É bem mais diferente do que parece, ganhou em qualidade, não surpreende no espaço mas até tem habitabilidade melhorada e a maior mala do segmento. Mais brilhante na dinâmica sem ter perdido conforto, o 1.3 TCe de 130 cv está associado à caixa automática de dupla embraiagem e sete velocidades e consegue consumos muito honestos. O preço desta versão musculada arranca nos 23 920 euros, mas o novo Clio está disponível a partir dos 17 790 euros!

Ainda que sejam evidentes as heranças do Mégane, o novo Clio identifica-se naturalmente. A sua evolução foi tratada com pinças, mesmo que não sobre um painel da carroçaria da versão anterior. Pode admitir-se que não houve ousadia, mas o resultado é bom e o vistoso cinco portas de quatro metros, bem proporcionado, continua a sugerir na sua elegância muito francesa a imagem do coupé, com os puxadores das portas traseiras ainda mais bem “escondidos” no topo lateral da porta – bem feito!

No interior salta à vista a qualidade dos materiais – aumentaram os plásticos dúcteis –, trabalhados e combinados num tablier que ganha novas formas, moderno e sobretudo a transmitir convincente imagem de robustez através de construção cuidada. Pelo menos nesta versão RS Line, pendor desportivo, ambiente dominado pelo preto e alguns frisos vermelhos além da cada vez mais comum imitação da fibra de carbono, experimenta-se um refinamento que facilita a ligação sensorial com o Clio.

Este novo Clio é um automóvel com o qual nos relacionamos facilmente e muito bem.  Agradável de conduzir, eficaz e bem mandado, confortável, explora bem o motor de 130 cv e a caixa automática surge como mais valia que nem pesa nos consumos. E ainda tem muito equipamento e preço razoável…

Os bancos, bem desenhados e absorventes ajudam a desfrutar confortavelmente de tudo isto, o volante multifunções, na medida e pega ajustadas dá uma ajuda; o resto parece natural, com destaque para o ecrã central verticalizado tipo iPad (7 polegadas ou 9,3 em opção) e para a interpretação do minimalismo nos comandos. A instrumentação é digital em toda a gama, apresentada em painel de 10 polegadas e segue a filosofia habitual.

Dispensado, nesta versão, é o apoio de braços sobre a consola, a qual inclui travão de mão convencional, preenche o intervalo do bancos e por isso oferece menos arrumação. Confesso que não me faz falta, mas sei que muita gente gosta.

Espaço q.b. e mala referencial

Em matéria de espaço, as cotas de habitabilidade até são até superiores, mas nem por isso este é um dos aspetos marcantes do Clio. Os bancos redesenhados e mais finos permitiram ganhos na espaço, mas também, atrás, diz quem experimentou, são mais duros do que é habitual.

A bagageira, fundo falso, “boca” mais larga, cresceu ligeiramente para 391 litros (+5), a princípio nem surpreende, mas a verdade é que lidera as ofertas do segmento. Pena que a solução da porta traseira crie um plano de carga muito desnivelado e bastante alto em relação ao fundo, o que não facilita o manejamento da bagagem mais pesada. O banco traseiro rebate na proporção 60×40 e é acionado nos ombros do recosto aumentando a capacidade de carga para 1096 litros.

Ao volante, é logo na primeira curva que surge a surpresa. É notável o equilíbrio conseguido pela Renault na relação entre a eficácia, a suavidade da suspensão e com ela o conforto. Com toda a naturalidade, um silêncio de marcha digno de registo – boa aerodinâmica e insonorização superior –, o novo Clio é senhor de uma agilidade de fazer inveja.

Suspensão mais firme, o mesmo conforto

É verdade que, quando se “pisa o risco”, pisca a luz amarela que assinala a intervenção das ajudas eletrónicas, mas isso vez alguma se faz sentir de forma brusca nem belisca a sensação de segurança experimentada na condução. E naqueles encadeados ziguezagueantes o Clio nunca se “descompõe” nas transferências de massas mais exigentes. A suspensão ganhou outra firmeza, é um facto, mas esse enrijecimento, que minimiza o natural molejamento, foi conseguido sem penalizar as caraterísticas de conforto tão caras ao construtor. Excelente compromisso proporcionado por um novo chassis – plataforma desenvolvida pela Aliança e que conta designadamente com um eixo dianteiro mais rígido

Estávamos ao volante, como já referi, de um 1.3 TCe de 130 cv, caixa automática de dupla embraiagem e sete velocidades, com patilhas no volante – não há opção manual –, dotado do sistema Multi-Sense. Trata-se de uma estreia no Clio este sistema que disponibiliza três modos de condução: Eco, Sport e Multi-Sense, o qual permite personalizar os parâmetros que alteram desde a cartografia do motor à direção, mas também a luz ambiente e a configuração do ecrã digital. Nada de extraordinário mas pormenor sempre enriquecedor da oferta.

Caixa automática com consumos razoáveis

A conhecida transmissão automática tem excelente resposta e se o objetivo for poupar ela própria “percebe” e nem é preciso recorrer às patilhas para rolar, num ápice, entre a quinta e a sexta relações naqueles andamentos moderados. Procurando ritmos mais vivos, não surpreende na rapidez da resposta, mas também nunca evidenciou tendência para “baralhações”.  Tire-se, no entanto, o sentido de uma utilização eficaz do tipo desportivo. O que não impede este Clio, explorando os 240 Nm de binário que lhe garantem condução confortável, de ganhar rotações com naturalidade e fazer gestão criteriosa de performances consideráveis: 9 segundos de 0 a 100 e 200 km/h em velocidade de ponta.

Os consumos são interessantes: em ritmo de passeio com quatro pessoas a bordo, o computador de bordo assinalou 5,7 litros aos 100 e 6,1 quando forcei ligeiramente o andamento. Na autoestrada, cruise-control nos 120 km/h, a média foi de 5,9, com um aproveitamento de 85 por cento em termos de condução equilibrada do ponto de vista da poupança, na leitura do computador de bordo… Claro que se a intenção for fazer habilidades, não há milagres.

Em termos de equipamento o RS Line, como toda a gama, tem faróis Full-Led, no caso automáticos, além disso, luzes de nevoeiro, cartão mãos livres com botão de arranque, para-choques e jantes específicas, pedais em alumínio, volante multifunções em couro perfurado, tejadilho forrado a negro, alerta de excesso de velocidade, ar condicionado automático, estofos pespontados, ecrã central de 7 polegadas (9,3 em opção), retrovisores rebatíveis eletricamente e vidros escurecidos atrás. No que respeita a ajudas eletrónicas: travagem de emergência com reconhecimento de peões e ciclistas, regulador e limitador de velocidade (inteligente e com stop&go para a caixa automática), ajuda ao arranque em subida, assistência na transposição de faixa e reconhecimento de sinais.

Este novo Clio é um automóvel com o qual nos relacionamos facilmente e muito bem.  Agradável de conduzir, eficaz e bem mandado, confortável, explora bem o motor de 130 cv e a caixa automática surge como mais valia que nem pesa nos consumos. E ainda tem muito equipamento e preço razoável…

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FICHA TÉCNICA

Renault Clio V 130 cv EDC FAP

Motor: 1332 cc, gasolina, turbo, injeção direta, filtro de partículas, start/stop

Potência: 130 cv/5000 rpm

Binário máximo: 240 Nm/1600 rpm

Transmissão: caixa automática de dupla embraiagem com sete velocidades  e patilhas no volante

Aceleração 0-100: 9 segundos

Velocidade máxima: 200 Km/h

Consumos: média – 5,7/5,8

Emissões CO2: 129/131 g/km

Bagageira: 391/1069 litros

Preço: 23 920 euros: desde 17 790 euros