Uma combinação bem ajustada aquela que a Opel consegue com a versão elétrica do Mokka. Ao estilo inovador junta-se um cocktail técnico que garante a diferença dos genes alemães. Os 136 cv da bateria de 50 kWh são o bastante e os consumos estão na linha das promessas em matéria de autonomia. Um automóvel que deixa boa impressão e é competitivo no preço: a partir de €36 405.
Falar de elétricos traz, como é óbvio, consumos e autonomia para primeiro plano. E já se sabe não ser em estrada e num andamento com alguma vivacidade que eles mais brilham. Ainda assim, fiz com normalidade, fora da cidade, consumos entre os 14,2 e os 14,6 kWh, valores que garantiriam uma autonomia das ordem dos 350 quilómetros, mais€ do que os 314/324 prometidos, se levasse a bateria à “exaustão”, princípio inadmissível por razões óbvias.
elétrico que supera a imagem do SUV original, este Opel Mokka-e. Mantém os genes alemães, combina a eficácia da suspensão com o conforto adequado e tem consumos e prestações que não traem as expetativas. Generoso no espaço, penalizado na mala, podia caprichar um pouco mais na qualidade. Preço competitivo
O andamento foi no mínimo vivo, ultrapassei mais do que fui ultrapassado e também suportei alguns “cortejos” de fim de semana, pelo que me pareceu razoável o resultado, para o qual não dispensei o modo de regeneração máxima, aquele B na caixa no seletor da caixa de velocidade única, que reforça a desaceleração, neste caso sem nunca nos dispensar de recorrer ao pedal do travão…
Quando me predispus a apurar quanto valia uma “condução correta”, aproveitando as oportunidades para recuperar energia, agradou-me a forma como aumentava a autonomia e concluí que não é só marketing a informação de que a Fórmula E ensinou muito a estes franceses que compraram a Opel (a motorização e a plataforma são as mesmas dos Peugeot e-2008 e DS3 Crossback E-Tense) e tornaram-se ainda mais globais com o nascimento da Stellantis.
A noite e o dia num percurso de autoestrada
De todo o modo, em autoestrada, bem sei que num percurso marcado por grandes subidas e sem a devida contrapartida com o cruise-control nos 120 km/h regulamentares é verdade que o computador de bordo marcou 20,8 kWh. No percurso inverso, foi a noite e o dia… também sempre com o cruise-control ligado mas aproveitando a inversão das subidas que tanto tinham penalizado. Resultado: 14,2 kWh!
Fazendo as contas, teria conseguido percorrer 274 quilómetros, segundo o computador de bordo! O mesmo dispositivo que registava a média redonda de 16 khw para 1084 quilómetros, seguramente numa utilização bem mais variada o que se traduziria em 312,5 quilómetros de autonomia, muito perto do mínimo anunciado. Positivo!
O Mokka-e junta ao modo de reforço da regeneração, as opções Eco, aquele que mais utilizei nesta experiência, o qual limita a potência a 82 cv e o binário a 180 Nm; Normal (100 cv/200 Nm) e o mais geniquento modo Sport (136cv/220 Nm), acompanhado da capacidade para acelerar de 0 a 100 em 9,1 segundos, atingir os 150 km/h e… ver a carga a “fugir” mais depressa.
A diferença dos genes alemães
Por muito igual que seja aos “primos” franceses, o elétrico da marca de de Russelsheim, continua a beneficiar de tratamento diferente e os alemães mantêm uma filosofia muito especial nas afinações de suspensão, mais seca e firme, garantindo sempre razoável nível de conforto, no caso porque resiste muito bem às transferências de massas e o balanceamento da carroçaria passa quase despercebido. É um SUV que curva com assertividade e nem deixa que o peso (são mais 323 kg do que a versão térmica e também centro de gravidade mais baixo) seja obstáculo a uma desenvoltura muito simpática, “abrilhantada” pelo binário instantâneo. Bem mandado, ágil, direção na medida certa, travões pouco progressivos, chega a ser divertido.
De resto é o que se sabe, a original dianteira com a solução batizada Vizor (a barra que substitui a grelha e integra os faróis em LED), a pautar um estilo inovador, jovem e de propensão desportiva, solução vistosa também pela pintura bitom que acentua a imagem personalizada e original.
Perfil musculado através de formas fluidas, tem uma traseira muito limpa e que parece o remate certo para marcar a ideia de automóvel particularmente robusto. Para isso, contribuem as rodas bem puxadas aos extremos a sugerir o pisar afirmativo que confirmamos ao volante.
Um ambiente jovem e diferente
No interior, a diferença vem do chamado Pure Painel, a digitalização do painel de instrumentos através de dois ecrãs que podem chegar às 22 polegadas (12”+10”), nas versões mais equipadas, como a Ultimate que conduzi. O efeito é marcante e foi muito bem “encaixado” num ambiente geral de modernidade, conseguida com um design em que o rigor alemão se refresca sem perder aquela sobriedade muito própria. Como seria de esperar, botões e interruptores foram reduzidos ao mínimo, salvaguardando o lado prático com os comandos físicos para o ar condicionado. O nível de qualidade percebida é assinalável, mesmo com a profusão de plásticos que, nalguns casos podiam ser mais sedosos e dúcteis.
Em termos de habitabilidade, lotação para cinco, conforto para quatro. E quem se senta atrás não vai deixar de notar a inclinação do tejadilho, sobretudo no acesso e na saída.
A bagageira é penalizada pela bateria e perde 40 litros, oferecendo uma capacidade que vai dos 310 aos 1060 litros.
Wallbox fundamental no carregamento
Quanto ao carregamento da bateria, 5,15 horas numa wallbox (11kW); a carga rápida para 80% da capacidade num posto de 100 kW anda pela meia-hora.
O equipamento contempla as luzes LED Matrix, travagem de emergência, ar condicionado automático, travão de parque elétrico, botão de ignição, sistema de infoentretenimento com navegação e Bluetooth, carregador wireless, câmara de marcha atrás com guias e visão de 180 graus.
Elétrico que supera a imagem do SUV original, este Opel Mokka-e. Mantém os genes alemães, combina a eficácia da suspensão com o conforto adequado e tem consumos e prestações que não traem as expetativas. Generoso no espaço, penalizado na mala, podia caprichar um pouco mais na qualidade. Preço competitivo.
FICHA TÉCNICA
Opel Mokka-e Ultimate
Motor: imã permanente, síncrono
Potência: 136 cv
Binário máximo: 260 Nm
Transmissão: velocidade única
Aceleração 0-100: 9,1 s
Velocidade máxima: 150 Km/h (limitados)
Bateria: 50 kw/h, iões de lítio
Consumo: 18 – 17,4 kW/h
Emissões CO2: 0
Autonomia: 313-324 km (WLTP)
Tempo de carga: 5,15 horas com wallbox (CA trifásico) a 11 kW
Dimensões: (c/l/a) – 4151/1791/1532 mm
Peso: 1598 kg (incluindo condutor)
Bagageira: 310/1060 litros
Preço: 42 405€, versão Ultimate; desde 36 405€