Grelha retocada, entradas de ar para as "cortinas" que melhoram aerodinâmica (Foto BMW Press Club)

Suspensão mais alta, mas mais próximo do solo (Foto BMW Press Club)

Cidade é meio privilegiado (Foto BMW Press Club)

Estilo inconfundível e qualidade reconhecida (Foto BMW Press Club)

Painel de instrumentos com informação necessária (Foto SP/Milhas)

Ecrã tátil continua a ser comandável por botão na consola (Foto SP/Milhas)

Decoração do tablier com toque desportivo (Foto BMW Press Club)

Ignição, comandos dos modos de condução e da regeneração e corte do ESP sob os botões do ar condicionado (Foto SP/Milhas)

Preparado para receber também a carga rápida (Foto SP/Milhas)

Cabem dois trolleys na bagageira (Foto BMW Press Club)

É sempre especial, cada vez mais rico, engraçado e divertido, mas fica um amargo de boca quando se deixa o Mini Cooper SE, a versão 100 % elétrica: a autonomia tem mais a ver com o citadino despachado, ágil e fácil de arrumar, do que com o pequeno desportivo de coração enorme e muita garra. Não há milagres, nem no preço: 35 200€.

Refrescado pela terceira vez em 2021, inigualável por mais retoques que receba, o Mini Cooper SE foi muito além do apuramento da frente, com nova grelha, sem as luzes de nevoeiro e com as entrada de ar verticais que melhoram a aerodinâmica com as cortinas de ar dirigidas às rodas. Tem a suspensão mais alta e curiosamente ficou mais próximo do solo 1,5 cm e o centro de gravidade baixou também e recuou um pouco. As alterações, que obrigaram a um trabalho sob o fundo, apuraram a dinâmica que continua a ser um mimo de afinação e um desafio dado aquele feeeling sem paralelo reconhecido na “invenção” de Sir Alec Issigonis e nos “derivados” alemães que têm mantido vivo um ícone com 60 anos.

Por dentro, o estilo mantém-se, o nível de qualidade continua a fazer inveja e as concessões a uma imagem de modernidade que torne prático e simples o acesso à tecnologia sem macular uma filosofia muito especial tem-se sucedido com rigor e bom gosto. Desde há uns tempos, é o painel de instrumentos digital de 5,5 polegadas, no qual, frente ao volante, podemos acompanhar o estado da bateria, o efeito da nossa condução sobre o consumo, os momentos de recuperação de energia e os dois níveis de capacidade regenerativa. Complementa o tradicional grande mostrador redondo ao centro do tablier com o conhecido e colorido sistema de infotainement da Mini, intuitivo e comandável no grande botão da consola. Uma crítica, não tem Android Auto.

Proposta muito especial, o Mini Cooper SE afirma-se como um 100% elétrico que permite usufruir de toda a magia de um pequeno desportivo com prestações interessantes e uma dinâmica marcante, mas, nesse caso, penalizado pela autonomia. Continua a não ser barato

Pena, apenas, que um automóvel “bem arrumado” e tão cuidado para o espaço disponível tenha um volante que não seja regulável em altura. É claro, o assento do banco é regulável, mas não é a mesma coisa.

Sobre espaço, nada de novo. Os dois lugares traseiros são limitados e, ainda por cima, o acesso está longe de ser fácil para um adulto. Nada que surpreenda num automóvel que continua a ter 3,84 de comprimento e uma mala com 211 litros de capacidade, neste caso com um fundo falso para os cabos de carregamento. É um Mini e até há escolhas mais generosas no espaço…

Assente numa plataforma que permite instalar as baterias em “T” sob o banco traseiro e o túnel central, solução engenhosa, o Cooper SE só consegue mesmo oferecer espaço para um conjunto que armazena uma capacidade de 32,6 kWh  (28,9 kWh úteis) e daí uma autonomia anunciada de 234 quilómetros.

A máquina continua a ser o motor de 184 cv e 270 Nm de binário máximo, com quatro modos de condução –  Sport, Mid, Green e Green+ –  e dois níveis de regeneração, o mais forte que permite a condução do tipo e-pedal que praticamente permite guiar só com o acelerador.

O que tudo isto significa na prática? Pois bem, com quatro adultos em andamento moderado, num percurso suburbano, o computador de bordo indicou a média de 13,5 kW/100 km, o que equivaleria a uma autonomia de 214 quilómetros, menos 20 do que o prometido. Juntando autoestrada e uns percursos sem preocupação de poupar a média subiu para 14,7 kW/100 km, o mesmo é dizer que teria percorrido 196 quilómetros.

Utilizei quase sempre o modo Green, já que com o Green+ o Mini Cooper SE fica sem ar condicionado, o que não é muito cómodo quando o calor começa a fazer-se sentir…

A condução em modo Sport “limita-se” a dar-nos toda a capacidade do Cooper SE e, claro, com a prontidão da entrega do binário, uma aceleração vibrante. Com 1440 quilos e como que “puxado” para o chão pelo peso adicional (+145 kg),o Mini elétrico, acelera de 0 a 100 em 7,3 segundos, atinge os 150 Km/h e deixa que se controle muito bem a frente e a natural tendência subviradora. Suspensão firme, eficaz e menos simpática para quem se sente no banco traseiro, as ajudas eletrónicas fazem-se sentir com uma condução mais “provocativa” e, se as desligarmos, a traseira pode tornar-se notada em pequenas derivas, mas nada que seja difícil de controlar. Divertido, seguro, convida a usar a regeneração máxima para ajudar na travagem. A direção é direta quanto baste e tem sempre o mesmo “peso” independentemente do modo. Nestas experiências, convém estar atento ao indicador da autonomia e à distância que nos separa de um posto de carregamento.

A propósito, a carga do Mini elétrico faz-se na porta onde estaria a entrada do depósito de combustível. Numa tomada doméstica são precisas 12 horas. No caso de ter uma wallbox, o tempo reduz para três horas e meia. Num posto de carregamento rápido de 50 kW/h para ir dos 10 aos 80 por cento da carga são precisos 30 minutos.

Enfim, já sabe, para ter um Mini elétrico – como qualquer outro automóvel dependente das baterias – deve aceitar a necessidade de uma logística que ainda não está ao alcance de todos. E quanto menos for a autonomia, maiores são as necessidades e as preocupações, mesmo de quem for muito organizado…

A versão ensaiada tinha o preço inflacionado por mais de 4 600€ em equipamento.  A saber, 2 642€ do Pack Mini Eletric Collection (jantes em liga de 17 polegadas, volante desportivo em pele, tejadilho multitone, forro do tejadilho antracite, alumínio no tablier, iluminação ambiente em LED, faróis adaptativos Full LED Matrix, navegação, apoio de braços dianteiro, teleserviços, informação de trânsito em tempo real, Apple CarPlay, Bluetooth avançado e carregador wireless). Ainda, designadamente, câmara traseira, driver assistance, espelhos exteriores com projeção do logo Mini, kit de reparação de pneus.

Proposta muito especial, o Mini Cooper SE, afirma-se como um 100% elétrico que permite usufruir de toda a magia de um pequeno desportivo com prestações interessantes e uma dinâmica marcante, mas, nesse caso, penalizado pela autonomia. Continua a não ser barato.

FICHA TÉCNICA

Mini Cooper SE 3p LCI BEV 184 cv

Motor: elétrico assíncrono

Potência: 184 cv

Binário máximo: 270 Nm

Transmissão: automática, velocidade única

Aceleração 0-100 km/h: 7,3 segundos

Velocidade máxima: 150 km/h

Consumo misto WLTP: 15,3/15,8 kWh

Autonomia anunciada WLTP: 226/233 km, combinad;296/312, cidade

Dimensões: c/l/a/ – 3 845/1 727/1 432

Peso: 1 440 kg

Bagageira: 211 litros

Preço: 41 983€, versão ensaiada; desde, 35 050€