Sensação curiosa aquela que se experimenta ao volante do Mazda 3 de cinco portas e tecnologia semi-híbrida: guiamos uns quilómetros e parece que conduzimos o “nosso” carro. A facilidade de condução e o comportamento geram esta empatia fácil, o ambiente a bordo e imagem de qualidade que salta à vista dão outra ajuda. Enfim, os consumos até fazem esquecer que estamos num 2.0 litros a gasolina. Bem feito este dois volumes de imagem desportiva com preços a partir dos 26 408 euros.
O novo Mazda 3, um Skyactiv agora Mild Hybrid e com um sistema de corte de cilindros até está limitado aos 122 cv, o que parece pouco para um 2.0 litros, mesmo atmosférico. Mas a Mazda defende este princípio, insiste nas cilindradas mais altas, e, bem vistas as coisas, o resultado é muito equilibrado e convincente. Neste caso, dada a bonificação dos híbridos em termos fiscais, até o preço se posiciona entre fasquias aceitáveis, quando se consideram os diversos níveis de equipamento.
E antes de irmos à curiosa imagem do Mazda 3 HB (Hatch Back), vamos à novidade, o sistema Mild Hybrid de 24 volts, com um motor elétrico a assistir o motor térmico, o qual conta ainda com um sistema que lhe permite trabalhar apenas em dois cilindros. Um gerador converte a energia recuperada durante a desaceleração e armazena-a numa bateria de iões de lítio (600 Kj), montada entre as rodas, o que não rouba espaço e ainda otimiza a distribuição de peso. Tudo muito simples e, sem dúvida, eficaz.
Agradável surpresa este novo Mazda 3 Skyactiv-G 2.0 de 122 cv, a provar que esta solução dos semi-híbridos, conjugada com a desativação de cilindros, permite mesmo poupar gasolina, sem grandes artifícios. Agradabilidade de condução e qualidade ajudam a valorizar a oferta
Em termos práticos, o sistema permite poupar combustível e uma melhor prestação ambiental mas também a rentabilização do binário notada nas recuperações muito suaves. É aquilo que costumamos qualificar de motor “redondinho”. Obviamente, não há espaço para grandes explosões, mas a subida de rotações é honesta e o carro não é um pastelão. Sempre são 2.0 litros mesmo que só 122 cv…
Dois cilindros… e economia
Cereja no topo do bolo, quando se fala em economia, o sistema alterna o funcionamento entre dois e quatro cilindros em situações de baixa carga do motor, e basta circular a uma velocidade de cruzeiro constante para que isso aconteça naturalmente. E só estando atento à informação disponibilizada nos apercebemos de que o primeiro e o quarto cilindro estão desativados.
Foi assim que li no computador de bordo consumos de 6 litros aos 100 na autoestrada, com o cruise-control nos 120, e valores entre os 6,2 e os 6,4, num passeio de fim de semana com quatro pessoas a bordo. Forçando a nota, os valores rondarão os 7 litros, ainda assim, razoável.
Do ponto de vista dinâmico, outra agradável surpresa. Este Mazda semi-híbrido é muito ágil, não se furta a andamentos mais vivos e revela então um comportamento próximo do exemplar, assente numa afinação de suspensão muito equilibrada entre a eficácia e o conforto. Pode mesmo curvar-se depressa e sujeitar o carro a bruscas transferências de massas sem que se note qualquer queixume ou se sinta algum calafrio.
Um bom compromisso de direção, que nem precisa de ser muito desportiva, uma caixa de velocidades sempre um mimo no manuseamento e uma travagem, a qual, mesmo progressiva, não compromete, completam a receita para fazer deste Mazda 3 HB um automóvel prazenteiro, agradável de guiar.
Jovem e desportivo, elegante também
Com 4,46 e um estilo muito limpo, tem imagem jovem e desportiva, por um lado, elegante também porque as senhoras não dispensam um comentário elogioso. É assim como um fato de corte simples, mas daqueles que assentam tão bem que não passam despercebidos. Grande grelha, faróis rasgados e quase laminares, compacto bem proporcionado, nem precisa de “esconder” a porta traseira com fechos engenhosos para sugerir o coupé. Escultura modernaça, peça mais talhada à mão do que a escopro. Interessante!
O interior é um exercício de minimalismo bem conseguido. Curiosa a forma do tablier feito de sobreposições e rematado por uma espécie de ”tampa” que deixa um espaço para receber numa “bolsa” o ecrã central de 8,8 polegadas, horizontalizado e sempre comandado pelo prático botão na consola. Esta disponibiliza muito espaço para arrumação e inclui uma grande caixa sob o apoio de braços. Nota para o facto de não haver plástico na metade superior do tablier, e de ele só ser mais notado no forro das portas.
A instrumentação é simples, só o velocímetro é digital, mas nesta versão não falta o head-up-display por projeção no para-brisas. O grafismo do ecrã central é vulgar e o sistema não impressiona do ponto de vista da intuitividade.
Habitabilidade em plano razoável, bancos dianteiros com bom apoio, todas as regulações e posição ao volante fácil de conseguir. Atrás, sem surpresa, tudo é melhor para dois. O espaço para as pernas é suficiente, a altura não muita e o acesso, claro, ligeiramente penalizado pela curvatura do tejadilho.
Espaço vulgar e bom equipamento
Quanto à bagageira, vulgar na capacidade (358/1026 litros), é pena o grande desnível para o fundo e a altura de entrada. Os bancos rebatem na proporção 60×40 .
A versão Evolve Pack i-Activesense+pack Sport que conduzi carregava cerca de dois mil euros em equipamento, designadamente câmara traseira, sensores de estacionamento frontais, vidros escurecidos, chave inteligente e botão de arranque, luzes adaptativas em LED, além de um pacote de série considerável, com head-up display projetado no para-brisas, travão de mão elétrico, ar condicionado automático, volante multifunções em pele, ecrã central de 8,8 polegadas comandado na consola, leitura de sinais, navegação e jantes de 18 polegadas.
Agradável surpresa este novo Mazda 3 Skyactiv-G 2.0 de 122 cv, a provar que esta solução dos semi-híbridos, conjugada com a desativação de cilindros, permite mesmo poupar gasolina, sem grandes artifícios. Agradabilidade de condução e qualidade ajudam a valorizar a oferta.
FICHA TÉCNICA
Mazda 3 HB 2.0 Skyactiv-G 122 cv Evolve Pack-Activesense+Pack Sport
Motor: 1998 cc, injeção direta, mild hybrid, start stop
Potência: 122 cv/6000 rpm
Binário máximo: 213 Nm/4000 rpm
Sistema híbrido: conjunto integrado motor de arranque-gerador comandado por correia; bateria de iões de lítio (600 Kj); conversor DC/DC 1.7 kW (120 A)
Transmissão: caixa manual de seis velocidades
Aceleração 0-100: 10,4 s
Velocidade máxima: 197 km/h
Consumos: médio – 6.3 litros/100
Emissões CO2: 142 g/km
Bagageira: 358/1026 litros
Preço: 28 282 euros, versão ensaiada; desde, 26 408 euros