Vistoso, divertido, honesto. São três adjetivos para retratar o Mazda MX-5 RF, a versão de tejadilho retrátil que enriquece a gama do mais famoso roadster do mundo. Um brinquedo adorável mesmo que tomemos por exemplo a motorização 1.5 de 131 cv. Chega e sobeja para o descapotável de estimação com que muitos sonham. É uma proposta séria desse ponto de vista. Até pelo preço!

Este é aquele tipo de automóvel que, para a maioria, deve ser… para guardar por bastante tempo. É sempre divertido e, nesta versão Retractable Fastback, com o tejadilho rígido retrátil como que sai reforçada a utilidade do brinquedo. É sempre diferente do descapotável para o passeio de fim de semana, mais adaptado a quem tenha a paciência de usar carro assim no quotidiano – pode pôr o casaco no banco do lado e o computador na bagageira –, no caso sem as preocupações da capota de lona. Mas, claro, gostos não se discutem. E o “original” será, para muitos, mais verdadeiro…

Dimensões simpáticas (3,92 metros), espaço reduzido, já se sabe, na mala também, limitada a 127 litros. Quem viaja ao lado é ainda penalizado na movimentação das pernas, em virtude da bossa criada para cobrir o intercooler. Vem de longe a solução, como que a provar que nem deve preocupar muito os técnicos da Mazda. Afinal, o carro vende como pãezinhos quentes em todo o mundo e a filosofia é simples – quem goza está ao volante…

Giro, muito giro! Um brinquedo para gente crescida e que custa largar, apesar das inevitáveis limitações ou dos defeitos, como lhe queiram chamar, que sempre desculpamos aos objetos de paixão (…) no caso, até com preço tentador

E a verdade é que goza mesmo até nesta versão de potência mais modesta. Os 131 cv e as prestações vulgares (8,6 segundos de 0 a 100e 203 km/h em velocidade de ponta) são o bastante para valorizar um chassis exemplar, capaz de elevar a condução do MX-5 a um nível de divertimento que, estou  certo, a maioria dos compradores nem pretende experimentar.

Condução de prazer

Pequeno, ágil, mesmo que mais pesado 45 quilos em virtude da solução do tejadilho, ajudado por aquela “rouquidão” comedida do motor (bom trabalho!), este emblemático Mazda MX-5 RF, com o qual rapidamente se estabelece empatia, “embala-nos” numa condução de prazer. Seria diferente se o motor não fosse normalmente aspirado, falta-lhe, para os mais exigentes, o “empurrão” do turbo para outro brilhantismo prestacional.

A filosofia é outra neste automóvel “despachadinho” q.b. e ao volante do qual, levando as rotações lá para cima, num crescendo que também não surpreende, acabam por conseguir-se andamentos interessantes, sobretudo porque caixa, chassis, direção e uns travões que não comprometem, compõem um conjunto tão equilibrado que se torna quase impossível não sorrir e gostar. Bem feito, conseguido!

Eu sei que este é um descapotável fundamentalmente para passear. Até porque quando se pisa o risco, paga-se bem em termos de conforto, na dureza da suspensão, balanceamento da carroçaria, sobretudo nas zonas mais sinuosas. Mas é aqui que somos tentados a transigir para nos divertirmos com o comportamento deste tração traseira, que, às vezes, até ajuda nas trajetórias em resultado do efeito sobrevirador tão natural. Então, convida a guiar mais depressa pela facilidade com que se deixa domar, seja no ziguezague apertado ou nas curvas longas, quando escorrega sem assustar, respondendo saudavelmente às ordens do acelerador e do volante. E uma travagem mais forte não o desequilibra, ainda que peça mais atenção.

Giro, muito giro! Um brinquedo para gente crescida e que custa largar apesar das inevitáveis limitações ou dos defeitos, como lhe queiram chamar, que sempre desculpamos aos objetos de paixão. Quem compra um carro assim, estará fundamentalmente a pensar no prazer que vai tirar do seu descapotável de tejadilho rígido que até tem um preço tentador. Mas se for de fazer muitas contas, pode juntar às razões para justificar a compra lá em casa, que o brinquedo também não gasta muito. Na autoestrada, consegui 5,9 litros aos 100, no respeito dos limites e usando o cruise-control. Na utilização mista, andei pelos 8,3 e fiquei convencido de que pode conseguir-se menos. Para isso, conta outro aspeto a ter em conta, a generosidade do motor, beneficiado por uma relação de caixa que lhe dá capacidade invulgar para rodar a baixa rotação em quinta e sexta. Chega a impressionar: sem vibrações, sem queixumes e sem que o pequeno indicar digital da velocidade engrenada peça para reduzir. Interessante! Haja calma…

Apenas o que faz falta

O sistema hard-top é completamente elétrico, dispensa fechos, abre e fecha em 13 segundos e pode ser acionado a baixa velocidade (até 10 km/h). É operado através de um botão na consola. As secções dianteira e central ocultam-se em conjunto com o vidro do óculo atrás dos assentos, enquanto os pilares traseiros regressam à posição original. A bagageira nem perde capacidade face ao roadster com tejadilho em lona: 127 litros.

Resta dizer que se respira simplicidade no habitáculo de razoável qualidade. Só lá está o que é preciso, incluindo o ecrã central TFT de 7 polegadas, habitual nos Mazda, controlado pelo prático botão na consola, mas, atenção, isto não significa que a imagem, indiscutivelmente desportiva, seja de pobreza franciscana. Pelo menos na versão que guiei, um Excellence Navi, a fazer a diferença através dos bancos em pele, ecrã com navegação, arranque inteligente, luzes diurnas em LED e faróis adaptativos na mesma tecnologia, ar condicionado automático, volante multifunções em pele, sensores de chuva, luz e estacionamento traseiro, jantes em liga leve e um sistema áudio Bose. Não falta uma série de packs interessantes, para os mais exigentes.

Como se sabe, não há porta luvas, substituído por uma pequena caixa com chave entre os recostos dos bancos. Além desta limitação, há poucos espaços para guardar mais do que as chaves, carteira e telemóvel. É minúsculo, por exemplo, o compartimento sob o apoio de braços na consola. Existem dois encaixes para suportes de garrafas de água, na consola, e outro do lado do passageiro.

FICHA TÉCNICA

Mazda MX-5 RF Skyactiv-G 131 Excellence Navi

Motor: 1496 cc, DOHC, 16 válvulas, injeção direta, i-stop

Potência: 131 cv/7000 rpm

Binário máximo: 150 Nm/4800 rpm

Transmissão: tração traseira, caixa manual de seis velocidades

Aceleração 0-100: 8,6 segundos

Velocidade máxima: 203 km/h

Consumos: média –  6,1 litros 100; estrada – 4,9; urbano – 8,1

Emissões CO2: 142 g/km

Bagageira: 127 litros:

Preço: 32 874 euros, versão ensaiada; desce 26 584 euros

 

 

 

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