Pioneira dos PHEV e com o seu Outlander sempre reconhecido como bom exemplo, a Mitsubishi resolveu estender a solução ao mais moderno dos seus SUV, o Eclipse Cross. Fez alterações consideráveis na controversa estética, e aí está com mais um Plug-in que continua a impressionar pela original solução tecnológica. O preço é outra conversa. Se fossemos todos empresários, seria um caso sério… Para o público, são 46 728€, com campanha; para as empresas, 32 990€…
Como aquilo que se vê é muito importante, o SUV nipónico perdeu aquela criticada traseira com o spoiler a meio e o óculo duplo que reduziam a visibilidade e ganhou um portão convencional, mais alto ao meio, através de uma protuberância que pretende evocar o pneu sobresselente montado na traseira. Cresceu 14 centímetros, dez atrás, o que reverteu em favor da capacidade da mala (328/1108 litros com os bancos rebatidos – bancos que perderam os 20 cm de movimentação longitudinal). A frente continua a adotar o chamado Dynamic Shield, mas numa solução mais sóbria. Enfim, ficou melhor, pelo menos para mim… É outra coisa!
Por dentro, não foi preciso “mexer” tanto mantendo-se a arquitetura horizontal e uma filosofia muito nipónica, com boa ergonomia, comandos bem arrumados e apenas a surpresa de o momento não ter sido aproveitado para apostar na digitalização que hoje prolifera e casa bem com estas soluções mais tecnológicas. Até mudou o painel de instrumentos e o ecrã central…
Este Eclipse Cross PHEV comprova a eficiência do sistema híbrido da Mitsubishi num SUV agradável de conduzir, confortável e com comportamento honesto. O peso faz-se sentir, é despachado mas não impressiona, nem foi pensado para isso. É um 4×4 Classe 1 com Via Verde
Tração integral conseguida pela opção de um motor elétrico em cada eixo (82 cv à frente e 95 cv atrás), mais um gerador (72 kw) e tudo isto combinado com o quatro cilindros de 2360 cc, o sistema do Outlander, temos um SUV de estilo coupé com 188 cv de potência combinada, mais virado para a eficiência do que para as prestações. E, assim, este Eclipse Cross PHEV é anunciado como capaz de uma autonomia elétrica de 55 quilómetros (WLTP) e de um consumo combinado de 2 litros aos 100 (também no ciclo WLTP). A diferença para o Outlander está na potência, 135 cv no motor e 234 cv no total no SUV maior.
Velocidade única como nos elétricos
O sistema continua a não ter uma caixa e velocidades, sendo a transmissão garantida por uma relação única, ao estilo dos elétricos (como foi explicado, uma desmultiplicação ao estilo de uma quinta velocidade). E daí o construtor dizer que tem nesta solução um automóvel elétrico com extensor de autonomia. Passe a criatividade do marketing, a verdade é que até aos 135 km o bloco de combustão é basicamente um gerador dos motores elétricos que asseguram a marcha. O motor a gasolina funciona como suplemento que intervém quando exigimos mais do acelerador ou se o estado da bateria assim o exigir.

A condução passa por três modos: EV, até aos 135 km/h e apenas à custa da energia armazenada na bateria de 13,8 kWh. Pode ser forçado e funciona também, sempre que possível, sem intervenção do condutor.

O modo Híbrido em Série, funciona também até aos 135 km/h mas com intervenção do motor de combustão, o qual, através de gerador, carrega a bateria; a regressão ao modo EV faz-ze sempre que possível;

O modo Híbrido Paralelo é ativado automaticamente acima dos 135 km/h. Leva o motor de combustão a propulsionar as rodas dianteiras, com o auxílio do motor elétrico, mantendo-se tudo igual no eixo traseiro; quando baixa a velocidade, e logo que possível, voltam os modos EV ou Híbrido em Série.
Pormenor a registar: ao cabo de 89 dias, e se como a Mitsubishi diz ser possível, o Eclipse Cross PHEV tiver circulado sempre em modo EV, o motor de combustão é ativado para manutenção do catalisador e do sistema de injeção de combustível.
É possível “forçar” o modo EV, guardar carga na bateria para a usar onde faz mais sentido e recorrer ao modo Charge para forçar o carregamento da bateria através do motor de combustão quando não houver fonte de energia disponível, o que obviamente sai mais caro do que a eletricidade…
A regeneração pode ser regulada nas patilhas no volante (seis modos, o que até me pareceu excessivo, face à diferença reduzida entre as escolas) e não falta o modo B acionável no seletor de marcha, como é habitual.
Carregamento entre sete horas e 25 minutos…
E a propósito de carregamento, registe-se que o tempo para “atestar” a bateria será de aproximadamente sete horas numa tomada de 8A, seis horas, se dispusermos de 10A e quatro horas com 16A. O carregamento rápido é possível (protocolo CHEdeMO) e os normais 80% da capacidade conseguem-se em 25 minutos. No modo Charge, terá o Eclipse com o motor de combustão a funcionar cerca de meia hora para atingir a mesma percentagem da capacidade.
Um primeiro contacto com o Eclipse Cross PHEV deu, fundamentalmente, para comprovar a eficiência do sistema da Mitsubishi e a indiscutível agradabilidade de condução que proporciona. O peso – e são 1985 quilos! – faz-se sentir, é despachado mas não impressiona, nem foi pensado para isso. As prestações são, aliás, esclarecedoras: 10,9 segundos de 0 a 100 e 162 km/h em velocidade de ponta. Há cinco modos de condução: Tarmac (desportivo),Gravel (gravilha), Snow (neve), Normal e Eco.
O natural rebaixamento do centro de gravidade (30 mm) não é representativo, também porque o peso obrigou a trabalhar a suspensão: este é um SUV pensado para privilegiar o conforto e tanto assim é que, forçando o andamento, sente-se a normal inclinação da carroçaria.
O consumo, com dois estilos de condução bem diferentes, faz pensar na possibilidade de serem normais resultados entre os 5,5 e os 6,3 litros aos 100, menos com a preocupação de poupar. Dúvidas para esclarecer num ensaio mais completo.
A Mitsubishi comercializa apenas uma versão eMOTION, com bom recheio de equipamento: faróis em LED com máximos automáticos, head-up-display por lâmina, reconhecimento de sinais, travão elétrico com auto-hold, cruise control, câmara traseira e sensores de estacionamento e luz, bancos em pele e alcantara, ar condicionado automático bizona, controlo remoto para smartphone, jantes em liga de 18 polegadas.
O preço tem aquela questão dos apoios… para o público, o valor de entrada é de 53 000€, mas a campanha de lançamento reduz o investimento para 46 728€. As empresas, conseguem este Eclipse Cross PHEV por 32 990€. Não custa perceber quem vão ser os clientes!
Pormenor a ter em conta, este é um 4×4 Classe 1 com Via Verde.
Este Eclipse Cross PHEV comprova a eficiência do sistema híbrido da Mitsubishi num SUV agradável de conduzir, confortável e com comportamento honesto. O peso – e são 1985 quilos! – faz-se sentir, é despachado mas não impressiona, nem foi pensado para isso. É um 4×4 Classe 1 com Via Verde.
FICHA TÉCNICA
Mitsubishi Eclipse Cross PHEV eMOTION
Motor de combustão: 2360 cc, gasolina, injeção multiponto
Potência: 98 cv/ 4 000 rpm
Binário máximo: 193 Nm/2 500 rpm
Motores elétricos: dianteiro – 82 cv/ 137 Nm; traseiro – 95 cv/195 Nm
Transmissão: 4×4, velocidade única
Bateria: iões de lítio, 13,8 kWh, 300V
Tempo de carregamento: sete horas (8A), seis horas (10A), quatro horas (16A); carregamento rápido de 80% da carga em 25 minutos
Potência máxima: 188 cv
Binário máximo: N.D.
Aceleração 0-100: 10,9 segundos
Velocidade máxima: 162 km/h (135 km/h em modo elétrico)
Autonomia elétrica (WLTP): combinada, 45 km; urbana, 55 km
Consumo: combinado: 2 L/100 km
Emissões CO2: 46 g/km
Peso: 1 985 kg
Dimensões: (c/l/a) – 4 545/1 805/1 685 mm
Bagageira: 328/1108 litros
Preço: 53 000€, 46 728€ com campanha; empresas, 32 990€