É exemplo de uma sinergia conseguida: a imagem personalizada do Nissan Juke e a solução original full Hybrid da Renault. Prestações que não surpreendem, verdade, consumos bem interessantes, o que mais preocupa aqueles que aderem aos híbridos puros e não querem, ou não podem ter, um Plug-in. Casamento feliz, este, em que “a boda” custa… 34 200€ com equipamento invejável.
O crossover da Nissan herda o sistema utilizado nos Renault Clio e Captur, dos quais já usa a plataforma, daí bloco 1.6 a gasolina, a debitar 94 cv, e dois motores elétricos, um deles gerador (49+22 cv, respetivamente). Uma bateria de 1.2 kWh, com apenas 37 quilos, e a exclusiva caixa de velocidades multimodo, com seis engrenagens e 15 possibilidades de resposta, a qual, fundamentalmente, passa por duas opções de desmultiplicação, a alta e baixa velocidade, completam o sistema.
A potência cominada é de 143 cv, o binário máximo combinado fica por revelar, e as prestações, aliás como não surpreende nestes híbridos, passam por valores modestas, mas, na verdade, suficientes para quem dispensa um nervo de cariz desportivo: 10,1 segundos de 0 a 100; 166 km/h em velocidade de ponta.
O sistema funciona sem sobressaltos, as mudanças passariam despercebidas não fora o facto de quando circulamos “à boleia” do motor elétrico – e a marca refere a possibilidade de, em cidade, ser assim durante 80% da circulação – o silêncio se impor a bordo com a entrada em funcionamento da propulsão elétrica. Para ajudar, a caixa de velocidades multimodo, que dispensa comandos no volante os as duas posições de resposta no seletor, é de suavidade e linearidade notáveis, fazendo esquecer a sensação de arrasto e até a “música” das CVT.
Um híbrido que cumpre com os objetivos este Nissan Juke que proporciona consumos interessantes, é menos impressivo nas prestações e na versão N-Design oferece um equipamento muito completo num ambiente jovial e desportivo
Na prática, e adotando um ritmo de condução normal, os números de consumo, lidos no computador de bordo são, no mínimo, muito simpáticos (como já acontecia nos Renault): 5,4 litros/100 km de média geral, com alguns quilómetros de autoestrada aos 120 regulamentares; 4,5 em cidade e no percurso suburbano. O melhor que consegui, segundo o computador de bordo foi 4,4! A marca promete 5,2 no ciclo combinado.
Sistema deixa boas impressões
Usei o modo ECO (Standard, por defeito, e Sport são os outros) e quase sempre o e-pedal que a Nissan – e bem! – associa à receita. Não leva à paragem do Juke, reduz a velocidade até aos 5 km/h, mas revela-se muito útil, principalmente em cidade. A regeneração melhora, obviamente, mas este é outro aspeto em que esta solução convence pela capacidade. E isso nota-se no indicador de carga da bateria que nunca se aproximou do mínimo. Convém referir que também o motor dá uma ajuda, alimentando frequentemente o gerador.
Sempre com arranque elétrico, capaz de fazer 5 quilómetros em modo zero emissões e de rodar assim até aos 55 km/h, este Juke deixa-se potenciar facilmente e ensina a importância de dosear o acelerador num híbrido e vamo-nos surpreender com a forma como se torna fácil ver o indicador do esforço do motor na faixa da economia máxima e o velocímetro nos 100 km/h. Impressivo!

Impõe-se uma ressalva depois da referência às prestações vulgares. Ora, não se pensa que este Juke é um “pastelão” que se arrasta pela estrada. Nada mais errado, apesar do aumento do peso, revela-se desembaraçado e supera a expetativa na resposta às solicitações do acelerador, mesmo sem o recurso ao modo Sport que lhe permite outra expressão. Ágil, suspensão firme – e sente-se! –, é bem comportado em curva sem deixar, claro, de nos lembrar que, com tração dianteira, tem tendência subviradora. Enfim, despachado q.b. tem uma direção que ajuda ao prazer de condução.
Personalidade e equipamento muito completo
Quanto ao estilo, o Juke ganhou muito na mais recente geração, tornando-se mais consensual. Frente ousada e muito composta, mais coupé, traseira onde as formas angulosas das óticas estabelecem contraste interessante com a forma esculpida do portão, tem influências do Micra, o que não lhe retira personalidade própria.
Em matéria de espaço, o suficiente na dianteira, onde mexemos bem os cotovelos. Atrás, salto considerável na habitabilidade que nem é prejudicada pela inclinação do tejadilho, quando sentados ou nos momentos de entrar e sair. Obviamente, o conforto é para quatro, mesmo que possa sentar-se um quinto passageiro, o qual irá queixar-se da (pouca) sorte de ir ao meio. O túnel também não ajuda.
A bagageira, que permite jogar com um fundo falso, perde capacidade devido à eletrificação e fica reduzida a 354 litros de capacidade, 1 237 com os bancos rebatidos (60×40). O fundo é amovível e o plano de carga elevado. A chapeleira cartonada articula-se com a abertura do portão.
Boa posição de condução, interior jovial e de caraterísticas desportivas, marca pontos na qualidade e no acabamento, neste N-Design. Relevo para a pele virada a forrar a parte superior do tablier, consola e as almofadas das portas, estas com original iluminação em LED. Eleva a nota da qualidade percebida, mesmo contrastando com o plástico na metade inferior.
Em termos de equipamento, a oferta é muito atrativa: faróis inteligentes em LED, controlo de chassis, cruise control e limitador de velocidade, sistema anticolisão frontal, Nissan connect, compatibilidade com Alexa e Google Assist e wi-fi com Android Auto e Apple CarPlay, comandos por voz, chave inteligente, botão start/stop, painel de instrumentos específico com indicação do fluxo de energia, câmara de visão traseira com guias e sensores, rádio DAB com seis colunas, ecrã central de 8 polegadas, sensor de chuva, ar condicionado automático, volante multifunções em pele, travão de parque elétrico, luz ambiente em todo o habitáculo, defletor traseiro, antena shark, jantes de 19 polegadas em corte de diamante.
Um híbrido que cumpre com os objetivos este Nissan Juke que proporciona consumos interessantes, é menos impressivo nas prestações e na versão N-Design oferece um equipamento muito completo num ambiente jovial e desportivo.
FICHA TÉCNICA
Nissan Juke 1.6 Hybrid N-Design
Motor térmico: 1598 cc, gasolina, injeção dupla, filtro de partículas
Potência: 94 cv/5 600 rpm
Binário máximo: 148 Nm/3 200 rpm
Motor elétrico: síncrono de íman permanente; 49 cv; 205 Nm
Motor gerador: 20 cv/50 Nm
Bateria: Iões de lítio, 1.2 kWh/230 V
Autonomia elétrica: 5 km
Potência combinada: 143cv
Binário combinado: N.D.
Transmissão: caixa automática multimodo (6 engrenagens+15 modos)
Velocidade máxima: 166 km/h
Aceleração 0-100 km/h: 10,1 s
Consumo: ciclo combinado – 5,2 l/100 km (WLTP)
Emissões CO2: 118 g/km (WLTP)
Dimensões: (c/l/a) 4 210/1 827/1 595 mm
Peso: 1 267 kg
Bagageira: 254 litros/1 237
Preço: N-Design, desde 34 200€
*pintura bitom 500*