Muito de igual no estilo e as diferenças suficientes para o reconhecimento, outra forma de viver a bordo de um Ford são os dados referenciais do novo Focus que vai integrar uma vedeta na gama, a versão Active, um crossover “mascarado” de forma simples, que surgirá mais tarde e também na forma de carrinha. O resto é tecnologia. Para ver em Portugal a partir de Outubro.

Desenganem-se quantos esperavam um Focus tão diferente e revolucionário como aquele que virou a página do Escort e foi uma pedrada no charco em termos de design, tenha-se gostado ou não da ousadia. Hoje não há dessas apostas, quase todos jogam numa linha de evolução na continuidade – e foi isso que a Ford fez. Sem surpresa.

Vinte anos, quatro gerações e 16 milhões de unidades (sete milhões das quais na Europa) depois, o Focus está maduro. Soube crescer, cativa pela naturalidade das formas, é um daqueles automóveis em que a fotogenia tem correspondência ao vivo. Revela-se simpático ao olhar, agrada, com aquela grelha muito especial e dominadora, maior e de aspeto específico em cada versão, o capô mais longo que acompanha um perfil elegante e bem elaborado, a naturalidade da traseira. Se é assim no hatchback, a carrinha (sempre designada Station Wagon), ligeiramente maior (+ 4,9 cm) é um espelho da boa declinação do estilo, não perde elegância pela menor curvatura da linha do tejadilho ou pela inclusão neste das barras que lhe dão mais altura, e também ela apresenta um “remate” bem conseguido no portão traseiro.

As motorizações passam por uma versão apurada do três cilindros EcoBoost 1.0, ao qual se junta o 1.5, ambos a gasolina e com a novidade, num bloco do género, de um sistema de desativação de cilindros

A vedeta da companhia é o Active, crossover que pode chegar em Janeiro e ainda só vimos no formato de quatro portas – o lançamento de uma carrinha foi uma afirmação perdida no diálogo com um dos responsáveis da marca e talvez até um deslize. A solução é simples, no fundo “máscara” vistosa, design dianteiro exclusivo, suspensão elevada 3 centímetros, jantes maiores, proteções plásticas em preto nas abas do guarda-lamas e embaladeiras e proteções inferiores em cinzento à frente e atrás. Nada que surpreenda, mas facto é que resulta e contraria a ideia do carro de «calças arregaçadas», porque a postura é afirmativa e não há aquela ideia da carroçaria suspensa sobre rodas. Complementa muito bem a imagem desportiva do Focus e a ideia da filosofia que a Ford diz ter adotado: um “design centrado no ser humano”.

Qualidade em bom plano

Quando se abrem as portas, há um ambiente agradável, pautado pela sobriedade de um design limpo e simples, na linha de descomplicação cada vez mais alargada que procura tornar a vida mais fácil aos condutores (contei, ainda assim, 26 botões mais 12 no volante). As diferenças maiores são o head-up display retrátil de série e o desaparecimento da consola verticalizada e projetada no ecrã encastrado no tablier. Agora surge um tablet do tipo flutuante no centro das atenções, envolvido por larga moldura a fazer pensar que o monitor tátil passa das 8 polegadas já normais. As novidades são mais quando se chega às versões de caixa automática, nas quais o seletor assume fórmula circular, o que remete o comando manual unicamente para as patilhas no volante.

A qualidade percebida está em bom plano e, na linha do que se tornou comum na marca, assente numa boa escolha de materiais, plásticos convincentes, agradáveis ao tato, combinações sóbrias e cuidado no detalhe. E sempre, ainda, a versão Vignale, retrato exclusivista dos topos de gama Ford. De modo geral, matéria que dispensa críticas.

Em matéria de espaço, a nova plataforma (C2) e a maior distância entre eixos (+ 5,3 cm) que assegura, significam melhoria considerável na habitabilidade, mesmo referencial atrás com 8,1 cm para os joelhos (+ 5 cm!). Como nem tudo pode ser perfeito, o acesso é menos conseguido e a altura atrás não vai além do suficiente. A diferença é sensível quando se entra na carrinha, a qual permite outro desafogo. Todos beneficiam da reduzida introsão da consola no espaço traseiro e da pouca altura do túnel, pormenores que complicam menos o transporte de um quinto passageiro. E ainda dos bancos “cavados” nas costas atrás e de perfil mais fino, solução que a indústria tem importado dos aviões…

No que diz respeito à capacidade da bagageira, tem 375 litros (+12) no cinco portas e 608 (+118!) na carrinha, na qual ganhou em altura (+ 4,3 cm) e comprimento (+ 17,5 cm), e com o rebatimento dos bancos (através de um botão), pode chegar aos 1650 litros.  A Station Wagon tem um prático sistema articulado da tampa do fundo e contempla um encaixe para a caixa de enrolamento da chapeleira, quando é preciso retirá-la. A boca é larga e altura do plano de carregamento normal.

O cinco portas mede 4,378 metros e a carrinha 4,688 metros. A largura é de 1,825 m e a altura 1,454 m para o cinco portas e 1,481 m para a carrinha, incluindo as barras no tejadilho.

Autonomia de nível 2

A tecnologia assume papel de relevo no novo Focus, com relevo para a autonomia de nível 2. É conseguida com um sistema de manutenção e centragem na faixa de rodagem que já não precisa de marcações à esquerda: reconhece o contraste que marca o final do alcatrão e só não dispensa a marcação da faixa central.

Stop&Go com reconhecimento de sinais, sistema efetivo igualmente nos faróis adaptativos com função preditiva em curva (ver vídeo), assistente de manobras evasivas e modos de condução de série (Normal, Sport e Eco) são algumas das novidades que chegam à gama.

É assim que funcionam as luzes adaptativas e preditivas que respondem à leitura dos sinais de trânsito

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Também o estacionamento automático assenta em nova lógica: prime-se um botão e, encontrado o espaço que é assinalado no ecrã central, tudo se faz com o mesmo botão, sem necessidade de travar.

Além de tudo isto, cruise control adaptativo, alertas de sentido proibido, ângulo morto e trânsito cruzado, câmara traseira, assistente de pré-colisão com deteção de ciclistas e peões, travagem pós-colisão, no fundo quase tudo quanto está hoje disponível e que será proposto de acordo com o nível das versões ou pura e simplesmente como opcional. Aguardemos.

No que respeita a conetividade, um sistema de modem integrado (FordPass Connect) a trazer a internet para bordo e uma App que, além das funções habituais, abre portas a um mundo de informação que, por exemplo, permite saber em casa o combustível disponível no depósito e programar o abastecimento no melhor local do percurso desejado.

A suspensão traseira (triângulos duplos com braços assimétricos) com controlo contínuo do amortecimento (CCD) é outro argumento a juntar a uma nova tecnologia de molas patenteada pela Ford numa arquitetura independente nos dois eixos que, segundo a marca, promete outro refinamento nos padrões na condução. A solução acarreta também mais duas opções (Comfort, e Eco-Comfort) que são articulados com os modos de condução quando existe o CCD. A suspensão (mais baixa 10 mm no ST-Line) sofre afinações diversas de acordo com as versões e no Active tem mesmo um braço diferente.

Quatro motorizações e caixa automática de 8 velocidades

As motorizações passam por uma versão apurada do três cilindros EcoBoost 1.0, ao qual se junta o 1.5, ambos a gasolina e com a novidade, num bloco do género, de um sistema de desativação de cilindros. Entra em funcionamento quando não há necessidade de utilizar toda a capacidade, em desaceleração ou andamento de cruzeiro, e desativa um cilindro, ganhando-se em economia sem comprometer o desempenho. A “operação” faz-se em 14 milisegundos!

A oferta Diesel contempla os EcoBlue 1.5 e 2.0, anunciados como mais económicos e agora dotados, em opção, de uma caixa automática (conversor de binário) com oito velocidades.

A motorização 1.0 disponibiliza potências de 85, 100 e 125 cv, todas com caixa manual de seis velocidades e a mesma opção automática para o mais potente. O EcoBoost 1.5 terá versões de 150 e 182 cv, a primeira também com caixa automática. Para os Diesel, 95 e 102 cv no 1.5 EcoBlue e 150 cv no 2.0. As transmissões são idênticas e a automática acompanha apenas o menos musculado.

Em matéria de consumos a Ford anuncia uma melhoria geral de dez por cento, em resultado da diminuição do peso (até 88 kg) e da eficiência aerodinâmica que contempla as grelhas ativas de série (fecho das aberturas para reduzir o atrito).

Os responsáveis admitem o alargamento das motorizações a soluções híbridas e elétricas, compatíveis com a nova plataforma.

A gama junta aos desportivo ST-Line, ao topo de gama Vignale e ao Active os derivativos habituais: Active, Ambiente, Titanium e Trend são os outros derivativos.

De preços, naturalmente, nem indicadores.

Portugal (Lisboa, Cascais, Sintra e Praia GRande) foi o cenário escolhido para o vídeo promocional do novo Ford Focus

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