KIA EV3 é uma aposta séria

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O primeiro contacto tinha sido promissor, experiência mais longa dissipou dúvidas: o KIA EV3 é mesmo uma oferta séria entre os SUV 100% elétricos de dimensões reduzidas. As virtudes complementam o arrojo estético e o espaço para passageiro e bagagens; prestações, consumos, autonomia e comportamento compõem um pacote a que custa ser indiferente. Só o preço da versão com bateria maior fica aquém da expetativa: €43 490, no caso da versão Tech…

Conduzi durante alguns dias o EV3 com a bateria de 81,4 kWh e tive até o privilégio de o ensaiar em pista, ambiente que não é propriamente o seu, e onde se mostrou muito equilibrado e assertivo na resposta a um tipo de condução mais agressivo do que pode praticar-se na estrada, mesmo nas zonas que pedem muito empenho ao volante.

Nunca se descompôs nem acusou em excesso as transferências de massas, manteve-se estável nas longas curvas a exigir forte apoio, as rodas foram passando sem “hesitações” a tração ao asfalto. Um comportamento que foi além daquilo que esperava, a revelar uma afinação de suspensão equilibrada.

De resto, é um automóvel bastante ágil e despachado quanto baste para um tração dianteira com 204cv e 283 Nm de binário. As prestações são ajustadas à oferta, 7,7 segundos na aceleração 0-100 e 170 km/h em velocidade de ponta.

Na estrada é desembaraçado, bem comportado e permite alguns atrevimentos, confirmando aquilo que mostrou na pista. Enquanto rolador, revela-se muito agradável de conduzir. A direção pedia mais peso e o pedal do travão denota que há algum trabalho a fazer para melhorar as coisas. Também quando usamos o prático one pedal, a desaceleração parece tardar até surgir o abrandamento que la à paragem. A “dose” de regeneração é regulada, como de costume, nas patilhas do volante e pode ajudar numa condução mais viva. Quanto a modos de condução, escolhidos num botão encaixado na base do volante: Eco, Normal, Sport, Neve e My Mode, para regulação pessoal. As diferenças são sensíveis.

Lesto na resposta

Sem ser explosivo, o EV3 é, sem surpresa, lesto na resposta e o velocímetro não engana sobre como se comporta a recuperar, apesar dos 2 355 kg que o “puxam” para o chão e contribuem para um baixo centro de gravidade, mais importante quando se trata de um carro com 1,85 de altura.

Em termos práticos, outro elemento que coloca este KIA em patamar competitivo é o consumo. A marca sul-coreana promete um intervalo de consumos entre os 14,8 e os 16,2 kWh e estes resultados estão longe de ser miragem. Num acumulado de 210 km, que teve auto-estrada a via rápida, também estradas secundárias e alguma cidade o computador de bordo indicou 16,1 kWh, sobravam 58% da carga da bateria e estavam prometidos mais 292 km, o que significa autonomia de 502 km.

Parece ter tudo para uma boa carreira no mercado dos 100% elétricos este KIA EV3, um SUV com estética ousada e original. Alinhado num intervalo entre os segmentos B e C do mercado, tem boa habitabilidade e uma mala referencial. Tração dianteira, 204 cv de potência e 280 Nm de binário, acelera de 0 a 100 em 7,7 segundos e chega aos 170 km/h. A autonomia prometida para este Long Range são 605 km e faz 500 com naturalidade. Só o preço já não é o que foi…

Verdade que são indicados 605 km no percurso combinado mas facto, também, que, sem pressas, cheguei a conseguir 13,9 kwh num percurso combinado de 34,9 km com estrada nacional e auto-estrada. Tomo, por isso, os 502 km como um bom resultado, já que não deixei de experimentar o modo Sport nalguns troços exigentes, nos quais os valores chegaram aos 20 kWh “obrigatórios” quando se impõe um andamento mais forte. Não é, seguramente, condução ae praticar muitas vezes num 100% elétrico com estas caraterísticas.

Com uma arquitetura de 400V e um carregador embarcado de 11 kW, esta EV3 carrega a 128 KW, o que significa a possibilidade de levar a bateria dos 10 aos 80% da capacidade em 29 minutos.

Ambiente bem conseguido

No quotidiano, silêncio de marcha – a insonorização foi muito bem trabalhada – conforto e espaço num ambiente bem conseguido, apesar de muito plastificado, mas nada frio, combinando diferentes materiais, entre eles tecido reciclado. O grande painel assente no tablier, com três ecrãs, um ao centro, mais pequeno, para a climatização (12,3”+5,3”+12,3”) e o volante multifunções quadralizado centram as atenções, mais o apoio de braços flutuante com prateleira extensível marcam o cockpit. A solução parece potenciar o espaço para os passageiros da frente, o espaço que, porém, falta na inexistência de uma caixa sob o apoio de braços. Dá sempre jeito….

O minimalismo continua a ser norma, mas deve registar-se a existência de botões táteis para controlar o ar condicionado. Só não percebo a razão da insistência da colocação pouco prática, no braço da direção, muito baixo e escondido, do seletor de marcha, que inclui o botão de arranque. Parece-me pormenor a rever!

A boa distância entre eixos, 2,68 metros, num carro com 4,30 de comprimento, contribui para uma razoável habitabilidade traseira, ainda beneficiada pelo facto de ser possível passar os pés sob os bancos dianteiros. Quem se sentar lugar do meio, como é hábito, paga o facto de o recosto ser mais duro por acolher o apoio de braços central. Enfim, passa por ser um recurso…

Quanto à bagageira com 460 litros de capacidade é uma referência neste segmento da oferta. Se rebatermos os bancos ficam disponíveis 1 250 litros. Não falta o frunk, sob o capô, com 25 litros de capacidade, ideal para transportar os cabos de carregamento e libertar a mala.

Opostos unidos…

Resta lembrar que o EV3 é nova aposta numa linha estética chamada de opostos unidos, o que lhe confere aspeto robusto, até um pouco marcial. Apresenta curiosa solução vertical para as óticas dianteiras, encaixadas nas luzes diurnas em estilo de cunha, quase replicadas atrás nas chamadas luzes estrelares, e tem cavas das rodas pronunciadas que alargam os ombros. Grandes jantes (chegam às 19”), cintura alta, boa superfície vidrada e um tejadilho suavemente inclinado rematam um SUV com personalidade e um certo ar high-tech. É original e pode ser consensual apesar de uma indiscutível masculinidade.

Notável o facto de esta carroçaria proporcionar excelente resultado aerodinâmico (0,263 melhor do que algumas berlinas), para o qual não podem deixar de contar as aletas ativas que diminuem a resistência ao ar na dianteira e contribuem para uma melhoria do consumo e, por arrasto, aumento da autonomia. O fundo do EV3 foi também trabalhado para permitir um melhor fluxo do ar e reduzir a resistência aerodinâmica.

Em termos de equipamento, a oferta intermédia, o Tech que conduzi, já contempla faróis dianteiros em LED, ecrã triplo, cruise control adaptativo e chave digital 2.0, jantes de 17”, barras no tejadilho, retrovisores com rebatimento elétrico, bancos em tecido, travão de mão elétrico, carregador wireless para smartphone, ar condicionado automático bizona, câmara traseira, e sensores de estacionamento, de luz e chuva.

Parece ter tudo para uma boa carreira no mercado dos 100% elétricos este KIA EV3, um SUV com estética ousada e original. Alinhado num intervalo entre os segmentos B e C do mercado, tem boa habitabilidade e uma mala referencial. Tração dianteira, 204 cv de potência e 280 Nm de binário, acelera de 0 a 100 em 7,7 segundos e chega aos 170 km/h. A autonomia prometida para este Long Range são 605 km e faz 500 com naturalidade. Só o preço já não é o que foi…

FICHA TÉCNICA

KIA EV3 Tech Long Range

Motor: magneto permanente sincronizado

Potência: 204 cv (5 200/9 600 rpm)

Binário máximo: 283 Nm (0/5 000 rpm)

Transmissão: velocidade única

Aceleração 0-100 km/h: 7,7 segundos

Velocidade máxima: 170 km/h

Bateria: 81,4 kWh (400 v)

Carregamento: 128 kW – 10 a 80% em 29 minutos

Dimensões: c/l/a – 4,31/1,56/1,85 m

Peso: 2 355 kg

Bagageira: 460 litros + frunk de 25 litros

Preço: 43 900€ (empresas – 33 669€+IVA, tributação autónoma 0%)