Continua a marcar pontos o trabalho da Dacia, sendo certo que isso de fazer automóveis baratos tem que se lhe diga. Até noutros custos além do preço e que, às vezes, saem caros.. Guiei agora um Jogger de sete lugares e a imagem que guardo da experiência é francamente positiva. É justo pedir mais por 21 200€ e um 1.0 três cilindros de 100 cv a gasolina? Parece-me difícil. Aí está um automóvel honesto.
O esforço continuado na melhoria da qualidade – tida por suficiente para que a Dacia use emblema Renault em muitos mercados! – é inquestionável. Verdade que nem tudo é perfeito, alguns plásticos podiam ser melhores e menos frios e pormenores de acabamento mais cuidados, mas o surgimento de elementos decorativos como o tecido no tablier, herdado do Sandero do qual o interior é quase decalcado, valorizam e refrescam o habitáculo, cada vez menos cinzentão.
A instrumentação é analógica e com grafismo antiquado, o ecrã central também muito datado, ao estilo de tablet pesadão, limitado no software, aposto no tablier e com um encaixe lateral para o telemóvel, que pode desempenhar papel fundamental no sistema de infoentretenimento – não será um primor, mas está lá quase tudo.
Um compromisso à medida de quem precisa de um familiar com sete lugares, confortável e muito versátil, procura economia de consumos, não está dependente de grandes prestações, e dá valor a uma já emblemática relação qualidade/preço. É isso o Dacia Jogger!
É notório um claro up-grade no habitáculo, afinal resposta à altura do apuramento da estética exterior, sempre com a virtude da simplicidade, formas familiares sempre em evolução e pormenores à procuram de acentuar a robustez de um crossover que nos oferece muito do velho conceito do monovolume, a versatilidade de uma carrinha e uma conceção, alicerçada na altura ao solo (20 cm), a permitir-nos pensar num SUV capaz de desafiar caminhos menos fáceis e alimentar a ideia do veículo de evasão. E acho que isso está a colar-se à imagem Dacia. E a dar frutos.
Modularidade muito bem trabalhada
Sete lugares num automóvel com 4,52 metros é interessante, claro que ajudam os 2,89 metros entre eixos. Mas o que mais impressiona é a modularidade. Naturalmente, não encontramos um mar de espaço, mas a possibilidade de rodar o banco central (60×40) para a frente, de modo a facilitar o acesso, e de até retirar os dois lugares da terceira fila (pesam dez quilos cada), oferecem muitas soluções a quem quer aproveitar todo o espaço disponível. Viaja-se bem no banco central, há espaço para as pernas e em altura; os joelhos, sem surpresa, ficam mais elevados na terceira fila – duas crianças não se queixarão. E para que não haja aquela sensação de claustrofobia os vidros da terceira fila abrem em compasso – do mal o menos.
A habitabilidade conta com um pormenor interessante, a solução de sobreelevação do tejadilho, que torna o vidro central mais alto do que o dianteiro e, por arrasto, o tejadilho mais alto. A diferença é bem percetível no pilar B, que nos mostra como que um degrau vincando a diferença da altura.
Equilíbrio próprio de um familiar
Em termos dinâmicos, o Jogger é equilibrado e tem a filosofia própria de um familiar. A conhecida motorização TCe 1.0 de três cilindros e 110 cv, faz-se ouvir e as prestações são vulgares: 11,2 segundos de 0 a 100 e 180 km/h em velocidade de ponta. Os 200 Nm de binário emprestam-lhe a alma possível e uma caixa de seis velocidades bem escalonada ajuda a tornar a condução agradável. A direção podia ser mais direta, mas está de acordo com a filosofia do Jogger, que se revela capaz de consumos simpáticos. Com quatro pessoas a bordo, ar condicionado ligado indicou a média de 6,5 l/100 km e a utilização do modo Eco significou, segundo o computador de bordo, 20,1 km sem consumo numa viagem de 104 km… Em autoestrada, com o cruise-control nos 120 km/h, os valores subiram para 7,1 l/100.
A versão que conduzi foi a SL Extreme, a mais bem equipada, e com alterações de pormenor na imagem da carroçaria. Além disso, sensores de luz e chuva, ar condicionado automático, luzes diurnas em LED, câmara de marcha atrás, cruise control com limitador de velocidade e comandos no rádio (DAB) no volante em pele, regulável em altura e profundidade, bancos em tecido pespontado, ecrã tátil de 8 polegadas, jantes em liga de 16 polegadas escurecidas.
Um compromisso à medida de quem precisa de um familiar com sete lugares, confortável e muito versátil, procura economia de consumos, não está dependente de grandes prestações, e dá valor a uma já emblemática relação qualidade/preço. É isso o Dacia Jogger!
FICHA TÉCNICA
Dacia Jogger SL Extreme TCe 110 FAP 7 lugares
Motor: 999 cc, injeção direta, turbo, intercooler, filtro de partículas
Potência: 110 cv/5 000 rpm
Binário máximo: 200 Nm/2 900 rpm
Transmissão: caixa de seis velocidades manual
Aceleração 0-100: 11,2 segundos
Velocidade máxima: 180 km/h
Consumo: média WLTP 5,6/5,7 l/100 km
Emissões CO2: 127/129 g/km
Dimensões: c/l/a – 4 547/2 897/1 632 m
Peso: 1 158 kg
Bagageira: 160/ 699/2017 litros
Preço: 21 200€, versão ensaiada; desde, 17 000€