Num modelo de carreira feita e reconhecido sucesso como a carrinha Mégane, faltava a eletrificação. Chegou agora e não trai expetativas. Designada E-Tech Plug-in junta às características que a distingue e a tornou um êxito interessantes consumos e uma autonomia elétrica que, na prática, alinha pelos números da concorrência. Tem preços desde 39 750 neuros.

Um 1600 mais “apurado”, dois motores elétricos (um gerador de alta voltagem e outro designado e-moto), bateria de 9,8 Kw/h e caixa de velocidades multimodo sem embraiagem – montada pela primeira vez num modelo de série – e aí está a Mégane ST E-TECH Plug-in que, a exemplo da jovem família de eletrificados da Renault, reivindica muitas heranças da Fórmula 1…

A receita vale 160 cv, um binário de 144 Nm às 3200 rpm e mais 205 Nm no modo elétrico. Em termos de prestações, nada de surpreendente: 9,8 segundos de 0 a 100 e 183 km/h em velocidade de ponta. É a interpretação que privilegia o politicamente correto dos Plug-in, mais economia e melhor desempenho ambiental, em desfavor das prestações.

Mais uma oferta híbrida plug-in que privilegia o politicamento correto, consumos razoáveis e baixas emissões. Esta carrinha Mégane eletrificada é o produto capaz de seduzir os fãs da Renault que estão apostados nas novas tecnologias. Não é dada a explosões e a nova caixa de velocidades merece revisão

O sistema, apesar das naturais particularidades, é idêntico à generalidade da concorrência e contempla os três modos de condução habituais. Neste caso, o modo elétrico chama-se Pure, o híbrido My Sense e, enfim, o Sport. Não falta o eSave (reserva até 40% da carga da bateria) que permite a gestão do modo elétrico para quando ele faz mais sentido – a condução urbana.

Autonomia elétrica mediana, consumos razoáveis

A Renault promete uma autonomia elétrica que pode chegar aos 65 quilómetros na condução urbana e 50 em estrada, tudo na norma WLTP. Num misto, com mais estrada do que cidade, consegui 42 quilómetros, sem grandes preocupações, mas também sem excessos de acelerador. Com quatro pessoas a bordo e num percurso sobretudo de autoestrada, cumpridos a 120 km/h, ao cabo dos primeiros 100 quilómetros, que permitiam potenciar o resultado à custa do modo elétrico, o computador de bordo registou a média redonda de 4 litros aos 100. No final dos 160 quilómetros do percurso, o valor subiu para 4,6. Enquanto simples híbrido, computador a zeros, e para a mesma distância e percurso em sentidoinverso registei 6,1 litros aos 100. Ora, custa pouco dizer que são valores honestos – até porque, fazendo a vontade aos mais exigentes nas críticas e nas “medidas”, são 1600 quilos de automóvel.

Não deixei de experimentar o modo Sport. Comprovei que os consumos passam então a ter pouco a ver com estes, mas constatei que, mesmo no auge da capacidade, com a ajuda dos motores elétricos, não se sentem grandes explosões, a resposta chega a parecer lenta, e a caixa de velocidades torna-se audível, sobretudo naquelas zonas de condução mais exigente, em que é obrigada a alterar as relações com mais frequência.

No modo híbrido, as alterações na propulsão só não passam despercebidas porque tem de ser outro o ruído de marcha quando é o motor elétrico a funcionar. A capacidade de regeneração é interessante, não faltando na caixa a posição B (Brake) que reforça a capacidade sem aquela sensação exagerada de desaceleração e de paragem iminente.

Nova instrumentação digital e adaptado ao PHEV

A eletrificação da Mégane significou uma alteração considerável na instrumentação. Passamos a contar com um painel de instrumentos digital, simples e legível, e com mais funções, para responder à informação própria de um automóvel eletrificado, no conhecido ecrã central verticalizado, beneficiado também por um grafismo mais simpático. O sistema é razoavelmente intuitivo.

O resto é a carrinha Mégane que conhecemos. Condução agradável, rolar fácil, muito cómoda e espaçosa, dinâmica pautada pela eficácia e pelo equilíbrio em curva, quase indiferente às transferências de massas, uma carrinha que transmite segurança. A direção passa por um compromisso eficaz, mesmo sem caraterísticas desportivas.

A eletrificação tem um custo: a mala perde 87 litros de capacidade, por força da colocação da bateria sob o banco traseiro. Tem um pequeno fundo falso onde se arrumam os cabos de carregamento, operação que, dado o carregador de 3,7 kw/h, leva entre três a cinco horas, consoante se use uma wallbox ou posto público ou uma tomada doméstica.

A versão que ensaiei era uma RS Line, a mais bem recheada. Acesso mãos livres, cartão-chave, botão de arranque, travão de parque elétrico, ar condicionado automático trizona, entradas USB e fichas de 220 v à frente e atrás, são neste caso ainda complementados por travagem de emergência assistida com deteção de peões, assistência à travagem de emergência, reconhecimento de sinais de trânsito com alertas e excesso de velocidade, cruise-control e limitador de velocidade, sensores de chuva e luz, câmara de marcha atrás com guias de estacionamento.

Mais uma oferta híbrida plug-in que privilegia o politicamento correto, consumos razoáveis e baixas emissões. Esta carrinha Mégane eletrificada é o produto capaz de seduzir os fãs da Renault que estão apostados nas novas tecnologias. Não é dada a explosões e a nova caixa de velocidades merece revisão.

FICHA TÉCNICA

Renault Mégane ST E-TECH Plug-in RS Line

Motor: 1598 cc, injeção multiponto, gasolina, PHEV (dois motores elétricos)

Potência combinada: 160 cv

Binário máximo: 144 Nm/3200 rpm (205 Nm e-moto)

Transmissão: multimodo sem embraiagem, carretos direitos, 15 combinações

Bateria: iões de lítio, 9,8 kW/h, 400V

Tempo de carga: tomada doméstica, cinco horas; wallbox ou posto público, três horas

Aceleração 0-100: 9,8s

Velocidade máxima: 183 km/h

Consumos: misto – 1,3 L/100 km (WLTP)

Emissões CO2: 28 g/km (WLTP)

Dimensões: (com/lar/alt) – 4625mm;1814mm;1446mm

Peso: 1603 kg

Mala: 389/477 litros

Preço: 43 193 euros, RS Line; desde, 39 750 euros