Praga é uma cidade na moda e com muito para ver. E nos seus arredores, em Mladá Boleslav, três quartos de hora de passeio numa boa autoestrada, encontra o museu da Skoda, se não sabe, uma das mais antigas marcas automóveis do mundo, com 120 anos já celebrados.
O museu da marca checa é um interessante repositório da história automóvel no leste da Europa e proporciona uma série de surpresas a quem gosta do mundo motorizado. Dimensão mediana, bem estruturado, leva-nos numa cativante viagem, desde os dias gloriosos do princípio do Século XIX, aos tempos complicados do comunismo, quando ter um Skoda implicava para os então checoslovacos seis anos de espera!
A Skoda nasceu pela mão de um livreiro, Vaclac Laurin, o qual um dia, insatisfeito com a falta de resposta às reclamações sobre a qualidade da sua bicicleta importada, resolveu tornar-se construtor. Encontrou um sócio com o talento mecânico de que precisava, Vaclav Klement e, em 1895, sob a marca Slavia, lançaram o velocípede que até foi exportado e pode ver-se no museu.

A força da Skoda, passadas as horas difíceis, no final da Grande Guerra, foi tão significativa que até a famí­lia imperial japonesa teve um carro da marca

Daí à bicicleta motorizada, com o símbolo L&K – várias e verdadeiras preciosidades do engenho, também expostas – bastaram três anos. Pelo caminho, imagine-se, ficou inclusivamente a vitória numa corrida internacional de motos em França…
O passo decisivo estava guardado para 1905, ano em que começaram a rolar os primeiros automóveis, as “voiturette” que começaram a ser produzidas em série, numa linha ainda rudimentar que havia de adaptar-se aos princípios estabelecidos por Henry Ford do outro lado do Atlântico – 85 automóveis por dia em 1930!
A força da Skoda, passadas as horas difíceis, no final da Grande Guerra, foi tão significativa que até a família imperial japonesa teve um carro da marca, numa época em que os modelos se sucediam com rapidez e a produção se estendia aos camiões e autocarros.
Muitos exemplares de uma diversificada produção podem ver-se em Mladá Boleslav, onde também há um espaço reservado para mostrar o incrível trabalho ali feito na recuperação destas preciosidades, que combinavam a madeira com chapa, as peles e outros requintes obrigatórios em automóveis verdadeiramente feitos a mão.
A curiosidade maior está sempre reservada para os automóveis do período comunista e, entre esses, o Octavia que a ditadura deixava comercializar em Portugal. O Octavia que a Skoda até quis levar para os Estados Unidos, valeu mesmo uma campanha publicitária com a Miss EUA, mas ficou-se por poucas centenas de unidades vendidas, uma vez que não houve capacidade de resposta para a dimensão da encomenda feita pelos norte-americanos.
Numa manhã bem passada é isto e muito mais que fica a saber, no caso de não perder o filme de meia hora que conta uma história bem curiosa sobre a Skoda, hoje a quarta marca do gigantesco Grupo Volkswagen. E depois, até pode ficar a discutir o que viu num almoço no restaurante do museu, no qual, se tiver coragem, pode desfrutar de um suculento goulash.
Como ir
O Museu Skoda fica na Vaclava Klementa, 294, em Mladá Boleslav, a norte de Praga, e está aberto todos os dias entre as 9 e as 17 horas. Se for de carro, toma a E65 e basta usar as seguintes coordenadas de GPS: 50º25’7.615”N/14º54’50.838”E.
A entrada custa 70 coroas checas (cerca de 3€), as crianças até aos 6 anos não pagam e os estudantes, jovens até aos 15 anos e maiores de 65 têm 50% de desconto.
Se quiser pode aproveitar e fazer uma visita guiada que o leva também a conhecer a fábrica local da Skoda (cerca de 9€).
Outras informações e mesmo uma visita virtual são possíveis através de muzeum.skoda-auto.com