Vai na quarta geração, 58 anos de história (!) e continua ser um êxito pelas suas caraterísticas únicas em termos de todo o terreno. Aí, o pequeno Suzuki Jimny está como peixe na água, vai a todo o lado, é brilhante – um caso sério. Tirem-no de lá e troca-se a diversão por uma vulgaridade que paga ainda os custos do conforto, da habitabilidade, da capacidade de carga e da Classe 2. De todo o modo, é barato, a gasolina e não gasta muito.

O jipinho da Suzuki, até mais pequeno (perdeu 5 cm) e mais alto (5 mm), linhas simples como que recuperou as formas tradicionais daquele estilo “quadradão” associado ao radicalismo do TT. Foi um trabalho interessante, com destaque para os faróis redondos e para a grelha. O capô foi horizontalizado, o para-brisas está mais vertical e as vias foram alargadas. É uma imagem conseguida da expressão do 4×4 quando se usa a ideia de puro e duro. Mesmo que pareça uma “gracinha”.

A bordo, o ambiente, principalmente através dos blocos em que se subdivide a instrumentação, que inclui um dominador ecrã central, e os comandos – menos prática a colocação das teclas dos vidros ao centro sob os grandes botões do ar condicionado  – , consegue, mesmo dispensando a cor, a jovialidade suficiente para atenuar os problemas naturais resultantes de uma habitabilidade que, apesar de aumentada, está longe de ser brilhante.

Um produto aliciante para os menos endinheirados amantes do todo-o-terreno que têm no Suzuki Jimny um “jipinho” sem medo dos obstáculos e capaz do mesmo que fazem outros bem mais caros. Na estrada é outra coisa, até paga Classe 2 e a gasolina

O Jimny é acanhado logo para quem de senta à frente – a posição de condução é elevada e tem se ser ajustada de forma diferente, uma vez que direção não é regulável em profundidade. Atrás, onde os vidros não abrem, os dois lugares, com uma almofada inteiriça colada diretamente sobre a estrutura e encaixada entre as cavas das rodas, são naturalmente pouco cómodos para dois adultos. As costas admitem três posições de inclinação, mas nem assim se consegue um espaço de carga que ultrapasse os reduzidíssimos 86 litros de capacidade mais uma pequena caixa (conseguem-se 377 litros com os bancos – 50×50 – rebatidos). Obviamente, não há chapeleira e também faltam espaços para os pequenos arrumos, são pequenas as bolsas nas portas e consola foi dispensada. Seletor de velocidades, travão de mão e agora, em vez de botões, alavanca para engrenagem do modo de tração e das redutoras, solução mais tradicional, ocupam o espaço central.

Feito para outros caminhos

Posto isto, pretender vê-lo como um SUV é forçado, também porque na estrada – em 4×2 é um tração traseira – o comportamento é prejudicado pela altura, pelas próprias suspensões rígidas e até por uma direção muito desmultiplicada. O motor, agora um 1.5 atmosférico de 102 cv melhorou as coisas, tem mais binário e recupera melhor, mas este pequeno Suzuki está longe de ser um automóvel para correrias e grande desembaraço na estrada – as prestações retiram qualquer dúvida: não é anunciada a capacidade para a aceleração 0 a 100 e a velocidade de ponta fica-se pelos 145 Km/h. Nestas condições, o ruído aerodinâmico e da caixa manual de cinco velocidades, até bem escalonada, funcionam também como elemento penalizador do conforto de marcha. Aqueles para quem tudo isto for indiferente podem contar com um consumo de 6,9/7 litros aos 100 com quatro pessoas a bordo e em ritmo de passeio, o que até tem de considerar-se honesto.

Pode parecer injusto começar assim a falar do Jimny, mas a verdade é que quem o compra – e continua a ser um êxito mundo fora – procura seguramente outra utilização, precisa de um veículo apto para o fora de estrada, seja ele pelo simples lazer ou necessidade profissional. E visto para aquilo que foi feito, o pequeno Suzuki tem as virtudes que explicam a sua longevidade e o reconhecimento de ser capaz do mesmo de outros TT com mais pano no colarinho… Os amantes do TT sabem-no bem!

Invejáveis ângulos TT

Construído sobre um chassis de longarinas, agora reforçado, separado da carroçaria, o Jimny tem a base que lhe permite à-vontade face aos obstáculos do fora e estrada, e para isso conta ainda com invejáveis ângulos TT capazes de lhe potenciarem a capacidade, a par com as redutoras e a ajuda do controlo de tração, que atua sobre o sistema de travagem. A registar estes números únicos: ângulo de ataque de 37 graus; ventral de 28 graus; saída de 49 graus! A passagem do 4×2 para 4×4 é fácil.

Para aqueles com menos experiência que quiserem aventurar-se no todo-o-terreno as coisas podem ser mais fáceis com a caixa automática de quatro velocidades proposta em opção.

A versão que guiei foi o topo de gama designado Mode 3, o qual se distingue pelas jantes em liga de 16 polegadas, puxadores das portas na cor da carroçaria e vidros traseiros escurecidos. Conta, como toda a gama, com travagem autónoma de emergência, alerta de mudança de faixa, assistente de máximos, reconhecimento de sinais de trânsito, controlo de retenção em pendentes e descida e, a fazer a diferença, projetores em LED com regulação automática da altura, luzes diurnas em LED, vidros traseiros, cruise-control com limitador, volante multi-funções em pele e ar condicionado automático, além do ecrã tátil com navegação.

Enfim, um produto aliciante para os menos endinheirados amantes do todo-o-terreno que têm no Suzuki Jimny um “jipinho” sem medo dos obstáculos e capaz do mesmo que fazem outros bem mais caros. Na estrada é outra coisa, até paga Classe 2 e a gasolina.

Em matéria de preço, um valor perfeitamente aceitável.

Fora-de-estrada estão as grandes aptidões do Jimny

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FICHA TÉCNICA

Suzuki Jimny 1.5 VVT Mode 3*

Motor: 1462 cc, gasolina, injeção direta, atmosférico

Potência: 102 cv/6000 rpm

Binário máximo: 130 Nm/4000 rpm

Transmissão:  4×4 com redutoras (4×2 traseira), caixa manual de cinco velocidades

Aceleração 0-100: não anunciado

Velocidade máxima: 145 km/h

Consumos: média – 7,9 litros litros/100 km (WLTP)

Emissões CO2: 178 g/km (WLTP)

Bagageira: 86/377 litros

Preço: 24 811 euros (sem despesas); desde 21 075

*Concorrente ao Essilor Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal (Categoria SUV Compacto)