Um 100% elétrico que precisa da pista para expressar toda a sua capacidade (Foto Hyundai Newsroom)

Bem agarrado ao solo, o Ioniq 5 N tem vias mais largas e é maior (Foto Hyundai Newsroom)

Interior de ambiente desportivo incorpora pormenores específicos dos modelos N (Foto Hyundai Newsroom)

Volante deixa à mão as afinações mais importantes (Foto Hyundai Newsroom)

Tecla vernelha aciona o boost: 650 cv durante 10 segundos (Foto Hyundai Newsroom)

Página extra no ecrã central com muita informação específica de um desportivo (Foto Hyundai Newsroom)

Seletor de marcha rotativo no braço da direção (Foto Hyundai Newsroom)

Consola simples com porta copos (Foto Hyundai Newsroom)

As excelentes bacquets integram um monograma M iluminado (Foto Hyundai Newsroom)

Espaço atrás continua a ser muito (Foto Hyundai Newsroom)

Bagageira encolhe e oferece 480 litros de capacidade (Foto Hyundai Newsroom)

Jantes de 21 polegadas com pneus de baixo perfil Pirelli PZero (Foto Hyundai Newsroom)

Traseira mantém defletor duplo no prolongamento do tejadilho (Foto Hyundai Newsroom)

Pinças de travões vermelhas com o N gravado (Foto Hyundai Newsroom)

Impressionante! O Hyundai Ioniq 5 N abre um novo capítulo na corrida pelo elétrico desportivo. Não é questão de potência (609 cv) ou binário (770 Nm). Antes a certeza de que, afinal, é possível a aproximação aos patamares de sensações só possíveis aos automóveis a combustão. E tudo à custa de uma caixa de velocidades virtual…

Para muitos, aquilo que fez a equipa do sr. N, o alemão Albert Biermann, não passa de um gadget, talvez mesmo um brinquedo para enganar tolos. Oito velocidades virtuais nas patilhas do volante, à custa de alterações na regeneração, redução na velocidade dos motores, alteração até em dadas fases da entrega do binário. Mais ainda, por ser possível ter igualmente simulado o ronco vibrante do I30N de competição, a simulação sonora da “dupla”, um conta rotações até às 8 500 rpm a dominar o painel de instrumentos, o qual até “corta”neste limite, num carro que, de facto, faz 21 000 rpm…

Mas entre a fantasia “inspiradora” e a realidade vai muito mais do que se pensa, habituados que estamos às maravilhas permitidas pela eletrónica. Conduzir o Ioniq 5N, “afinado” para este comportamento, é uma experiência e tanto! Bem pensado e muito bem feito. E tenho para mim que não faltará muito para termos seguidores da ideia da caixa virtual…

Não passa despercebido

Mas vamos ao muito que este Hyundai oferece antes de pôr a cereja no todo do bolo. Para já, temos um carro com mais 8 cm (4,71m) mais largo 5 cm e mas baixo 2 cm, também vias mais largas e maior rigidez torcional (mais 42 pontos de soldadura e mais 2,20 m de adesivos). As jantes, 21 polegadas, com pneus de baixo perfil (Pirelli PZero), a bordadura negra e o friso veremelho completam a imagem de agressividade de um carro que mantém as formas e põe os entusiastas a sorrir ou de polegar ao alto à nossa passagem. Não passa despercebido!

No interior, o estilo conhecido com os pormenores próprios dos Hyundai N, um volante multifunções marcante, peça da nova filosofia desportiva, dimensões e pega ajustadas e, sobretudo, quatro botões agregados ao braços centrais: duas teclas ao alto, os dois círculos em baixo. Através deles, controlamos os modos de condução (Eco, Normal, Sport); modo N e customização; efeitos sonoros (três: elétrico potenciado, outro do mesmo género pouco sugestivo e o motor de combustão); enfim, a tecla vermelha do NGB, o boost que, durante 10 segundos, garante um acréscimo de potência até aos 650 cv.

Um carro assim parece mais uma montra de tecnologia ou peça para adeptos de track-days. Pode ser um carro para todos os dias, claro. Dá para levar os miúdos à escola ou ir ao supermercado, fazer o passeio de fim de semana, ir de férias. Mas não nasceu para isso, e não é por acaso que, quando o ligamos, o modo Sport é assumido automaticamente… um elétrico especial.

O ecrã do infoentretenimento conta com uma página adicional com tudo quanto se admite e deseja num desportivo pronto para ir à pista. As opções são tantas, talvez até de mais, que quase justificava um curso de utilização, pois praticamente tudo é regulável e afinável e as combinações são tantas que, por vezes, sentimo-nos perdidos…

Para viver tudo isto num ambiente que “cheira” a cockpit, duas excelentes bacquets, baixas e que nos encaixam na perfeição, fazendo-nos sentir ligados ao Ioniq 5 N, e ainda numa ótima posição de condução.

Em termos de espaço, continua a não haver razões para críticas e só a mala, com 480 litros de capacidade (-47) sai prejudicada nesta reinterpretação do Hyundai 100% elétrico em modo radical.

Carregamento dos 0 aos 80% em 18 minutos

O Ioniq 5 N conta com uma bateria de 82 kWh de capacidade, arquitetura de 800V. Tem dois motores, 226 cv à frente e 383 cv atrás. Daí a potência combinada de 609 cv e o binário de 770 Nm (com 11 níveis para regular a distribuição!). A autonomia anunciada é de 448 quilómetros. Pode carregar a 350 kWh, o que significa 18 minutos para levar a bateria dos 0 aos 80% da capacidade!

A tração, obviamente, é integral (diferencial eletrónico atrás) e esta capacidade, traduzida em prestações, significa 3,4 segundos para acelerar dos 0 aos 100, com o boost ativo, e 260 km/h em velocidade de ponta. Não falta o launch control!

Estilo peculiar mantém as formas num carro mais comprido, mais largo e mais baxo (Foto Hyundai Newsroom)

O Ioniq 5 N pode guiar-se, civilizadamente, nos modos Eco e Normal, mas quem investe num carro assim faz do modo Sport opção vulgar e, provavelmente, usará muitas vezes o N para gozar uma capacidade que, na verdade, pede uma pista para se expressar em toda a dimensão possível.

…Sair e respirar fundo

Não tive essa oportunidade, mas não resisti à tentação, nos limites do razoável. E mesmo assim deparei-me com um automóvel de cortar a respiração, um desportivo elétrico que não tem igual, mesmo que haja mais potentes.

Numa estrada ziguezagueante que serve de bitola nas minhas experiências, lidei com um elétrico que põe a potência no chão com toda a facilidade, é brutal na aceleração e na recuperação, trava “sem remorsos”, tem uma direção direta e com o embalo do ronco do I30 e as patilhas na função de comando da caixa virtual transforma-se num gozo.

Verdade que se sentem as 2,2 toneladas, mas isso não impede o Ioniq 5 N, colado ao chão, frente bem mandada, traseira capaz de se soltar, comedidamente, e ajudar na trajetória para curvar muito depressa e sair disparado, enquanto vamos “passando” as relações virtuais e pensando nos travões bimatéria (discos de aço e alumínio), para preparar o desafio seguinte ao volante de um automóvel que nos provoca e parece sempre comunicar que estamos longe do limite… E tudo isto com as ajudas eletrónicas ligadas!

Quando reduzimos, apetece parar, sair e respirar fundo. Tudo aquilo conquista, é impressionante.

Claro, há um preço a pagar nos consumos – melhor fora… A Hyundai anuncia uma autonomia entre os 448 quilómetros, no combinado, e 559 em cidade. São valores otimistas face aquilo que consegui, num percurso variado, em que alancei a média de 25,4, equivalente a uma autonomia de 322 quilómetros. Quando “desafiei” o Inoniq 5 N, o computador de bordo iondicou perto dos 34,5 kWh “aos 100”, o que significaria ficar sem carga na bateria em 237 quilómetros… Não há milagres!

Em termos de equipamento, um pacote à altura: iluminação full LED, ar condicionado automático bizona, chave inteligente e botão de arranque, hed-up display de realidade aumentada, Apple CarPlay e Android Auto sem fios, carregamento wireless, painel de instrumentos com 12,3”, navegação, som premium Bose e atualizações over-the-air, bancos desportivos em alcantara e pele, aquecidos à frente e atrás, volante aquecido, luzes ambiente em LED, condução autónoma de nível II, deteção de ângulo morto, câmara de 360 graus, portão da bagageira automática, estacionamento controlado à distância.

Um carro assim parece mais uma montra de tecnologia ou peça para adeptos de track-days. Pode ser um carro para todos os dias, claro. Dá para levar os miúdos à escola ou ir ao supermercado, fazer o passeio de fim de semana, ir de férias. Mas não nasceu para isso, e não é por acaso que, quando o ligamos, o modo Sport é assumido automaticamente… um elétrico especial.

FICHA TÉCNICA

Motor: dois, um por eixo, síncronos de íman permanente

Potência: 609 cv (226+383); 650 cv, boost de 10 segundos

Binário: 770 Nm (370+400)

Transmisão: 4×4, oito velocidades virtuais, comandadas nas patilhas do volante

Aceleração 0-100: 3,5 s (3,4 boost)

Velocidade máxima: 260 km/h

Bateria: 82 kWh, 800V

Carregamento: 350 Kw (0-80%, 18 minutos)

Carregador embarcado: 11 kW

Dimensões: c/l/a – 4,71; 1,94; 1,58 m

Peso: 2 200 kg

Bagageira: 480/1 540 litros

Preço: €79 900