A nova maquilhagem do Hyundai Kauai contemplou, como tinha de ser, a versão híbrida da completa família do SUV sul-coreano. É uma atualização que valoriza a oferta de um compromisso eletrificado que a marca concretiza num produto virado para a economia e com preço honesto.
Alterações que parecem balão de oxigénio para manter em alta um modelo bem recebido, o renovado Kauai reconhece-se pele frente modernaça, original pele assinatura luminosa com as luzes diurnas elevadas, que deixam os grupos óticos em dois níveis. Grelha diferente, robustecida e para-choques retocados compõem a nova imagem, menos presente na traseira, onde também as luzes mudam.
Já o disse, o interior merecia mais atenção. Chegou o digital ao painel de instrumentos, inevitável; mas mantém-se um ecrã central demasiado “pesado” e a merecer mais informação, outro grafismo e software mais rico (não deve ser difícil no país de origem).
Já agora, pese a indubitável qualidade da montagem, traduzida na ausência de ruídos, era altura de procurar outros plásticos e forma de suavizar o ambiente, dominado pelo negro, até porque o Kauai é um daqueles automóveis com os quais se estabelece empatia fácil. O patamar atingido pela Hyundai justifica mais exigência.
Imagem jovem, bem construído, honesto no espaço, equipamento razoável, este Hyundai Kauai HEV, compromisso adequado entre dinâmica e conforto, é a proposta para quem pretende um pequeno SUV desenvolvido para ser económico – e com preço aceitável.
No mais, bancos com bom apoio, volante multifunções bem dimensionado, consola com os espaços suficientes e integrando um apoio de braço daqueles que não incomoda completam o ambiente interior.
Habitablidade não é o forte, mala perde capacidade
Em termos de espaço, vulgar à frente, o suficiente atrás. Habitabilidade não é um dos pontos fortes do Kauai. Mesmo que o túnel seja baixo, quem se sentar atrás não tem muito desafogo e até o espaço para os pés é limitado. Melhores são o acesso, a altura do tejadilho e o apoio dos bancos, com bom suporte para as pernas, ainda que com aquela filosofia alemã de comodidade, marcada pelas espumas rígidas.
A bagageira tem 361 litros (vai até aos 1143 com os bancos rebatidos – 60×40 – os quais não formam uma superfície plana), capacidade que não passa da vulgaridade e sai penalizada pela colocação da bateria sob o banco traseiro. São 13 litros a menos na capacidade, comparativamente com as versões térmicas.
Mantendo a plataforma preparada para receber todas as motorizações eletrificadas, este Kauai Hybrid combina o bloco 1.6 GDi de 145 cv com um motor elétrico de 45 cavalos e uma bateria de polímero de iões de lítio com 1,56 kWh. É a receita testada no Ionic, da qual resulta a potência combinada de 141cv e um binário de 265 Nm. Acresce que esta capacidade é gerida por uma caixa de dupla embraiagem, a qual ajuda a fazer a diferença para a concorrência, dominada pelas transmissões de variação contínua, sempre mais ruidosas e marcadas por aquela típica situação de arrasto, muitas vezes incomodativa.
A suspensão é algo seca, as jantes de 18 polegadas têm influência, mas não prejudica o conforto, nem o comportamento em curva, situação em que, sem surpresa, se faz notar o efeito da altura da carroçaria. Apesar disso, há uma boa resposta às transferências de massas, mesmo as mais bruscas, e nem se dá pelo ESP. A direção está ajustada às necessidades e o Kauai mostra-se bem mandado e seguro. A travagem, por via do apuro da regeneração, tem aquele toque próprio dos híbridos, progressivo e esponjoso.
Economia supera temperamento
O modo Sport, que se atua no seletor da caixa de velocidades e “pinta” de vermelho a instrumentação, traz-lhe algum ganho na vivacidade, mas as prestações deixam claro que a filosofia é outra: 11,3 segundos de 0 a 100 e 160 km/h em velocidade de ponta. A diferença não é grande se atuarmos caixa através do seletor sequencial ou das patilhas no volante; permite outro género de condução, naturalmente, mas falta-lhe rapidez se houver alguma tentação desportiva. Engrenando o “D” e deixando a caixa fazer a sua gestão no modo ECO, a opção restante, a suavidade é um facto. As passagens são quase impercetíveis, não se notem hesitações, e a capacidade do binário revela-se suficiente para uma condução descansada.
Importante, no fundo, é a economia e, nesse aspeto, fiz cerca de 300 quilómetros com uma média geral de 5,4 litros aos 100. Em autoestrada, o computador de bordo registou 5,6 a 120 km/h geridos pelo cruise control; em andamento de passeio domingueiro, marcou 5,2 litros aos 100, mesmo sem deixar de escapar, sempre que possível, às “procissões” de automóveis, o que implicou muitas ultrapassagens.
Números que não serão surpreendentes na comparação com outros híbridos, mas são honestos, até porque fica a certeza de se poder fazer melhor com a preocupação de poupar.
Em termos de equipamento, um pacote interessante nesta versão Premium: ar condicionado automático, chave inteligente com botão de ignição, travão de mão elétrico, ecrã digital de 10,25 polegadas e ecrã central tátil de oito polegadas, câmara de marcha atrás, travagem autónoma de emergência, luzes diurnas em LED, sistema de manutenção na faixa de rodagem, integração de smartphone Apple CarPlay e Android Auto sem fios, jantes de 18 polegadas e pintura bitom.
Retocado, o SUV sul-coreano mantém as caraterísticas fundamentais para a sua afirmação. Imagem jovem, bem construído, honesto no espaço, equipamento razoável, este Hyundai Kauai HEV, compromisso adequado entre dinâmica e conforto, é a proposta para quem pretende um pequeno SUV desenvolvido para ser económico – e com preço aceitável.
A garantia é de sete anos sem limite de quilómetros
FICHA TÉCNICA
Hyundai Kauai HEV 1.6 GDi Premium
Motor: 1580 cc, gasolina (ciclo Atkinson), injeção direta, start/stop
Potência: 104 cv/5700 rpm
Binário máximo: 147 Nm/4000 rpm
Motor elétrico: síncrono de íman permanente
Potência: 43,5 cv
Binário máximo: 170 Nm
Bateria: polímero iões de lítio/1,56 kWh
Potência combinada: 141 cv
Binário máximo: 265 Nm
Transmissão: automática de dupla embraiagem com seis velocidades
Aceleração 0-110: 11,3 s
Velocidade máxima: 160 km/h
Consumos (WLTP): média – 4,6 L/100 Km
Emissões CO2 (WLTP): 122 g/km
Peso: 1 453 kg
Dimensões: (c/l/a) – 4 205/1 800/1 565 mm
Bagageira: 361/1 143 litros;
Preço: versão ensaiada – 29 575€: desde 27 325€ com campanha