Um motor a gasolina 2.0 mild-Hybrid a par com o novo diesel 1.8 dão alma à nova geração do Mazda 3, à venda, a partir de março, na versão hatcback e, em Junho, na forma do tradicional sedan. As diferenças são muitas e grandes na evolução do estilo, com toque minimalista, na interpretação do cockpit, na oferta de equipamento e no continuado progresso do princípio Skyactiv, espécie de bússola da marca nipónica. É a promessa de uma nova era. O preço de entrada é de 26 410 euros.
A imagem da quarta geração do Mazda 3 hatchback, o preferido dos portugueses – e apresentada à imprensa internacional na zona de Cascais –, marca uma prometida nova fase do design da marca. Nasce de dois concept-car espetaculares, premiadíssimos e assenta, pura e simplesmente, na eliminação do supérfluo. E a realidade mostra que o objetivo está longe de ser um slogan na “colagem” de painéis arredondados e dispensa dos longos vincos que a marca considera linhas de caráter.
Frente mais baixa, gelha larga “colada” às óticas exemplares na simplicidade, nada de frisos cromados, perfil de coupé marcado por um pilar C tão alargado que se perde na traseira e tem grande peso na imagem e personalidade do carro, enfim uma traseira muito bem composta, a zona mais esculpida, sobre a qual “cai” um óculo bem inclinado em parte coberto por um longo defletor aerodinâmico – o Mazda 3 traz nas formas uma lufada de diferença em 4,46 metros de comprimento, por 1,79 de largura e 1,43 de altura.
Duas propostas na linha da filosofia Mazda, cilindrada acima da potência, aposta na tecnologia própria através do princípio Skyactiv, estética muito especial, ambiente cuidado, procura de oferecer o maior prazer de condução e sempre uma relação equilibrada entre a eficácia e o conforto
É bem possível que nem todos gostem, mas não falta originalidade a este novo passo na expressão do chamado desenho Kodo e de traços fiéis a uma escola de design com pergaminhos muito além da indústria automóvel. E não custa colocar a Mazda – até pelos prémios recentes – na vanguarda deste movimento.
O conceito de menos ser mais…
No interior, bem conseguido, pontuam simetria e horizontalidade na base de outro princípio: menos é mais! Eu gostei, a conceção do tablier é interessante, a instrumentação idem, a ergonomia foi melhorada e o recurso a uma material granulado que imita o couro dá uma nota de qualidade superior ao ambiente. Outra boa tradição japonesa que a Mazda interpreta bem.
Registo para o reposicionamento do seletor de velocidades, mais adiantado, que até permite um grande apoio de braços no prolongamento da repensada consola que nunca é penalizador do manuseamento da caixa de velocidades. E tudo isto apenas com os comandos necessários e sempre com o recurso ao ecrã tátil a partir do grande botão circular na base da consola, solução para mim sempre mais prática. É uma das mais valias do HMI, o interface Homem-Máquina que a Mazda reclama na procura de proporcionar ações intuitivas e um mínimo de distração ao volante.
Bons também são os bancos dianteiros, de nova conceção, adaptados à curvatura da coluna, garantes de conforto com excelente apoio lombar. E ao volante contribuem para uma posição de condução agradável, potenciada pelos ajustes necessários (a coluna de direção tem mais 7 cm de regulação em alcance) e também pela preocupação de orientar o fundamental para o condutor.
Como nem tudo são rosas, a originalidade do estilo complica o acesso aos lugares traseiros, falta altura à moldura da porta, uma vez sentados os olhos ficam muito próximos do limite do vidro também não muito grande dada a solução encontrada para o pilar C. Em termos de espaço, as coisas são normais para dois e como as costas dos bancos dianteiros nem são muito fundas, há mais espaço para os pés.
No que respeita a bagageira, alguma vulgaridade nos 358 litros de capacidade, que podem chegar aos 1026 com os bancos (60×40) rebatidos. O plano de carga, a altura razoável e não alinhado com a moldura do portão, permite carregar objetos com 1,36 metros.
A novidade do mild-hybrid e o novo Diesel “pequeno”
A filosofia de motorização continua a privilegiar a cilindrada. Por isso, mm 2.0 a gasolina atmosférico com 122 cv, no caso beneficiado pela desativação de cilindros (em função das condições funciona em dois cilindros) e por um sistema mild-Hybrid que diminui a carga fiscal e logo beneficia a oferta em termos de preço. Trata-se de um sistema de 24 volts que promove a economia através da reciclagem da energia recuperada na desaceleração. A energia resultante é armazenada numa bateria de iões de lítio (600 kj) e um conversor de corrente (DC-DC) leva-a aos equipamentos elétricos do carro. Funciona também no apoio à condução substituindo o binário do motor térmico no arranque, permitindo alcançar a mesma aceleração com menos combustível. Atua ainda nas desmultiplicações da caixa ajustando a rotação do motor.
Para breve está prometido o Skyativ-X que adota o novo método de combustão de compressão controlada por faísca (SPCCI) e promete para um motor a gasolina resultados de consumos aproximados aos Diesel.
A outra motorização é o novo 1.8 Diesel de 118 cv já conhecido do CX-3 e que veio substituir o “pequeno” 1.5, descontinuado ainda que a Mazda garanta manter aposta séria nos Diesel.
Guiei num curto percurso as duas versões, ambas com caixa automática, e se de qualquer delas fica a ideia de automóveis agradáveis de conduzir, impressionou-me a suavidade do 2.0 Skyactiv-G. Muito redondo, generoso, prestações vulgares, mas, penso, à altura das expetativas de um condutor normal, direção bem calibrada deixa a ideia de ser um daqueles automóveis com os quais nos identificamos facilmente. A suspensão que combina as rodas independentes dianteiras com as barras de torção atrás e a plataforma (2,72 metros entre eixos) já conhecida garantem um bom compromisso entre a eficácia e o conforto.
Novas tecnologias e muito equipamento
Entre as novidades três novos dispositivos de segurança: Driver Monitoring (monitoriza os olhos do condutor e, se considerar a possibilidade de adormecimento, ativa um sinal sonoro); Front Cross Traffic Alert (deteta a aproximação de outros veículos em entroncamentos); e Cruising & Traffic Support (nos engarrafamentos opera automaticamente acelerador e travão para manter as distâncias).
Em Portugal, o novo Mazda junta duas motorizações a outros tantos níveis de equipamento: Evolve e Excellence. A oferta contempla em todos active driving display no para-brisas, ar condicionado automático, travão de mão elétrico, retrovisores elétricos automáticos, volante multifunções em pele, faróis LED, radar cruise-control, sensores de luz, chuva e estacionamento, ecrã TFT de 8,8 polegadas, navegação, reconhecimento de sinais, bluetooth, assistente de manutenção em faixa. A versão Excellence conta com bancos em pele, aquecidos à frente e com comando elétrico para o condutor, jantes de 18 polegadas (16″ no Evolve), câmara traseira e visão 360 graus, vidros escurecidos, chave inteligente, sistema áudio Bose, e luzes diurnas em LED.
Duas propostas na linha da filosofia Mazda, cilindrada acima da potência, aposta na tecnologia própria através do princípio Skyactiv, estética muito especial, ambiente cuidado, procura de oferecer o maior prazer de condução e sempre uma relação equilibrada entre a eficácia e o conforto
Quanto a preços, o 2.0 Skyactiv-G custa entre 26 410 e 32 489, na versão Evolve; e vai de 31 757 a 34 600, para o Excellente. No que respeita ao 1.8 Skyactiv-D, o Evolve varia entre 30 305 e 35 738 euros; o Excelente entre 35 616 e 38 364 euros. Quem optar pela caixa automática gastará cerca de 2200 euros mais. Quanto ao Sedan, anunciado para Junho, arrancará nos 26 442 euros.
Os novos Mazda 3 como a marca os vê e promove
FICHAS TÉCNICAS
2.0 Skyactiv-G
Motor: 1998 cc, injeção direta, mild-hybrid, start/stop
Potência: 122 cv/6000 rpm
Binário máximo: 213 Nm/4000 rpm
Transmissão: caixas manual ou automática de seis velocidades
Aceleração 0-100: 10,4 segundos (10,8)
Velocidade máxima: 197 km/h
Consumos WLTP: combinado 6,2/6,3 – jantes 16 ou 18” (6,5/6,7)
Emissões de CO2: 139/142 g/km – jantes 16 ou 18” (146/152)
Bagageira: 358/1026 litros
Preço: desde 26 410 euros
1.8 Skyactiv-D
Motor: 1759 cc, injeção direta, filtro de partículas, start/stop
Potência: 116 cv/4000 rpm
Binário máximo: 270 Nm/1600-2600 rpm
Transmissão: caixas manual ou automática de seis velocidades
Aceleração 0-100: 10,3 segundos (12,1)
Velocidade máxima: 199 km/h
Consumos WLTP: combinado 4,8/5 – jantes 16 ou 18” (5,5/5,7)
Emissões de CO2: 131/133 g/km – jantes 16 ou 18” (148/152)
Bagageira: 358/1026 litros
Preço: desde 30 305 euros