Que grande volta levou a nova carrinha Seat Leon! Mais espaço, uma revolução no interior, mais qualidade, a mesma dinâmica convincente, consumos razoáveis e tudo isto sob um fato de corte moderno, daqueles que caem bem a quase todos. Trabalho notável da marca espanhola da Volkswagen que mantém política de preços “ajuizada”. Guiei a bem interessante 1.5 FSI Mild Hybrid com 150 cv.

Talhada numa linha de aproximação ao Tarraco, por influência da grelha, linhas escorreitas em que se privilegia mais a forma da seta do que a peça musculada, a carrinha Leon, que cresceu 10 cm no comprimento (4,64 m), tem um estilo jovem e desportivo, mas simultaneamente um toque de sobriedade que lhe dá caráter, pela dispensa da profusão daqueles apêndices que se associam a um estilo agressivo. Fazem-lhe falta nenhuma…

As jantes de 18 polegadas (588 euros) emprestam-lhe aquele peso que complementa as proporções equilibradas e a postura convincente em estrada. E, depois, não pode faltar uma nota para o conjunto dos grupos óticos, na linha habitual à frente, marcantes atrás pelo recurso a uma faixa luminosa a toda a largura. Não é novo, verdade, mas assenta muito bem nesta Leon, que se torna bem mais visível na estrada. A segurança agradece…

Revolução digital no interior e mais espaço

No interior, é a noite e o dia. Prioridade à digitalização, claro, num tablier em duas “camadas”, horizontalizado e de linhas direitas, forro almofadado em cima, bem defendido pelo toque suave do plástico a imitar o alumínio baço na metade inferior. Resulta o conjunto, até por haver clara melhoria dos materiais e muita atenção à montagem. Sobram alguns plásticos mais frios, mas isso é solução cada vez mais transversal.

Produto bem interessante esta SEAT Leon ST 1.5 TSI DSG FR, grande evolução face à proposta interior. À surpresa do espaço atrás e na bagageira, ao modernismo do interior, marcado pela digitalização e pela qualidade, acrescem qualidades dinâmicas convincentes, conforto e um motor com alma suficiente que também permite consumos razoáveis

O painel de instrumentos permite diversos cenários e o ecrã central passa a ser um tablet de dez polegadas, bem integrado e sem interferir na visibilidade. Botões, o mínimo, e excetuando os comandos do volante multifunções, e interruptores dos auxiliares, em baixo, à esquerda do volante, o resto são botões táteis. Mais um exercício do minimalismo a que nos vamos habituando. O ecrã central contempla um imenso desfile de funções, está lá praticamente tudo, é razoavelmente intuitivo, mas há que aprender para memorizar onde está tudo.

Destaque para a iluminação interior, com um filamento em LED que envolve o limite superior do tablier, a partir do meio das portas, e integra o aviso do ângulo morto num faixa que muda de cor. Interessante, acho eu – e com futuro. Como é hábito, o filamento pode assumir diversos tons. É um extra que custa 267 euros.

Melhor habitabilidade e mala maior

Esta Leon, tem pormenores que nos fazem pensar num produto de nível superior. Em especial quando nos sentamos atrás, onde o acesso é fácil, e somos surpreendidos com uma disponibilidade de espaço que sugere habitabilidade de gama superior. O túnel é alto e o espaço justo é para dois, sem surpresa. De qualquer modo, foram muito bem aproveitados os cinco centímetros que o carro ganhou entre eixos – tem na base a renovada plataforma MQB. Não falta o ar condicionado distribuído a partir da caixa da consola. Também na evolução da bagageira que oferece 620 litros de capacidade, outro número que desafia ofertas superiores. A placa do fundo pode ser montada em duas posições, originando um fundo falso, menos prático porque neste caso assentava sobre a roda sobresselente. Os bancos rebatem na proporção 60×40. Quanto à chapeleira, a tradicional persiana plástica de enrolar.

Ao volante estamos bem sentados, num banco envolvente e com apoio lateral suficiente. A consola tem espaço para o carregador por indução do telefone, inclui duas tomadas USB-C. O apoio de braços, que esconde uma pequena caixa, não incomoda.

Temperamento vivaço, ágil e bem mandada

A minha experiência com a nova carrinha, designação Sportstourer, passou pela nova motorização 1.5 TSI, o quatro cilindros a gasolina de ciclo Miller com 150 cv e 250 Nm de binário máximo, agora com sistema mild hybrid de 48 V e capacidades geridas pela conhecida caixa automática DSG na versão de sete velocidades. É um casamento feliz a garantir aquele temperamento vivaço que está nos génes da SEAT.

A eletrificação da proposta contempla uma bateria de iões de lítio associada a um motor-gerador. Os ganhos de eficiência passam pela possibilidade deste Leon poder circular à vela com o motor “cortado”, de receber também alguma ajuda elétrica e poder regenerar energia através da travagem. O arranque é mais suave e em andamento não se dá pelo sistema; a economia pede comparação com os resultados da motorização normal.

A suspensão firme, seca às vezes, e por isso sonora nos maus pisos, tem o condão de não originar queixas a quem se senta atrás. E, claro, com a afinação ganha o comportamento do automóvel que sentimos bem mandado e ao qual parece fácil afeiçoarmo-nos. É como se fosse nosso há muito tempo!

Fácil e agradável de guiar, como se percebe, ágil, esta carrinha está à vontade nas zonas sinuosas, vai até além das expetativas, a transmissão gere sem baralhações aquilo que se exige ao acelerador e se pede aos travões para encontrar a relação adequada.

Comportamento típico de tração dianteira, é fácil de colocar no sítio certo, até porque a direção é rápida, revela peso ajustado e revela-se direta q.b. Uma afinação conseguida!

Despachada – os 8,7 segundos de 0 a 100 e os 215 km/h de velocidade máxima são valores razoáveis –, esta SEAT ST 1.5 TSI DSG FR até deixa a certeza de que está pronta para outras exigências e, em algumas ocasiões, binário e potência até podem saber a pouco. Mas é preciso descer à terra: afinal estamos num familiar e do segmento C.

Em matéria de economia, esta Leon pode pautar-se pela honestidade se a ideia for respeitar os limites e não optar por uma condução “nervosa”. Eu consegui 6,6 entre autoestrada (mantendo os 120 km/h) e estrada secundária, com quatro ou duas pessoas a bordo e utilizando o modo Eco, que dá e sobeja para andamentos moderados. Era o mesmo valor que indicava o computador de bordo para um acumulado de 270 quilómetros! É claro que quando se vai buscar o modo Sport e aquele suplemento de energia na resposta, os valores aumentam e podem chegar aos 7,5 aos 100. Normal para 150 cv.

Muitas opções no equipamento

Esta versão FR conta de série com um nível de equipamento interessante, mas no caso da unidade testada tinha um recheio suplementar que lhe dava quase tudo quanto pode exigir-se a este nível. A saber, designadamente, abertura mãos livres com sistema avançado, luzes Full LED com máximos automáticos e piscas dinâmicos, luz ambiente envolvente, forro do tejadilho negro, pacote dinâmico e de conforto, carregador por indução para o telemóvel, jantes de 18 polegadas maquinadas, SEAT Connect, navegação Plus, portão da mala elétrico, câmara traseira. Eram 4717 euros de extras.

Em síntese, produto bem interessante esta SEAT Leon ST 1.5 TSI DSG FR, grande evolução face à proposta interior. À surpresa do espaço atrás e na bagageira, ao modernismo do interior, marcado pela digitalização e pela qualidade, acrescem qualidades dinâmicas convincentes, conforto e um motor com alma suficiente que também permite consumos razoáveis.

FICHA TÉCNICA

SEAT Leon Sportstourer 1.5 TSI DSG FR

Motor: 1498cc, injeção direta, turbo, gasolina; Mild Hybrid 48 V

Potência: 150 cv/5000-6000 rpm

Transmissão: caixa automática de dupla embraiagem com sete velocidades

Aceleração 0-100: 8,7 segundos

Velocidade máxima: 215 km/h

Consumo misto (WLTP): 5,6/6,4 L/100 km

Emissões CO2 (WLTP): 127/145 g/km

Dimensões (c/l/a): 4642mm/1799mm/1437mm

Mala: 620 litros

Peso: 1410 kg

Preço: 39 163 euros, versão ensaiada; desde, 34 446 euros