Entra agora na terceira geração, tem evoluído na estética e no espaço mas, para mim, são a qualidade de construção e o chassis a marcar o Hyundai i20 pela positiva. Guiei a motorização de entrada, a cargo do “velhinho” 1.2 MPI de 84 cv, a nota menos marcante. Cumpre, mas falta-lhe algum fulgor. Vantagens, rola bem, é cómodo e está menos guloso. O preço é de combate: cerca de 16 000€.

Já premiado na Alemanha, este i20 é um modelo de conquista em termos estéticos. Abre um novo ciclo no design da Hyundai. Imagem mais desportiva, frente agressiva, faróis bem integrados, grelha proeminente e duas grandes entradas de ar laterais; perfil de cintura bem vincada e a curiosidade de a custódia do pilar C surgir com um triângulo que prolonga a superfície vidrada, solução que aligeira um perfil muito fluido. A traseira é um curioso jogo entre as óticas modernaças, como dois “Z” ao estilo de rabisco de assinatura, e os refletores que as unem, como é cada vez mais habitual, mais uma barra negra que parece ampliar o óculo rodeado pelo defletor aerodinâmico. Muito diferente e original

Ligeiramente mais comprido (5 cm) e mais baixo este i20 ganha também no equilíbrio das proporções e também ajuda a maior distânciaentre eixos, influente na postura em estrada e, claro na habitabilidade – já lá iremos.

O interior, é um exercício conseguido no sentido da modernidade em torno da preocupação de sugerir mais espaço, que também se sente. Solução simples, horizontalização do design, tablier alto, dominado pelo prolongamento das grelhas da distribuição de ar. Não é novo, mas é bem feito, a exemplo do que acontece com a superfície ao estilo de rede que envolve as colunas de som nas portas. Interessante.

Este Hyundai i20 com o motor 1.2 a gasolina de 84 cv é o automóvel para automobilistas sem pressas, que fazem contas aos consumos e pretendem tudo isto num ambiente de conforto e  espaço. A qualidade de construção é assinalável e o chassis ajuda a respirar segurança

Painel digital, com grafismo interessante e ecrã central flutuante, este representando mais um salto na conetividade mesmo que simples demais no software, são elementos em destaque num conjunto todo ele marcado pelo plástico. Mas a uma construção convincente corresponde uma escolha de materiais criteriosa nas superfícies variadas, sedosas onde devem ser. Afinal, convém não esquecer, este é um produto do segmento B. O plástico faz parte… Uns apontamentos em tecido, que amenizariam o ambiente, nem nos apoios de braços das portas. É pena.

Mais espaço atrás e na bagageira

Em temos de habitabilidade, ao desafogo da  dianteira, com um apoio de braços daqueles que têm a altura certa e uma caixa para arrumos razoável, acresce espaço beneficiado para quem se senta atrás (+8,8 cm para as pernas), tejadilho suficientemente alto e um acesso fácil. O túnel central é muito baixo, o i20 ganhou em largura, ainda assim, mesmo que a consola não seja intrusiva, os cinco passageiros da lotação, quanto a mim, não devem gostar de fazer grandes viagens…

A bagageira ganhou em capacidade, tem agora 351 litros (+26), mas sob o fundo só há o espaço para quem quiser um pneu sobresselente de recurso. Os bancos rebatem na proporção 60X40 e dispensando os lugares traseiros chega-se a uma capacidade de 1165 litros. Honesto para um automóvel de quatro metros. A registar que o portão está em plano elevado e que o desnível entre a moldura e o fundo é grande, pedindo mais força nas operações de carga e descarga.

Motor acusa a idade

Enfim, em termos de motor, a banalidade. O 1.2 MPI, quatro cilindros normalmente aspirado, debita 84 cv, tem um binário generoso, mas antes das 3000 rpm revela pouca alma e em andamento contido pede muito recurso à caixa de cinco velocidades.

Uma vez encontrado o ritmo, é um rolador agradável, ágil, também a deixar perceber a excelência do chassis que o deixa curvar com desenvoltura a registar nas estradas mais exigentes. Percebe-se que pode muito mais!

No que respeita a consumos, números honestos. Em autoestrada, com o cruise control nos 120 km/h, o computador de bordo assinalou 5,6 litros aos 100. No suburbano, com mau tempo e algum tráfego, registei 6,6. A média final foi de 6,3 litros aos 100, incluindo alguns percursos em ritmo mais elevado.

A versão ensaiada foi o i20 Comfort que inclui painel digital a cores de 10,25”, ecrã tátil de 8,8” compatível com Apple CarPlay e Android Auto, ar condicionado manual, faróis em halogéneo, luzes diurnas em LED, travagem autónoma de emergência, sistema de manutenção na faixa de rodagem, câmara traseira com guias de estacionamento e sensores, alerta de arranque do veículo dianteiro, jantes em liga leve de 16 polegadas.

Este i20 com o motor 1.2 a gasolina de 84 cv é o automóvel para automobilistas sem pressas, que fazem contas aos consumos e pretendem tudo isto num ambiente de conforto e  espaço. A qualidade de construção é assinalável e o chassis ajuda a respirar segurança.

A Hyundai continua a política dos sete anos de garantia.

FICHA TÉCNICA

Hyundai i20 1.2 MPI Comfort

Motor: 1197 cc, gasolina, injeção direta, start&stop

Potência: 84 cv/6000 rpm

Binário máximo: 118 Nm/4200 rpm

Transmissão: caixa manual de cinco velocidades

Aceleração 0-100: 13,1 s

Velocidade máxima: 173 km/h

Consumo: 5,6/5,2 litros/100 km (WLTP)

Emissões CO2: 127/117 g/km

Dimensões: (C/L/A) 4040/1775/1450 mm

Bagageira: 352/1165 litros

Preço: 16 040€ (14 540€ com campanha de crédito); sem pintura metalizada são menos 430€