Dianteira deixa claro que este é um automóvel elétrico (Foto Haundai Newsroom)

Perfil mantém estilo da família (Foto Hyundai Newsroom)

Interior simples, moderno e bem construído (Foto Hyundai Newsroom)

Consola flutuante e a solução das teclas para a transmissão (Foto Hyundai Newsroom)

No painel digital, os resultados da experiência (Foto SP/Milhas)

Ecrã central complementa a informação dos consumos (Foto SP/Milhas)

Porta de carregamento na dianteira, com dois planos de iluminação (Foto Hyundai Newsroom)

Identificação gravada na traseira (Foto Hyundai Newsroom)

Jantes em liga específicas e mais fechadas de 17 polegadas (Foto Hyundai Newsroom)

Motor elétrico debita 136 cv e tem o mesmo binário da versão mais potente (Foto Hyundai Newsroom)

Os cinco mil euros de diferença entre a escolha de uma bateria de 39 ou de 64 kWh e a possibilidade de ter 305 ou 484 quilómetros de automovia devem ser, seguramente, a grande questão para quem se decidiu a comprar um Hyundai Kauai EV. Já convencido pelo mais potente, experimentei agora o mais barato e fiquei surpreendido. Sem dificuldade, também sem exageros, é verdade, confirmei que os 300 quilómetros de autonomia são uma meta fácil de atingir! A poupança na compra fica reduzida a uma questão de filosofia muito especial e que terá a ver com a previsível utilização deste Kauai. Se calhar, chega…

Aos poucos tenho-me rendido à inevitabilidade da solução elétrica começar a fazer sentido, mesmo que haja muito para progredir e outras soluções possam surgir. Mas o elétrico tem um lóbi poderosíssimo e cada vez mais adeptos, mesmo que a opção não sirva ainda para todos. E não é preciso já voltar às questões logísticas. Todos estão cientes de limitações e vantagens.

Neste caso, a questão é apenas e só a diferença entre as duas baterias que o Hyudai Kauai oferece. Elogiado pelos resultados do modelo com bateria de 64 kWh, para alguns carote, havia que propor uma opção mais barata. E ela aí está: 39 kWh, motor de 136 cv, prestações menos impressivas (9,9 segundos para acelerar de 0 a 100 e 167 km/h em velocidade de ponta), mas o mesmo binário (395 Nm), no fundo aquilo que lhe empresta a alma que torna especial a condução dos elétricos com aquela prontidão na resposta ao acelerador.

O Kauai EV com bateria de 39 kWh e na versão mais barata é uma proposta muito séria para quem quer um SUV de emissões zero. Económico não pede grande comedimento para atingir e mesmo passar os 300 quilómetros de autonomia

Propus-me um passeio de fim-de-semana, com um pouco de tudo. Fiquei com o cruise control nos 100 km/h na autoestrada, respeitei os 90 na estrada, subi e desci a serra da Arrábida, aguentei algumas “procissões” de fim de semana, fiz ultrapassagens sempre que havia condutores muito lentos, andei em cidade, e, no final de 270 km registava uma média de 12,4 kwh e a bateria reservava capacidade para mais 48 quilómetros o que significava poder atingir os 318,3 quilómetros, melhor do que prometido nas contas WLTP.

Uma condução que convence

A condução, marcada pelo silêncio próprio da escolha e não perturbada por ruídos, é agradável, a disponibilidade do binário ajuda, o centro de gravidade mais baixo faz-nos sentir agarrados à estrada e o SUV elétrico, com retoques na suspensão, continua a ser muito ágil e revela grande eficácia em curva, respondendo sem dificuldade às ordens de uma direção informativa e direta q.b. Convence!

No final da experiência, confesso que sorri e pus em causa, uma vez mais, muita da minha descrença no automóvel elétrico, mesmo que não possa ter um por razões logísticas e não esteja predisposto para a organização que isso me imporia em diversos campos, entre eles contrariar a noção de liberdade que tenho do objecto automóvel.

Dúvidas não tenho, porém, sobre o acerto e o equilíbrio das duas propostas da Hyundai com este Kauai Electric e da sua validade para quem tem uma vida onde cabe o automóvel de emissões zero e pode fazer dele escolha racional, salvaguardando o ambiental e a bolsa.

Esta versão mais barata apresenta ainda caraterísticas interessantes, como, por ter uma bateria mais pequena, ser mais rápido a carregar; não tem é o carregador de bordo trifásico de 11 kW, estando limitado aos 7,2 kW monofásicos… o que significa que carrega em seis horas num carregador de 7,2 kW e a carga rápida a 80% fica pelos 48 minutos (50/100 Kw).

Preço também penaliza equipamento

É claro que a diferença de preço pesa noutros aspetos, designadamente no equipamento. E este Kauai perde na versão Premium, a mais baratinha, mordomias como a navegação (eu sei que há sempre o telemóvel…), o carregador wireless, o sistema de som Krell com oito aitifalantes, controlo de máximos, retrovisores de recolha elétrica. Além disso, tem um ecrã mais pequeno (8 em vez de 10.25”) e menos rico em informação, os bancos são em tecido e a pintura não é bitom. Também não traz o cabo de carregamento do tipo 2, só o ICCB. No mais acompanha o mais caro num pacote interessante, tanto nos aspetos da segurança (travagem de emergência, acompanhamento à faixa de rodagem), sensores de chuva e luz, câmara de marcha atrás, seletor do modo de condução, chave inteligente e botão de ignição, Bluetooth, portas USB ar condicionado automático, cruise control, patilhas de regulação da travagem regenerativa no volante, barras no tejadilho e jantes em liga e 17 polegadas

O renovado Kauai Eletric, é ligeiramente maior (1cm) e mais alto (1,5 cm), ainda segue a teoria da imagem para a diferença “tecnológica”: não tem a grelha tradicional, solução que permitiu alterar a conceção das luzes, fios rasgados no topo para luzes diurnas e faróis  bem integrados a meia altura para chegar a uma dianteira bem diferente que incorpora uma afirmativa porta de carregamento.

Consola suspensa e transmissão por teclas

O interior traz a novidade de uma consola suspensa e com ela um sistema de teclas para operar a transmissão. Passa por um conjunto de quatro teclas (P/R/N/D/), solução que, a princípio, não se mostra muito prática e requer habituação. A tecnologia é shift-by-wyre, logo a eletrónica a mandar e mais espaço, no caso sob a consola. Junto fica o travão de parque elétrico.

O resto, além do que conhecemos, é a instrumentação, toda digital, um painel de sete polegadas de alta resolução para mostrar a velocidade, nível da bateria, fluxo de energia e o modo de condução. No ecrã central tátil de oito polegadas, passa a informação restante. Obviamente não falta o Bluetooth e a compatibilidade com os sistemas Android e Apple Car Play .

Construído sobre a mesma plataforma com 2,6 metros de distância entre eixos, baterias sobre o piso, o Kauai EV continua a proporcionar habitabilidade razoável, mas a bagageira fica-se pelos 332 litros, o mesmo da versão 4×4 mas menos 29 litros do que o 4×2 a combustão. Ainda é um preço normal a pagar nas soluções elétricas.

Em poucas linhas, o Kauai EV com bateria de 39 kWh e na versão mais barata é uma proposta muito séria para quem quer um SUV de emissões zero. Económico não pede grande comedimento para atingir e mesmo passar os 300 quilómetros de autonomia.

A garantia geral da Hyundai continua a ser de sete anos sem limite de quilómetros e de oito anos ou 160 mil quilómetros para as baterias.

FICHA TÉCNICA

Kauai EV 39 kWh

Motor: síncrono de íman permanente

Potência: 136 cv

Binário máximo: 395 Nm

Bateria: polímero de iões de lítio; 39 kWh

Transmissão: automática, velocidade única

Aceleração 0-100: 9,9segundos

Velocidade máxima: 155 km/h

Consumo: média – 14,3 KWh/100 km

Emissões CO2: 0

Tempo de carga: (AC) a 7,2 kWh – 6 horas; carga rápida (80%), 48 minutos (50/100 kWh)

Autonomia: 305 km (WLTP)

Dimensões: (c/l/a) – 4 205/1 800; 1570 mm

Peso: 1 593 kg

Bagageira: 322/1 114 litros

Preço: desde 36 500€