Com pouco pode fazer-se muito! A prova está na renovação de imagem do Kia Niro. Com base na receita habitual dos facelift, aí está outro rosto, mais modernidade, também no interior que perdeu o cinzentismo e ganha na digitalização. Senti-me noutro carro ao volante do HEV, o híbrido, que “concorre” com o Plug-in, o PHEV. E já agora, se está rendido às novas tecnologias, qual comprar? Isto, enquanto não chega a versão 100 por cento elétrica, prometida para 2020 em Portugal…

Era dos produtos esteticamente menos apelativos da Kia. Para mim, pelo menos. Passei a olhá-lo com outros olhos e não devo ser o único. Até custa a crer como um retoque tão simples na maquilhagem nos traz outro ator a um segmento da moda e ainda pouco explorado pelas propostas assentes em novas tecnologias.

A aposta foi a estética do elétrico e-Niro. Novos pára-choques, óticas redesenhadas, incorporando, à frente, as icónicas luzes DRL com o design “Ice Cube”. Grelha e respetiva moldura foram também alvo de novo desenho. Resultado, um automóvel mais moderno e apelativo. Um trabalho conseguido.

Por dentro, há novos acabamentos, qualidade convincente e, sobretudo, um painel de instrumentos de 7 polegadas totalmente digital (de série nas versões Tech), bem como um ecrã com sistema de navegação de 10,25 polegadas (versões Drive e Tech). Por outro lado, em vez do antiquado travão de estacionamento por pedal surge, enfim, um travão eletrónico, com botão na consola como no e-Niro… A mudança óbvia, em resposta a reparo generalizado.

O Niro PHEV  custa cerca de oito mil euros mais do que o híbrido e leva o preço da versão mais equipada para os 38 200 euros, aproveitando as campanhas da Kia; o preço arranca nos 36 220 euros. Faça as contas. É capaz de valer a pena, pois este  Plug-in revela-se outra bela surpresa. A grande aposta tem sido das empresas

Enfim, mais tecnologias de auxílio à condução, com a possibilidade de condução semi-autónoma; patilhas no volante para a caixa automática de dupla embraiagem e seis velocidades (de série em todas as versões), as quais podem agora ser utilizadas para regular o nível de regeneração de energia, função automática no modo de condução ECO. Tem agregado um modo Sport, acionável no seletor da caixa, capaz de fazer sentido numa ultrapassagem mais forçada pela diferença da resposta ao acelerador e na subida do regime.

Dinâmica interessante e conforto

O resto, aquilo que se sabe e já aqui escrevi sobre o Niro HEV (clique para ler o ensaio), um automóvel que foi pensado para poupar, tem prestações vulgares – 11,5 segundos de 0 a 100 e 162 km/h em velocidade de ponta –, mas uma dinâmica muito interessante, valorizada ainda por um nível de conforto (habitabilidade e comodidade) digno de registo e até saudado por quem viaja atrás.

Em termos de consumos, desta vez, consegui 5,1 litros/100 em andamento de passeio, com quatro pessoas a bordo; 5,6 na auto-estrada, com o cruise control-inteligente nos 120 e a média geral de 5,4. E que condução? Segundo o computador de bordo, 64% económica, 32% normal e 4% agressiva.

E que significam estes valores simpáticos na comparação com o PHEV, mais rápido (10,8 de 0 a 100) e mais veloz (172 km/h) que acrescenta ao mesmo motor 1.6 a gasolina um motor elétrico de 61 cv, alimentado por uma bateria de iões de lítio com 8,9 kW de capacidade. Um e outro acionam apenas as rodas dianteiras e valem os mesmos 141 cv de potência combinada e também 265 Nm de binário.

Comparação pede contas

Ora bem, neste, em modo elétrico, a marca promete 49 km de autonomia, eu consegui muito perto disso em andamento contido, mas sem pisar ovos, num típico percurso suburbano. Acabada a bateria e completados 100 quilómetros, o computador de bordo indicava a média de 2,3 litros! Em modo híbrido parece simples conseguir os mesmos valores do HEV e gozar uma autonomia na ordem dos 800 quilómetros. Nada mau!

A opção, em Portugal, conquista menos os particulares do que as empresas, as quais podem rentabilizar a compra com os apoios concedidos. De todo o modo, quem possa ter a facilidade de carregar o carro em casa, ou até também no emprego, conseguirá potenciar a escolha do PHEV e economizar, sobretudo se não fizer diariamente percursos muitos longos. O processo de carga está estimado em duas horas e um quarto.

O Niro PHEV custa cerca de oito mil euros mais do que o híbrido e leva o preço da versão mais equipada, para os 38 200 euros, aproveitando as campanhas da Kia; o preço arranca nos 36 220 euros. É fazer as contas, pode valer a pena, pois este Plug-in revela-se outra bela surpresa.

Registe que um e outro, dada a colocação das baterias sob o banco traseiro, não oferecem grandes bagageiras: 344 litros o HEV, 327 o PHEV, menos do que um Kia Rio. Não há bela sem senão…

Para ambos há três níveis de equipamento, Urban, Drive e Tech com uma oferta honesta de base e uma proposta bem rica nas versões topo de gama. E faz muita diferença, também, no preço, claro!

Toda esta oferta continua a beneficiar daquele que tem sido argumento de peso na política de afirmação da Kia: sete anos de garantia ou 150 mil quilómetros.

Entretanto, se está mesmo rendido à mobilidade elétrica, pode esperar pelo e-Niro que também já guiámos (clique para ler a apresentação), o qual chega em 2020 com preços estimados entre os 47 e os 50 mil euros.

FICHAS TÉCNICAS

Kia Niro HEV 

Motor:  1580 cc,  injeção direta, start/stop

Potência: 105 cv/5700 rpm

Binário máximo: 147 Nm/4000 rpm

Motor elétrico: síncrono, permanente

Potência: 44 cv/1798-2500 rpm

Binário máximo: 170 Nm/0-1798 rpm

Bateria: polímeros de iões de lítio

Voltagem: 240 V

Capacidade: 1,56 kWh

Performance combinada

Potência: 141 cv/6000 rpm

Binário máximo: 265 Nm/2330 rpm

Transmissão: caixa automática de seis velocidades com dupla embraiagem

Aceleração 0-100: 11,5 segundos

Velocidade máxima: 162 km/h

Velocidade máxima em modo elétrico: 120 m/h

Consumos: média WLTP – 5,1 litros/100 km

Emissões CO2: 117 g/km (jantes 18”)

Bagageira: 344 litros/1450

Preço: 30 570 euros; desde 26 520 (valores com campanha promocional de 3 700 euros)

Kia Niro PHEV

Motor: 1580 cc, injeção direta, start/stop

Potência: 105 cv/5700 rpm

Binário máximo: 147 Nm/4000 rpm

Motor elétrico: síncrono, permanente

Potência: 61 cv/2330-3300 rpm

Binário máximo: 170 Nm/0-2330 rpm

Bateria: polímeros de iões de lítio

Voltagem: 360 V

Capacidade: 8,9 kW

Performance combinada

Potência: 141 cv/6000 rpm

Binário máximo: 265 Nm/2330 rpm

Transmissão: caixa automática de seis velocidades com dupla embraiagem

Aceleração 0-100: 10,8 segundos

Velocidade máxima: 172 km/h

Velocidade máxima em modo elétrico: 120 m/h

Consumos: média WLTP –  1,4 litros/100 km

Emissões CO2: 31 g/km (jantes 18”)

Bagageira: 327/1433 litros

Preço: 39 050 euros; desde 35 750 (valores com campanha promocional de 3700 euros)