É verdade que falta espaço, o acesso pede agilidade, os 132 cv do motor 1.5 são potência modesta mas nada disto obsta a que o Mazda MX-5 seja um fenómeno que resiste ao tempo, um roadster inigualável e um prazer imenso para quem o experimenta e os muitos que o continuam a comprar, e quase sempre a guardar… E ter acesso a “brinquedo” assim por menos de 40 mil euros, é obra.
Personalidade vincada, identidade forte apesar das obrigatórias mexidas e transformações em mais de 30 anos de existência, a Mazda ainda encontra formas de valorizar o seu emblemático descapotável com capota de lona de abertura manual e a opção de tejadilho retrátil (RF) ao estilo targa. Mas hoje é o “clássico” que está em causa.
Sempre divertido de conduzir, com as dimensões e o peso a contrabalançarem a modéstia potência do motor 1.5 atmosférico, o MX-5 recebeu este ano melhoria significativa. Trata-se e sistema único na gama Mazda, desenvolvido, propositadamente, para o roadster e designado KPC (Kinematic Posture Control). Trata-se de um sistema que, explica o construtor, reconhece a diferença de velocidade entre as rodas traseiras em curva, aplicando, ligeiramente, os travões na roda interior. Esta solução impede a elevação do conjunto, melhora as características da suspensão traseira multi-link do MX-5 e reduz o rolamento da carroçaria. Em suma, o KPC estabiliza o automóvel, especialmente nas estradas mais sinuosas e sobre asfalto irregular.
Giro, muito giro! Um brinquedo para gente crescida e que custa largar apesar das limitações ou dos defeitos, como lhe queiram chamar, que desculpamos aos objetos de paixão. Quem compra um carro assim, estará fundamentalmente a pensar no prazer que vai tirar do seu descapotável
Esta espécie de autoblocante, que não aumenta o peso, permite resultados sensíveis na condução, mesmo com o controlo de estabilidade ligado, quando as normais derivas de traseira são “abafadas” e passam despercebidas. Como sempre, desligando o ESP, as coisas são diferentes – e mais divertidas para quem pretende um roadster capaz de ir além do prazeroso passeio de cabelos ao vento.
Dimensões e peso ajudam no desembaraço
O MX-5 nesta versão continua a não ser uma máquina, mas, pelas razões já aqui aduzidas, dimensões e peso, é muito ágil e vivo q.b. atendendo aos 132 cv e ao binário de 150 Nm. As prestações falam por si: 8,3 segundos de 0 a 100 e 204 km/ h em velocidade de ponta.
Motor atmosférico, como a Mazda gosta, ajudado por aquela “rouquidão” comedida do motor (bom trabalho!), vive de uma resposta progressiva do acelerador, sem os “repelões” de um turbo, o que torna a condução muito cómoda. A caixa de seis velocidades é um primor, e beneficia de uma relação que mostra toda a generosidade do motor e lhe dá a capacidade invulgar para rodar a baixa rotação em quinta e sexta. Chega a impressionar: sem vibrações, sem queixumes e sem que o pequeno indicar digital da velocidade engrenada peça para reduzir. Interessante!
Em termos de consumos, resultados honestos. Na autoestrada consegui 5,9 litros aos 100, no respeito dos limites de velocidade. Na utilização mista, em andamento de passeio, andei pelos 7,8.
A direção é muito informativa e os travões não colocam problemas. Resumindo, um automóvel muito equilibrado, a fórmula acertada da simplicidade para um pequeno roadster pensado, fundamentalmente, para ser objeto de prazer.
Só o indispensável, mas o suficiente
Resta dizer que se respira simplicidade no acanhado habitáculo. Quem viaja ao lado é ainda penalizado na movimentação das pernas, em virtude da bossa criada para cobrir o intercooler. Mas só lá está o que faz falta. A instrumentação é analógica, o ecrã central TFT de 7 polegadas, habitual nos Mazda, limitado às sete polegadas, continua a ser também controlado pelo prático botão na consola, mas, atenção, isto não significa que a imagem, indiscutivelmente desportiva, seja de pobreza franciscana. Pelo menos na versão que guiei, um Excellence Navi, a fazer a diferença através dos bancos em pele aquecidos, ecrã com navegação, Apple Car sem fios, arranque inteligente, luzes diurnas em LED e faróis adaptativos na mesma tecnologia, cruise control ar condicionado automático, volante multifunções em pele, detetores de ângulo morto, sensores de chuva, luz e estacionamento traseiro, aviso de transposição de faixa, jantes em liga leve, vidros fumados e sistema áudio Bose. Não falta uma série de packs interessantes, para os mais exigentes.
Como se sabe, não há porta luvas, substituído por uma pequena caixa com chave entre os bancos e são poucos os espaços para guardar mais do que as chaves, carteira e telemóvel. É minúsculo, por exemplo, o compartimento sob o apoio de braços na consola. Não existem sequer bolsas nas portas. Há dois encaixes para garrafas de água, na consola, e outro do lado do passageiro. A bagageira está limitada a 127 litros.
Giro, muito giro! Um brinquedo para gente crescida e que custa largar apesar das limitações ou dos defeitos, como lhe queiram chamar, que desculpamos aos objetos de paixão. Quem compra um carro assim, estará fundamentalmente a pensar no prazer que vai tirar do seu descapotável.
FICHA TÉCNICA
Mazda MX-5 Skyactiv-G Excellence Navi
Motor: 1 496 cc, DOHC, injeção direta, i-stop
Potência: 132 cv/7000 rpm
Binário máximo: 150 Nm/4500 rpm
Transmissão: tração traseira, caixa manual de seis velocidades
Aceleração 0-100: 8,3 segundos
Velocidade máxima: 204 km/h
Consumos: média – 6,3 litros/100 km
Emissões CO2: 142 g/km
Dimensões: c/l/a – 3, 915/1,73571,225 m
Peso: 1 071 kg
Bagageira: 127 litros
Preço: desde 37 306€