Continua a ser o citadino que não surpreende, com aquele ar de monovolume muito simples e pensado, antes de tudo, para ser prático. Habitabilidade invejável, modularidade sem paralelo ganha outro fulgor com a economia efetiva de uma motorização híbrida. O Honda Jazz HEV revela-se uma proposta convincente. Muitos poderão achar caro o preço na casa dos 25 500€, de certo modo compensado pela versão única bem equipada. Para mim, fica a ideia de um investimento racional!

Estes quatro metros de utilidade dispensam grandes prestações. Equipado com um 1500 de quatro quatro cilindros a gasolina, a par com dois motores elétrico, um deles gerador, 109 cv geridos pela inevitável transmissão CVT, o Jazz até se mostra despachadinho e tem prestações honestas: 9,5 segundos de 0 a 100 e 175 km/h em velocidade de ponta. Mas isso é, afinal, o que menos conta quando se constata, sem surpresa, que a experiência da Honda nos híbridos valoriza tudo isto com consumos interessantes e que podem até ser surpreendentes se houver a preocupação de fazer da poupança objectivo.

A média geral do carro que guiei ficou-se pelos 4,8 litros aos 100. Em autoestrada, com o cruise-control adaptativo nos 120, chuva e muito tráfego, o computador de bordo registou 5,5, praticamente o mesmo veriificado no percurso suburbano, também em condições de muito trânsito e mau tempo. Marcante foi o número de vezes, principalmente na circulação citadina, em que acendeu a luz verde do funcionamento 100 por cento elétrico. E claro, nada se sente, a gestão do sistema é impecável.

O Honda Jazz é o citadino para provar que a estética pode não ser tudo na escolha de um automóvel. É uma lição sobre a aplicação do prático no automóvel e um achado em termos de habitabilidade e versatilidade. A motorização híbrida traz a mais valia que valoriza o produto nipónico

Ora, números a ter em conta, até quando exagerei no andamento para avaliar a fibra deste Jazz ajudado pelo “empurrão” do motor elétrico e o consumo chegou aos 5,8. Neste tipo de utilização, a caixa CVT, até então suave e discreta, deu “a cor de si”, com o volume da sonoridade e aquela típica sensação de arrasto, ainda assim bem “camuflada. É mesmo assim com a solução que os japoneses elegeram, dominam, continuam a melhorar, e meio mundo aceita como natural.

Dinâmica honesto e conforto de bom nível

A estes valores corresponde um comportamento dinâmico discreto e honesto. Compostinho a curvar, resposta equilibrada nas zonas sinuosas, boa resistência à transferência de massas sem grandes balanceamentos no habitáculo, mesmo em piso molhado não dei pelo ESP, ao contrário do que sucedeu com o mais alto Crosstar. E tudo isto corre com um nível de conforto que vai uns furos acima do que seria de esperar. A direção é um compromisso ajustado a este tipo de automóvel. Não é justo pedir mais e a receita tem condimento saudável.

Tudo isto valoriza aquilo que já colocava o Jazz num plano especial e faz dele um daqueles automóveis desejado e escolhido por valores que não a estética em primeiro lugar! A simplicidade é a nota também no interior, onde houve a preocupação de almofadar os plásticos – omnipresentes – onde fazia sentido. Tablier em que se destaca o segundo porta-luvas, as pequenas caixas nos extremos e o digital simplificado do pequeno painel de instrumentos e do ecrã central com software que é do melhor entre os japoneses. Um ambiente que faz jus ao conjunto, passa por um volante maior do que parece necessário, bancos simples com um mínimo de apoio lateral mas eficaz, apoio de braços na consola com caixa para arrumos, porta copos e espaço para o telemóvel. Tudo quanto é necessário, como as entradas USB. Prático, tudo prático!

Habitabilidade e versatilidade notáveis

O espaço à frente é a medida exigível, mas o depósito de gasolina sob os bancos, para maximar a habitabilidade em face da presença da bateria, penaliza alguns movimentos, daqueles menos naturais, é verdade, como recuar os pés. Atrás, um achado, habitabilidade notável num automóvel destas dimensões, com espaço de sobra para as pernas e uma altura ao tejadilho que assegura desafogo até para gente mais alta. E como o túnel é praticamente inexistente, não fosse a largura e a ligeira intrusão da consola, o quinto passageiro respirava à-vontade. O acesso não põe problemas.

Quanto à bagageira, 304 litros que vão até aos 1205 com os bancos rebatidos. Há um pequeno alçapão sob o fundo (tem o kit de reparação de pneus), pouco desnivelado com a moldura do portão, esta a pouca altura do solo o que facilita o carregamento. Depois, são os “bancos mágicos” e o que se sabe desta engenhosa solução da Honda que valoriza sobremaneira a versatilidade do Jazz. Outra vez, prático, tudo prático.

Equipamento “equilibra” o preço

No que respeita a equipamento, um pacote invejável para este Jazz Executive: informação de ângulo morto e monitor de trânsito lateral, sistema de travagem atenuante de colisões, cruise control inteligente e limitador de velocidade, assistência à manutenção na faixa de rodagem, função de seguimento a baixa velocidade, modo Economia, travão elétrico, espelhos retrovisores com retração elétrica, bancos dianteiros e volante aquecidos, “bancos mágicos”, sensores de estacionamento e câmara traseira, ecrã tátil de 9 polegadas, ar condicionado, navegação, conetividade Apple Carplay e Android Auto, Bluetooth, rádio DAB, comandos de áudio no volante em pele, entradas USB à frente e atrás, wireless Aplle Carplay, faróis automáticos, luzes diurnas em LED, vidros escurecidos, kit de reparação de pneus, jantes 16.

O Honda Jazz é o citadino para provar que a estética pode não ser tudo na escolha de um automóvel. É uma lição sobre a aplicação do prático no automóvel e um achado em termos de habitabilidade e versatilidade. A motorização híbrida traz a mais valia que valoriza o produto nipónico.

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS

Honda Jazz HEV Executive*

Motor: 1498 cc, injeção direta, gasolina, Ciclo Atkinson; dois motores elétricos, um deles gerador

Potência: 98 cv/5500–6400 rpm

Binário máximo: 131 Nm/4500–5000 rpm

Motor elétrico: 109 cv

Binário: 231 Nm

Bateria: iões de lítio (menos de 1 kWh)

Transmissão: caixa de variação continua, eletrónica

Aceleração 0-100: 9,5 segundos

Velocidade máxima: 175 km/h

Consumo: média WLTP – 4,6 litros/100 Km

Emissões CO2: combinado WLTP – 84 g/km

Dimensões: (C/L/A)  – 4044/1694/1526 mm

Bagageira: 304/1205 litros

Preço: 25 596€, com campanha

*Concorrente ao Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal, também candidato a melhor familiar