Até para quem não é especialmente fã dos elétricos, o Novo Fiat 500, é mesmo assim que se designa, surge como muito mais do que uma gracinha, produto apelativo e racional. Os italianos mostram uma prova de capacidade notável num momento em que são parte de um novo universo – Chrysler e PSA incluídos –, onde esta realização representa sinónimo claro da sua afirmação. O 500 elétrico, que pode não ser o mais barato, é bem visto e bem feito.

Antes do mais, porque é o que conta para quem admite a compra de um automóvel elétrico, registe-se que a Fiat propõe, para já uma bateria de 42 kw e um motor de 118 cv, o que em termos de autonomia pode chegar aos 320 quilómetros (460 em cidade) no ciclo WLTP. Mais tarde, a gama integrará uma bateria de 23,8 kw, com autonomia mais limitada, 180 km (240 em cidade) e, claro, preços mais baixos. Para já, o Novo  500 tem preços desde os 23 800 da versão Action aos 41 500 do La Prima Cabrio.

Na linha de desenvolvimento das formas mágicas do 500, esta nova versão ganhou corpo sem perder as proporções nem identidade. Cresceu 5,6 cm no comprimento, mais ainda na largura, 6,1 cm, também com vias aumentadas (5 cm) e por via disto tudo, aumentou dois centímetros entre eixos. Neste caso os benefícios não fazem-se sentir-se ao nível da habitabilidade traseira, ainda limitada. Mas quem compra sabe ao que vai e também no que respeita à bagageira, com os seus modestos 185 litros.

Carroçaria 3+1 alarga gama

Novidade importante, ainda que não para já, é a versão 3+1, com uma pequena porta traseira do lado direito, ao estilo da solução da Mazda, mas também uma recuperação das portas articuladas do 500 de 1957. Não há pilar B, a porta traseira abre para trás e só funciona depois de acionada a dianteira, mas permite um acesso que, dizem as senhoras – e este é um carro muito feminino –  dá um jeitão sobretudo para as cadeirinhas dos bebés. Acredito, até por me parecer a vantagem mais significativa da solução num citadino destas dimensões. Talvez ajude também nas idas ao supermercado quando se trata de carregar as compras. Para um passageiro obriga a menos ginástica…

Eletrificação total do renovado Fiat 500 resulta num citadino bem interessante. Ágil, muito bem agarrado ao solo fica muito equilibrado com os 118 cv e a bateria de 42 kw/h que pode chegar aos 320 quilómetros de autonomia

Além da graça da terceira carroçaria, o Novo  500 continua a ter as opções berlina e cabrio em quatro versões e o Icon que experimentei, a um degrau do topo de gama, La Prima, oferece já um nível de equipamento perfeitamente adequado à oferta.

Interior mais cuidado, com uma excelente qualidade e maquilhagem dos plásticos, acabamento sempre melhorado e um nível de qualidade que valoriza a grande evolução da Fiat neste aspecto, o Novo 500 tem o mesmo ambiente jovem, neste caso com o toque tecnológico da digitalização do painel de instrumentos, em complemento do ecrã central (7 ou 10,25 polegadas), suspenso no tablier. Para completar, os botões minimalistas ordenados ao género do teclado de piano. E depois, os materiais escolhidos para estofar o painel de instrumentos, “inspirados – explica a Fiat –, nos elementos naturais, tais como a madeira, com tratamentos inovadores, incluindo a impressão de superfícies tridimensional e com gráficos, assim como tecelagem que relembra o conceito de artífice, ambos interpretados com o gosto contemporâneo típico do 500”. Resulta! Até a colocação dos comandos da transmissão noutro teclado na base do tablier – simples e prático.

Botão para abrir a porta e encaixe para a chave

Pormenores curiosos, o botão que substitui o puxador para abrir as portas, o encaixe que recebe a chave na caixa da consola e assegura o contacto, já que o arranque é feito no botão start/stop.

Viver este ambiente é tão agradável como a condução do 500 elétrico, marcada pelo silêncio, ainda que as jantes de 17 polegadas (um extra que robustece o carro) acarretem, naturalmente, um rolamento com outra sonoridade da suspensão quando o piso se degrada.

Em termos dinâmicos, o 500 está ainda maia agarrado ao solo com os 290 quilos da bateria de iões de lítio (Samsung) colocada entre os eixos. Ganha a repartição de massas e o comportamento do carro em curva, mesmo que as prestações, como é normal, não sejam de molde a grandes habilidades (nem é o objetivo): brilham mais os 9 segundos de 0 100 (3,3 s de 0 a 50!) do que os 150 km/h de velocidade máxima, limitada como é habitual.

Há três modos de condução: Normal, Range, aquele que permite a condução só com o pedal do acelerador, prático, sobretudo, na cidade, e Sherpa, a solução capaz de garantir um consumo mínimo através da redução da potência (77 cv e velocidade máxima limitada a 80 km/h) e que pode ser útil em momentos de dificuldade por falta de carga.

Enfim, no que respeita ao carregamento, é possível a carga rápida a 85 kW que garante em 35 minutos 80 por cento da capacidade ou 50 quilómetros em cerca de cinco minutos. Recorrendo aos 11 kW de corrente alternada, conte com quatro horas e um quarto. Com wallbox, se dispuser de 7,4 kW bastam cerca de seis horas. Numa tomada caseira de 3 kW precisará de 15 horas e meia.

Enfim, a eletrificação total do renovado Fiat 500 resulta num citadino bem interessante. Ágil, muito bem agarrado ao solo fica muito equilibrado com os 118 cv e a bateria de 42 kw/h que pode chegar aos 320 quilómetros de autonomia.

O 500 elétrico já pode ser encomendado, os primeiros serão entregues em Janeiro e o 3+1 estará disponível no final do primeiro trimestre de 2021.

A garantia da bateria é de oito anos os 160 mil quilómetros.

O Novo 500 é candidato ao Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal.

FICHA TÉCNICA

Novo Fiat 500

Motor: assíncrono de íman permanente, dianteiro

Potência: 118 cv

Binário: 220 Nm

Bateria: 42 kW/h

Transmissão: velocidade única, tração dianteira

Aceleração 0-100: 9 segundos

Velocidade máxima: 150 km/h

Consumo médio: 13,8 kW/100 km

Carregamento: tomada doméstica, 15,30 horas; wallbox 11 kW, 4,15 horas; 80% em posto rápido, 35 minutos

Autonomia: 320 m (WLTP)

Peso: 1330 kg

Dimensões: (C/L/A) – 3632/1683/1527 mm

Bagageira: 185 litros

Preços: desde 23 800 €, berlina; 31 800 €, 3+1; até 41 500 €