Uma grande evolução, outro automóvel este novo Nissan Juke. A imagem é mais conseguida e o interior mais sóbrio. Ganhou ainda o espaço que lhe faltava, agora vivido com melhor nível de conforto também. Está limitado ao 1.0 de três cilindros turbo de 117 cv, o suficiente para cumprir. Sem grandes explosões, claro, mas com consumos a levar em conta. Tem preços desde 19 990 euros e uma oferta muito alargada de equipamento e personalização.

Agora assente na plataforma usada pelos Renault Clio e Captur, ligeiro e ágil, o Nissan Juke que guiei numa versão Premiere Edition (500 exemplares numerados) com a caixa automática de dupla embraiagem de sete velocidades, mexeu-se sempre muito bem, sem ser um exemplo de rapidez. A diferença é significativa quando se liga o modo Sport no interruptor na base do seletor de velocidades, especialmente na comparação com o modo ECO que faz-se realmente sentir. É a diferença entre uma vivacidade, mesmo que moderada, que assenta bem ao crossover nipónico, e os valores da razão de quem se rege por outros critérios. O modo Standard estabelece uma ponte equilibrada entre os extremos das escolhas.

Tudo isto à custa de um três cilindros conhecido que não merece reparos em termos de vibrações ou sonoridade e que se revela muito generoso na entrega da potência. As prestações, penalizadas na aceleração pela caixa automática (11,1 s contra 10,4 de 0 a 100) deixam perceber que não podem pedir-se milagres. No que respeita a consumos, considero razoáveis os 6,3 em auto-estrada com o cruise-control inteligente nos 120 km/h e os 6,4 no percurso urbano. A média geral, com alguns exageros, ficou-se nos 6,8. Pareceu-me capaz de melhor!

crossover bem interessante este Nissan Juke, mais espaçoso, confortável, vivo q.b para os 117 cv do três cilindros 1.0 e que com a caixa automática de sete velocidades permite consumos razoáveis. Os preços são competitivos e as escolhas muitas

Curva muito bem e a direção revela o “peso” adequado para manter na linha um eixo dianteiro obediente. E marca pontos a resposta da suspensão que nos transmite confiança. Diferente  daquelas  “tábuas” mais desportivas, o Juke agarra-se à estrada com afinco e resiste bem às bruscas mudanças de direção. Isto significa sem que a macieza da suspensão nos faça sentir aos baldões no habitáculo quando se usa um andamento mais exigente. Os bancos desportivos dão uma ajuda nesse particular.

Outro ambiente e mais espaço

A caixa automática de sete velocidades não prima pela rapidez se a ideia for utilizar as patilhas no volante à procura de outro envolvimento na condução. De todo o modo, a gestão é muito criteriosa e com mais travão ou acelerador consegue-se um bom compromisso, até porque não se notam hesitações e a relação certa “aparece” engrenada. Indiscutivelmente, e sem surpresa, é outro conforto na condução num carro já de si agradável de manobrar, daqueles com os quais se cria uma relação quase imediata.

A posição de condução é agradável, os bancos desportivos, repito, contribuem para isso, a exemplo do volante, boa pega, bem dimensionado e achatado no bordo inferior. Não faltam regulações, a ergonomia dispensa comentários.

Tudo isto vive-se num ambiente bem diferente, para mim menos futurista, ainda que moderno, jovial e, no caso desta versão topo de gama, com uma escolha de materiais –  alcantara, pele sintética, piano black – que potenciava a qualidade percebida.

Design simples mas elaborado, o conjunto, do meu ponto de vista evolução significativa, não dispensa o painel digital e o ecrã central ao estilo tablet, assente sobre as saídas de ar, com os comandos associados, sete teclas o bastante para complemento da função tátil. O botão de ignição está associado à consola.

Em matéria de espaço, o suficiente na dianteira, onde mexemos bem os cotovelos. Atrás, salto considerável na habitabilidade que nem é prejudicada pele inclinação do tejadilho, quando sentados ou nos momentos de entrar e sair. Obviamente, o conforto é para quatro, mesmo que se possa sentar um terceiro passageiro… que talvez exija um sorteio.

A bagageira, que permite jogar com um fundo falso, tem 422 litros de capacidade e com os bancos rebatidos pode chegar aos 797 litros, se nos ficarmos pelo nível dos bancos. O plano de carga é alto e grande o desnível para o fundo, logo penalizador da movimentação das cargas mais pesadas. A chapeleira é cartonada e articulada com a abertura do portão.

Os mesmos traços para um Juke diferente

Para finalizar, a estética, até porque as últimas impressões são, regra geral, as que perduram. O novo Juke é mais consensual e o aspeto marcante é o desaparecimento daquelas luzes dianteiras, grandes bolhas plásticas, de que nunca gostei. Sem perder os traços que lhe continuam a marcar a personalidade, o novo crossover da Nissan está mais composto, a frente ganha outro peso e as influências do novo design da marca – Micra e até Leaf – estão bem patentes na silhueta, que parece mais coupé, e na traseira onde as formas angulosas das óticas estabelecem contraste interessante com a forma esculpida do portão. Reconhecidamente, o novo Juke, é também, e sem dúvida, um Juke bem diferente.

Em termos gerais, um crossover bem interessante este Nissan Juke, mais espaçoso, confortável, vivo q.b para os 117 cv do três cilindros 1.0 e que com a caixa automática de sete velocidades permite consumos razoáveis. Os preços são competitivos e as escolhas muitas.

A Premiere Edition que guiei com 7 300 euros de extras para a versão base, reúne uma rica parafernália de equipamento. Só para se ter uma ideia: Pro-Pilot, com sistema de manutenção em faixa, cruise-control inteligente e assistência no para-arranca no trânsito; navegação; sistema de som Bose com colunas nos encostos de cabeça dos bancos dianteiros; chave inteligente; câmara de 360 graus com deteção de objetos em movimento; jantes de 19 polegadas; pintura bitom; faróis em LED; estofos em pele e forros de portas em alcantara; bancos desportivos Monoform; ar condicionado automático. E tudo o mais próprio de um carro bem equipado do segmento.

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FICHA TÉCNICA

Nissan Juke 1.0 DIG-T A/T Premiere Edition

Motor: 999 cc, três cilindros, turbocompressor, injeção direta, start/stop

Potência: 117 cv/5 250 rpm

Binário máximo: 200 Nm/1 750- 3 750 rpm

Transmissão: caixa automática de dupla embraiagem com sete velocidades; patilhas no volante

Aceleração 0-100: 11,1 s

Velocidade máxima: 180 km/h

Consumos: média WLTP – 6,4 L/100

Emissões CO2: média – 145 g/km

Bagageira: 442/797 litros

Preço: versão ensaiada – 27 200 euros; desde – 19 900 euros