relevo que hoje lhes damos, e a aposta foi recebida assim como uma aventura. Só a também japonesa Honda parecia partilhar os princípios/ideais da Toyota, o que alguns até viram como sinónimo de uma competição interna e da atenção dispensada por ambas ao mercado norte-americano, onde a Califórnia já apontava para preocupações que nem todos levaram muito a sério e previam limitações severas à poluição automóvel.
Quando os elétricos parecem uma obrigação para todos os construtores e até um rumo “superiormente” traçado (como considera Carlos Tavares, presidente do Grupo PSA) e quando, outra vez a Toyota se antecipa e comercializa o primeiro automóvel em série a hidrogénio, o Mirai, é interessante refletir sobre a importância desta aposta nos híbridos, que, entretanto, entraram na oferta de muitas marcas, designadamente os emblemas premium, os quais se têm empenhado bastante na tecnologia.
Gama com 33 modelos
Ora, a Toyota já vai na quarta geração do Prius, também pioneiro no conceito Plug-in, tem generalizado as opções híbridas na sua gama – Auris, Yaris, RAV-4, C-HR – a ponto de oferecer em todo o mundo 33 modelos com esta tecnologia, da qual é rainha e senhora, guardando para si quase 86 por cento das vendas globais. Em 2016 acrescentou 295 mil híbridos, entre eles 74 300 Lexus aos resultados desta liderança traduzida, ao cabo de duas décadas, em dez milhões de automóveis (!), dos quais mais de 3,9 milhões são Prius.
Esta aposta bem sucedida encaixa ainda noutra decisão que sugere nova importante antecipação face ao que o futuro nos parece reservar: em 2013 as motorizações diesel deixaram de fazer parte da oferta da Lexus… segunda marca da casa e o seu emblema de luxo.
Híbridos da gama Toyota garantem funcionamento elétrico em 55% do tempo de utilização e 37% da distância percorrida
No mundo Toyota da mobilidade limpa, os veículos elétricos não deixam de contar. Mas há um caminho em que lhes está reservada uma utilização sobretudo urbana e suburbana, parte da qual até poderá ser satisfeita com modelos Plug-in mais evoluídos. Todos acreditamos, e eles também, que as baterias vão garantir mais autonomia.
O futuro, de todo o modo, para o grande construtor japonês é a pilha de combustível, o hidrogénio e as previsões apontam já para a produção de 30 mil Mirai em 2020, o que significa decuplicar o ritmo atual. A aposta é de tal forma séria que o construtor partilha gratuitamente as 5680 patentes registadas que levaram ao Mirai.
Muito empenho no hidrogénio
Este caminho não é trilhado a sós. Alemanha, Grã-Bretanha, Dinamarca, Bélgica, Suécia, Noruega, Holanda e, claro, Japão contam-se entre os países que investem nas redes de abastecimento de hidrogénio para os automóveis a pilha de combustível. Foi mesmo criado o chamado “Conselho do Hidrogénio”, no qual a Toyota tem a companhia de BMW, Daimler, Honda e Hyundai, além dos fornecedores do gás para a pilha de combustível.
Até se chegar a essa meta das emissões zero, porque o hidrogénio é para ser utilizado também nos grandes veículos de transporte, vai haver muito espaço para os híbridos, cada vez mais híbridos – 15 milhões em 2020 na estimativa do construtor – e se dúvidas houvesse face à sua importância enquanto veículos mais amigos do ambiente registem-se os números da evolução conseguida pela Toyota em termos de consumos de gasolina e emissões de CO2.Os estudos da marca dizem que um Prius da primeira geração, ainda com um motor a gasolina de 1500 cc gastava 5,1 litros aos 100 e emitia 120 g/km de CO2; 20 anos depois, a média de consumo, e quando o motor já tem 1800 cc, baixou para 3 litros aos 100 e as emissões para 70 g/km. No total, foram emitidas menos 77 milhões de toneladas de C02!
Entretanto, os restantes híbridos da gama Toyota garantem funcionamento elétrico em 55 por cento do tempo de utilização e 37 por cento na distância percorrida, de acordo com o resultado de 45 mil testes e 550 mil quilómetros percorridos em estradas europeias. É uma questão de (re)aprender a conduzir.
(Nem é difícil, como pode comprovar aqui mesmo, em “Experiências”, onde falo da condução e dos consumos do C-HR)