Um motor 1600 a gasolina e a ajuda elétrica que leva a potência aos 230cv são o bastante para fazer do renovado Hyundai Santa Fe HEV uma proposta a considerar pelos adeptos dos grandes SUV que oferecem sete lugares. Com presença, confortável, bem equipado, comportamento equilibrado, bom estradista, mexe-se bem e faz consumos muito razoáveis, apesar dos 1900 quilos de peso. Só o preço já não é que era… €61 953 para ter direito ao requinte e a quase todas as mordomias. E um nível de qualidade que não teme comparações.
Renascido – e bem até na estética – sobre a nova plataforma do Grupo Hyundai preparada para a eletrificação (ler aqui ensaio da versão 2.2), este Santa Fe Hybrid, que recupera a motorização do Tucson, bate em potência o 2.2 a gasolina (202cv), é mesmo mais rápido no arranque (8,9 contra 9 segundos e 0 a 100) e só perde na velocidade máxima (187 km/h face a 205 km/h). Mas pareceu-me o bastante para se falar de um grande SUV capaz, familiar à altura da qualificação, seja no espaço, tanto à frente como sobretudo atrás, e mesmo na bagageira que não é penalizada pela solução híbrida e oferece uns expressivos 571 litros na formação de cinco lugares. Menos simpático é a altura do plano de carga, mas não há bela sem senão…
Os sete lugares são outra realidade a valorizar o híbrido. As limitações são as habituais, o sistema da terceira fila nunca é tão prático como se deseja, mas quem compra sabe ao que vai, por exemplo que, lá atrás, só duas crianças não se queixarão do conforto e do espaço…
Interessante o Hyundai Santa Fe Hybrid, que recorre ao 1600 a gasolina com ajuda elétrica já usado no Tucson. Conforto, espaço, sete lugares e boa mala apesar da bateria, prestações suficientes e consumos razoáveis. Só o preço é menos simpático, mas qualidade equipamento pagam-se…
A nova plataforma, incluindo as versões térmicas, apresenta um centro de gravidade mais baixo e um chassis mais rígido. Daí outra eficácia que continua a ser realidade na versão híbrida. Isso não impede, mesmo com um compromisso de suspensão que doseia muito bem conforto e resposta em curva, que sintamos algum balanceamento da carroçaria se impusermos um regime mais “puxado” numa estrada exigente e que imponha transferências de massas continuadas ou bruscas.
Eletrónica dá uma ajuda
Ainda assim, o Santa Fé desembaraça-se bem, mesmo que haja uma pronta e suave intervenção da eletrónica, a “pôr tudo no lugar”, fazendo o grande SUV de 4,78 metros “acamar” ligeiramente para continuar bem mandado no seu caminho. Bem resolvido, sobretudo quando se experimenta o modo Sport (Eco e Smart são os restantes), forma de emprestar outra vivacidade a um automóvel de dimensões generosas, o que não passa despercebido ao volante, como é natural.
Apesar da potência e da capacidade no arranque, os 350 Nm de binário (440 Nm no 2.2) não significam uma resposta vibrante, ainda que pronta dada a ajuda do motor elétrico. Daí, força, com certeza, mas nada de explosões. Aliás, nem deve ser essa a filosofia de uma híbrido assim, pensado para cumprir noutro papel que não o de corredor.
Consumos razoáveis
Esta é a escolha para quem, sem deixar de querer desembaraço – e quando se quer ultrapassar o Santa Fe não se faz rogado – procura um equilíbrio através dos consumos e do melhor rendimento garantido pela ajuda elétrica. E este Hyundai tem uma capacidade razoável de regeneração, mesmo que não seja das mais impressivas. De todo o modo, os resultados de consumo que consegui foram interessantes. Em autoestrada, aos 120 Km/h regulamentares regidos pelo cruise-control adaptativo, só comigo a bordo, o computador de bordo registou 6,8 litros aos 100. Num passeio de fim-de-semana, com algum tráfego, três passageiros e velocidade moderada, fui surpreendido por um resultado de 5,7 litros aos 100. A média geral para pouco mais de 200 quilómetros coincidiu com os 6,7 prometidos pela Hyundai para o ciclo combinado WLTP anunciado. Não custa acreditar que os 8,1 também anunciados para um andamento vivo se atinjam normalmente.
A caixa de seis velocidades automática utilizada – conversor de binário em vez da dupla embraiagem –, também comandada por teclas, cumpre sem motivo para reparos, a direção continua a revelar-se bem ajustada ao tipo de veículo e os travões nem parecem tão esponjosos quanto é habitual nestas motorizações eletrificadas. Daí, uma condução agradável, facilitada também pela posição ao volante. E já agora pelo excelente ambiente proporcionado no habitáculo de consola flutuante. Isto apesar de alguns plásticos parecerem menos adequados face a tanta pele e aos acabamentos cuidados, designadamente a imitar fibra de carbono. O sistema de infoentretenimento em ecrã tátil podia ser mais completo, sobretudo mais esclarecedor na informação sobre o sistema híbrido, mas não faltam “gracinhas” como a hipótese de escolher som ambiente (do mar ao crepitar da lareira). Há botões a mais (69), mas acabamos por nos habituar e até saudar os comandos físicos do ar condicionado.
Em termos de equipamento, a versão que guiei, o topo de gama Vanguard + Luxury Pack a mais bem recheada. Destacam-se os bancos dianteiros com regulação elétrica (extensor do assento para o condutor), grupos óticos dianteiros e traseiros em LED, ecrã digital de 10,25 polegadas com navegação, sistema de som Krell (dez altifalantes), head up display por projeção no para-brisas, teto panorâmico de abertura elétrica, sistema remoto de estacionamento automático (pode sair ou estacionar num lugar apertado usando apenas a chave…), câmara de marcha atrás e de 360 graus, deteção de ângulo morto, estofos em pele e alcantara, bagageira elétrica, Ar condicionado automático, jantes de 19 polegadas.
Interessante o Hyundai Santa Fe Hybrid, que recorre ao 1600 a gasolina com ajuda elétrica já usado no Tucson. Conforto, espaço, sete lugares e boa mala apesar da bateria, prestações suficientes e consumos razoáveis. Só o preço é menos simpático, mas qualidade equipamento pagam-se…
A Hyundai mantém a política dos sete anos de garantia sem limite de quilómetros.
FICHA TÉCNICA
Hyundai Santa Fe HEV Vanguard+Luxury Pack
Motor: 1598 cc, gasolina, híbrido
Potência: 180 cv/5 500 rpm
Binário máximo: 265 Nm/1 500-5 500 rpm
Motor elétrico: 60 cv
Bateria: polímero de iões de lítio; 1,49 kWh
Binário: 264 Nm
Potência combinada: 230 cv
Binário combinado: 350 Nm
Transmissão: caixa automática de seis velocidades, conversor de binário
Aceleração 0-100: 8,9 segundos
Velocidade máxima: 187 km/h
Consumo: média – 6,7 litros/100
Emissões de CO2: 153 g/km
Peso: 1 919 kg
Dimensões: (c/l/a) – 4785/1900/1710 mm
Bagageira: 130 litros, com sete lugares; 5571, com 5 lugares; 1649, com os bancos rebatidos
Preço (com despesas): €61 953 (€5 000 menos com campanha); desde €60 703