A eletrificação trouxe novas soluções para os 4×4 e a sua generalização tem acontecido de forma natural nestas motorizações. A Nissan está nessa corrida com o sistema e-4ORCE. Fomos ver como funciona numa pista de gelo. E faz diferença? Claro.
O sistema acompanha o elétrico Aryia, uma das grandes novidades da marca, e a nova versão do X-Trail, propulsionado com um motor elétrico alimentado a gasolina, o e-Power outra aposta do emblema nipónico, no caso alargada ao Qashqai, este exclusivamente, por enquanto, pelo penos, um 4×2.
A base do e-4ORCE é a solução comum nos elétricos, um motor em cada eixo, logo nada de eixo de transmissão ou diferencial central. E daí, como está bem de ver, mais espaço no habitáculo um pormenor a ter em conta nestes dois Nissan, com boa habitalidade.
As diferenças entre um e outro são significativas. Desde logo, em termos de potência, 213 cv no X-Trail, 306 cv no Aryia, aquela capacidade própria dos cem por cento elétricos, sobre a necessidade da qual tantos se interrogam. Mas isso são contas de outro rosário…
A tecnologia e-4ORCE proporciona um controlo contínuo equilibrado do chassis, rastreio de trajetória e precisão de direção, para antecipar o comportamento do condutor e compensar respostas comuns como subviragem, mantendo a horizontalidade do habitáculo para uma experiência mais agradável a bordo
O e-4ORCE, especificamente concebido para elétricos e eletrificados da Nissan baseia-se, segundo a marca, em três áreas chave: controlo de motores elétricos, controlo 4WD e controlo de chassis. O resultado, ao volante, é convincente e obviamente beneficiado por um facto que não pode passar ao lado: o e-4ORCE tem uma resposta de controlo de binário dez mil vezes mais rápida do que um sistema mecânico! As vantagens na entrega da tração ajustada a cada momento facilitam a condução e aumentam a segurança.
Isso mesmo se confirma na pista, no caso em Andorra, a 2 400 metros de altitude. Piso gelado, quase vítreo, condições de aderência muito complicadas, para as manobras habituais de slalom, arranque e subida e circuito. Pneus de pregos eram condição necessária. E, mesmo assim, naquela espécie de “rinque de patinagem” no gelo, além da capacidade e antecipação das dificuldades, é preciso nunca exagerar na aceleração e toda a suavidade com a direção para desenhar e manter a trajetória, percebendo-se, facilmente, que o binário é sempre distribuído para as rodas que dele necessitam. Um pouco de ângulo a mais, direção mais fechada e… é esperar que haja a aderência necessária para o automóvel seguir a rota ideal.
Vantagens sobressaem na neve e no gelo
A Nissan explica as coisas assim: “com o e-4ORCE, o binário é distribuído para a frente e para trás para maximizar a aderência dos pneus de acordo com as condições da superfície da estrada e a situação do automóvel, enquanto a travagem é controlada individualmente em cada uma das quatro rodas.”
Enfim, a tecnologia e-4ORCE proporciona um controlo contínuo equilibrado do chassis, rastreio de trajetória e precisão de direção, para antecipar o comportamento do condutor e compensar respostas comuns como subviragem, mantendo a horizontalidade do habitáculo para uma experiência mais agradável a bordo.
A vantagem das quatro rodas sobressai na neve e no gelo mas continua a ser argumento de capacidade importante em estradas molhadas e noutros tipos de piso mais escorregadios. Não sendo estes dois modelos da Nissan um exemplo de aptidão desportiva, nem o que deles se pretende, a tração integral, e um pisar sempre especial e diferente, não deixa de marcar a condução, proporcionando aquela ideia de que há outra assertividade em curva, uma trajetória mais firme, aquela sensação de rolar sobre carris. De todo o modo, em países como Portugal, a opção por este tipo de automóveis faz mais sentido para quem, sobretudo, pode ser confrontado com invernos mais rigorosos e a necessidade de enfrentar a neve.
Fizemos com o Aryia e o X-Trail longos percursos em alcatrão. Confirmei, com duas pessoas a bordo, um consumo acima das expectativas no Aryia, 25,5 kWh (contra os 17,6 prometidos), num elétrico com filosofia de estradista, pronto na resposta dos 600 Nm de binário (5,7 segundos de 0 a 100) e veloz quanto baste (200 km/h de velocidade máxima). Cumpri 199 km e a autonomia prometia mais 159 (cerca de 360 km no total). A bateria de 87 kWh úteis e os dois motores têm de ser levados em linha de conta no resultado, face ao 4×2 que guiei em Portugal. Pesado, 2 293 kg, direção adequada ao estilo, é um carro agradável de guiar e cómodo.
Diferente, até pelo pelo peso (1 961 kg) potência e binário (525 Nm), o X-Trail, com o motor elétrico alimentado por um gerador a gasolina, em andamento normais, com muita estrada de montanha, conseguiu uma média de 6,9 litros aos 100 em 225 km. A condução revela-se agradável e a resposta é linear e suave (7 segundos de 0 a 100 e 180 km/h em velocidade de ponta). Os sete lugares continuam a ser argumento a ter em conta, apesar das questões que esta solução levanta no equilíbrio entre o transporte de passageiros e a bagagem correspondente. Mas faz sentido para muitos e isso é que conta.
Ambos contam com caixa automática de velocidade única.