Grande SUV, 4×4, 327cv, Plug-in o Mazda CX-60 afigura-se proposta para poucos. Bem construído, tecnicamente evoluído, caro, imiscui-se numa renhida “guerra” de nível premium. E deixa claro que esta solução, sobretudo quando há um motor de muita capacidade (2.5), é mesmo para carregar a bateria todos os dias se a quisermos considerar atrativa. Mesmo que seja impressiva a autonomia elétrica.
O topo de gama da Mazda tem o estatuto adequado, boa presença e 4,74 de comprimento. Elegante e robusto, é confortável, mesmo com uma suspensão firme, que deixa sentir as irregularidades nos pisos menos bons. As grandes jantes de 20 polegadas e o perfil dos pneus também não ajudam neste particular, ainda que façam diferença quando se curva em pisos de rolar fácil.
Bem sentados no “primeiro andar”, como não surpreende, num ambiente premium (guiei um topo de gama Takumi), confirmei a ideia guardada da apresentação internacional: um SUV agradável de fruir e eficiente em termos dinâmicos, tendo em conta as dimensões, incluindo a altura (1,68 m).
A dúvida era tão só a validade do sistema de eletrificação e desse vieram indicadores muito válidos. Não tive oportunidade de esgotar a bateria em modo elétrico, mas fiquei seguro de que, em meio suburbano, a meia centena de quilómetros (a marca promete 63) é alcançável sem problemas, desde que respeitemos os 80 km/h das vias rápidas.
Sistema eficiente, dinâmica interessante, tração integral, qualidade indiscutível, espaço e conforto, bom equipamento o CX-60 é o Mazda mais potente de sempre, SUV para um nicho de mercado reduzido com preço, caro, ao nível do segmento
Passando ao modo híbrido com carga na bateria, os 100 primeiros quilómetros, com quatro pessoas a bordo permitiram ler no computador de bordo a média de 4,5 litros aos 100 e 19,5 kWh. Longe do litro e meio anunciado, mas razoável para tanto peso cerca de duas toneladas), grande motor elétrico (175cv) e mais um quatro cilindros de 2.5 litros e 191 cv.
Boa capacidade regenerativa das baterias
Para isto, muito contribui a aparentemente fácil capacidade regenerativa das baterias (17,8 kWh) que nos deixa, muitas vezes, ver acesa a luz verde com a indicação EV, sinónimo de entrada em funcionamento dos motores elétricos e também o ponteiro do rendimento na função de carga. Convincente porque, por exemplo, em autoestrada a 120 km/h ele mantém a velocidade nas descidas e fornece corrente à bateria.
O lado menos brilhante é quando a bateria fica reduzida a um quilómetro de autonomia (nunca descarrega totalmente) e funcionamos limitados ao modo híbrido. Conta quilómetros a zero, para contas mais verdadeiras e 8,7 l/100 km (+11,7 kWh) em 110 quilómetros, ainda com quatro adultos a bordo.
Se dúvidas houvesse, a diferença entre carregar ou não um Plug-in fica bem expressa nesta comparação, eu sei que, neste caso, mais penalizada pela tração integral.
O CX-60 assenta numa plataforma de transição, preparada para receber motores térmicos e eletrificados. No caso do PHEV, arruma as baterias com 17,8 kW entre os eixos, ao nível mais baixo possível e, daí sem comprometer muito o espaço ou a bagageira (capacidade a ter em conta entre os 570 e os 1 726 litros). Como é lógico, baixa o centro e gravidade e ganha a dinâmica.
Combinação vale 327 cv , 500 Nm de binário e Classe 2
O grupo propulsor combina um quatro cilindros 2.5, de 191 cv, com um grande motor elétrico de 129 kW. O resultado da combinação são 327 cv e o binário de 500 Nm, o que não obstante as duas toneladas de peso permite ao CX-60 prestações a considerar: 5,8 segundos de 0 a 100 e uma velocidade de ponta limitada a 200 Km/h.
Tudo isto é gerido por uma nova caixa automática de oito velocidades (discos múltiplos em vez de conversor de binário), que se desembaraça muito bem e deixa este Mazda brilhar quando se aciona o modo Sport e beneficia de toda a capacidade do conjunto, a justificar o vermelho que “pinta” então os instrumentos… O My Drive propõe ainda o modo normal e todo-o-terreno.
Ora esta capacidade combinada com um sistema de tração integral permanente, com função de transferência de binário entre os eixos, permite ao topo de gama Mazda um comportamento dinâmico muito interessante, ainda que a filosofia de SUV assim não sejam as corridas.
Este sistema tração integral, ao contrário do que é costume nos eletrificados, dispensa o motor elétrico no eixo traseiro, recorre a um veio de transmissão e daí o entendimento “técnico” de que não pode ser um Classe 1. É mais uma das situações aberrantes que resultantam do muito especial sistema de portagens das nossas autoestradas…
Equipamento completo
Resta dizer que a versão Takumi, com aquele forro do tablier, muito asiático, ao estilo de um bordado de que poucos devem gostar, conta com uma série de novos sistemas de segurança ativa. Entre eles: monitor de visão 360º de última geração, que melhora a visibilidade ao conduzir a baixas velocidades; assistente de colisão para tráfego cruzado; travagem inteligente em cidade; assistente de manutenção de faixa de rodagem; cruise control adaptativo inteligente; monitorização e aviso de saída de um veículo do ângulo morto, câmara de marcha atrás e visão superior, condução autónoma de nível 2, faróis LED adaptativos, chave inteligente e controlo remoto, ar condicionado automático, botão de arranque, volante multifunções com partilhas para a caixa e velocidades, iluminação interior em LED, estofos brancos em pele -aquecidos à frente e reclinável atrás-, bagageira automática.
Não falta a digitalização dos instrumentos, grafismo simples e legível, head-up display no para-brisas e o ecrã central táctil (rádio, bluetooth, navegação), mais alargado e com 12,3 polegadas, sempre comandado também através do prático botão na consola. Esta bem arrumada, com o selector de velocidades, comando dos modos de condução, travão de parque elétrico, além do espaço para o telemóvel, porta-copos e o indispensável apoio de braços almofadado que esconde uma boa caixa para pequenos objetos. Tudo bem estudado e resolvido.
É um ambiente no qual nos sentimos bem, com uma invulgar atmosfera de espaço, traduzida também em habitabilidade de acordo com aquilo que a imagem exterior promete. Atrás – o acesso é elevado! – viaja-se muito bem, dois melhor do que três, mas com essa possibilidade menos comprometida do que tantas vezes acontece, apesar de lá estar o túnel da transmissão. A distância entre eixos de 2,87 m não é despicienda para esta realidade.
Sistema eficiente, dinâmica interessante, tração integral, qualidade indiscutível, espaço e conforto, o CX-60 é o Mazda mais potente de sempre, SUV para um nicho de mercado reduzido com preço, caro, ao nível do segmento.
FICHA TÉCNICA
Mazda CX-60 e-Skyactiv PHEV 327 AT8 AWD
Motor: 2 488 cc, injeção direta
Potência: 191 cv/6 000 rpm
Binário máximo: 261 Nm/4 000 rpm
Motor elétrico: 175 cv/5 500 rpm – 270 Nm
Bateria: iões de lítio; 17,8 kW; 176 kg
Potência combinada: 327 cv
Binário máximo combinado: 500 Nm
Transmissão: integral permanente (i-Activ), caixa automática de oito velocidades, patilhas no volante
Aceleração: 0-100: 5,8 segundos
Velocidade máxima: 200 km/h (limitada)
Consumo: média – 1,5 L7100 Km (WLTP)
Autonomia elétrica: 63 km (WLTP)
Emissões combinadas de CO2: 33 g/km
Dimensões: c/l/a – 4 745/1 890/1 680
Peso: 2 058 kg
Bagageira: 477/1 726 litros
Preço: desde 62 639€ até 70 239€; (versão Takumi)