Que a Mazda produz bom e bem, não constitui novidade. Ainda assim, é um prazer descobrir as qualidades do CX-30. Nem tudo se mostra perfeito, mas só com grande espírito crítico pode dizer-se que este não está entre os bons SUV da sua categoria. Guiei o 2.0 Skyactiv-G de 122 cv, Mild Hybrid, pois claro. Tem preços desde 27 650 euros.

O ambiente a bordo, a escolha dos materiais que limita ao necessário a utilização dos plásticos começa por nos conquistar. É marcante a imagem de qualidade percebida, tanto que até somos levados a pensar num produto de gama superior. E a simplicidade do design casada com o bom gosto também ajuda.

O digital só chega ao velocímetro e, claro, ao ecrã tátil, arrumado numa “caixa” aberta no tablier, que lhe reduz a altura e faz temer pela visibilidade da parte inferior –a rever! O head-up display projetado no para-brisas colmata algumas lacunas.

Em termos de espaço, è normal à frente, onde contamos com um daqueles apoios de braços que não incomoda. Original o sistema corrediço que permite colocá-lo em em diversas posições e aproveitar melhor a caixa a que serve de tampa.

Receita sempre especial, prioridade à cilindrada, a Mazda traz a solução Mild Hybrid e a desativação de cilindros ao MX-30. A qualidade é marcante, as formas não surpreendem, como o espaço a as prestações. Mas a dinâmica agrada, o conforto também e é difícil não gostar

Atrás, as coisas são menos brilhantes, acanhadas. Vale o espaço sob o banco dianteiro que deixa mais liberdade para os pés e permite alguma mobilidade das pernas. Como é cada vez mais habitual, convém pensar que a comodidade é para dois; a altura do túnel é penalizadora mesmo que a console não seja intrusiva. Já o acesso não põe problemas.

A bagageira alinha pelo razoável. Não há fundo falso nem pneu sobresselente, só um pequeno espaço para o kit anti furo e para caixa de primeiros socorros. A boca é larga, mas a posição de carga é elevada e, ainda por cima, com o fundo abaixo da moldura do portão. Facilita pouco, sobretudo a descarga de objectos mais pesados. A chapeleira é rígida e articulada com este.

O estilo traz pouco de novo, na conhecida filosofia chamada Kodo. Alguma evolução das formas que marcam o CX-3, neste caso em 4,39 metros de comprimento, 1,79 e largura e 1,54 de altura, proporções equilibradas, mas aquela silhueta comum nos SUV da Mazda. Destacam-se as grande proteções plásticas que bordejam a carroçaria em toda a volta. Os escapes foram bem integrados nos para-choques.

Receita agradável na condução

Ao volante grande agradabilidade. O motor não é um exemplo de nervo e resposta pronta (o binário fica-se pelos 213 Nm às 4000 rpm) nem de rapidez, mas quando se anda por regimes mais altos desperta, mexe-se muito bem e a alegria, mesmo que contida, tem como contrapartida a descoberta de um SUV que pisa muito bem e revela aquela capacidade em curva que inspira confiança. Estável e assertivo, faz as coisas mais depressa do que se espera e nem precisa de muitas ajudas da eletrónica. E faz sempre com conforto a bordo. De qualquer modo, as prestações são vulgares para um 2.0: 10,6 segundos de 0 a 100 e 186 km/h em velocidade máxima – é uma filosofia que a Mazda mantém.

A direção, ainda que sem ser muito desportiva, revela o “peso” certo para uma manobra normal. Travões e caixa estão à altura e esta continua a ser um modelo de suavidade e precisão.

Só o sistema de travagem de emergência – e não é caso único – pede alguma aprendizagem, pois perante certas manobras podemos ser surpreendidos, nós e quem nos segue, por uma paragem brusca e violenta, aparentemente desnecessária.

Diferença do Mild Hybrid e da desativação de cilindros

A eficácia da solução Mild Hybrid de 24 Volts, com sistema integrado de arranque-gerador, e o complemento da ajuda pela desativação dos cilindros pode ser acompanhada no ecrã central. Fiquei mais impressionado com os resultados alcançados no Mazda 3, ao volante do qual consegui rolar mais vezes em dois cilindros, talvez em função dos diferentes percursos. Peso e aerodinâmica, de todo o modo, são outros e daí aceitar os números menos brilhantes. Ainda assim, 6,7 litros no percurso urbano, um mínimo de 6,5 e, quando carreguei mais fundo no acelerador: 8,8 – não há milagres!

A versão ensaiada foi o Evolve Pack i-Active, o que acarreta faróis automáticos em LED e um pacote de segurança que inclui apoio inteligente à travagem em cidade, detetor de ângulo morto com alerta de tráfego traseiro, reconhecimento de sinais e trânsito, aviso de saída e assistente de posição na faixa de rodagem e cruise-control adaptativo. Ainda travão de parque elétrico, botão de ignição e chave inteligente, ar condicionado automático, volante multifunções, head-up-display no pára-brisas, ecrã TFT com 8,8 polegadas tátil e comandado na consola, sistema de conetividade com telemóveis e navegação. As jantes são em liga.

Receita sempre especial, prioridade à cilindrada, a Mazda traz a solução Mild-Hybrid e a desativação de cilindros ao MX-30. A qualidade é marcante, as formas não surpreendem, como o espaço a as prestações. Mas a dinâmica agrada, o conforto também e é difícil não gostar.

FICHA TÉCNICA

Mazda CX-30 Skyactiv-G i-Active

Motor: 1998 cc, injeção direta, gasolina, mild-hybrid (24 Volts), desativação de cilindros, start/stop

Potência: 122 cv/6000 rpm

Binário máximo: 213 Nm/4000 rpm

Transmissão: caixa manual de seis velocidades

Sistema híbrido: conjunto integrado motor de arranque-gerador comandado por correia; bateria de iões de lítio (600 Kj); conversor DC/DC 1.7 kW (120 A)

Aceleração 0-100: 10,6 s

Velocidade máxima: 186 km/h

Consumos: combinado WLTP – 6,2 L/100

Emissões CO2: 141 g/km

Bagageira: 430/1406 litros

Preço: versão ensaiada –  29 050 euros: desde – 27 650 euros