É sabido que a Peugeot tem arte especial para as carrinhas. Ainda assim consegue surpreender também com alterações de outra ordem na 308 SW. No caso, a estreia do motor 1.5 BlueHDi de 130 cv acoplado à caixa automática de oito velocidades. Uma combinação conseguida: melhores consumos e prestações, nível superior na agradabilidade de condução face ao velho 1.6. Convence!
O Dieselgate veio obrigar as marcas a ter de responder às exigências entretanto impostas mundo fora. Não é isso que vamos discutir, mas a Peugeot, por exemplo, tratou de substituir o 1.6 a gasóleo por um motor mais pequeno: 1.5, AdBlue, cabeça de 16 válvulas, outro intercooler e assim conseguiu um propulsor que antecipa as limitações obrigatórias em 2020 – a regra segundo a qual os motores não podem superar mais de vez e meia os resultados dos (controversos…) ensaios.
A marca francesa não se ficou por aqui: conseguiu um propulsor que, além de mais eficiente em termos ambientais, é também mais potente e mais económico, como que a provar que isso do “enterro” dos Diesel é coisa para estar dependente de ”autópsia” adiada. E continuando a aposta nas caixas automáticas da japonesa Aisin, vai de casá-lo com a transmissão de oito velocidades de nova tecnologia (Shift nd Park by wire) .
Foi a proposta que experimentei ao volante da carrinha 308. Um prazer!
Uma carrinha bem conseguida esta 308 1.5 BlueHDi, que vê as suas qualidades potenciadas pelo conseguido casamento entre o motor de 130 cv e uma caixa automática de oito velocidades. Ao espaço, conforto e agilidade acrescem mais potência e economia e maior agradabilidade de condução
O motor é mesmo interessante. Honra os 130 cv e o binário de 300 Nm. E não precisa de ser uma máquina, como deixam claro as prestações – 9,8 segundos de 0 a 100 e 205 km/h em velocidade de ponta – para ser capaz do suficiente para satisfazer um condutor normal. É claro que carregado e com quatro pessoas a bordo não faz milagres. Mas cumpre – e bem! Despachado q.b, generoso, muito “redondo” como é costume dizer-se.
Suavidade de marcha assinalável
A caixa automática de oito velocidades garante uma suavidade de marcha assinalável com gestão equilibrada da relação adequada a cada momento. Eu sou fã incondicional e continuo a considerar que esta é uma proposta muito válida face às mais modernas e badaladas transmissões de dupla embraiagem, mais rápidas, com certeza. E isso nota-se no caso de forçarmos o andamento e procurarmos uma condução mais agressiva através do modo manual e da passagem de velocidades através das patilhas fixas na coluna do volante.
Quem pretende resposta para isso até tem outras opções na gama, mas este 308 Style chega e sobeja e garante, por exemplo, eficiência razoável quando, à procura de mais economia, se força a entrada da relação acima. A suavidade da passagem e o binário garantem uma naturalidade na resposta do motor que não deixa de impressionar.
Os modos de condução são três: normal, assumido automaticamente, Eco e Sport, à disposição num comando na consola. O Sport junta a outra prontidão do acelerador, caixa e direção, uma sonoridade trabalhada do motor que “invade” o habitáculo. Além, disso, a instrumentação passa a ser iluminada a vermelho e no painel surge um gráfico com informação sobre a entrega de potência, binário e pressão do turbo. Mais vistoso do que realmente útil; engraçado, mesmo num Diesel de 130 cv…
Do ponto de vista da dinâmica, com aquele chassis que é um regalo, a carrinha curva tão bem que, às vezes, até parece conhecer o caminho… Juntando a isto o conforto que os franceses conjugam como poucos com a eficácia, mais o espaço, seja a habitabilidade ou a capacidade da bagageira, aí está um compromisso muito interessante, mesmo sem a necessidade de recorrer a uma versão muito equipada, no caso uma Style, a segunda na escala de cinco ofertas e razoável gama de extras.
Consumo de combustível honesto
Quanto a consumos, os críticos das transmissões automáticas podem ficar surpreendidos: registei no computador de bordo entre 5,8 e 6 litros aos 100, na estrada e autoestrada, em ritmo normal, com duas pessoas a bordo. Quando forcei, chegou aos 6,1, sem repor os valores, é verdade. Honesto!
O ambiente é o habitual, a primeira geração do i-cockpit, solução que sei ter muitos críticos mas da qual continuo a gostar. Basta baixar o pequeno volante, dimensões suficientes para mim (nos meus tempos de jovem até se comprava o volante…) para não haver problemas de visualização dos instrumentos e encontrar-se facilmente uma boa posição de condução.
Em termos de qualidade, o que sabemos, plásticos de boa categoria, construção cuidada, uma modernidade no design que dispensa grande artifícios – bastam uns perfis de alumínio – para um ambiente, agradável, simples e desportivo que facilita a empatia, para mim natural, com o 308. Bom porta-luvas, espaços razoáveis para arrumações, incluindo a consola.
A habitabilidade é a suficiente na dianteira e razoável atrás, onde continua a pontificar a solução do banco sobre-elevado, rebatível na proporção 60×40, através dos fechos nos ombros ou nas paredes da bagageira com 420 litros e um plano de carga com altura que facilita a utilização. Quatro vão sempre melhor do que cinco e quem se sentar atrás, ao centro, irá sempre menos bem: túnel, intrusão da consola e as costas do banco, também apoio de braços quando rebatido, nunca ajudam. Normal.
Uma carrinha bem conseguida esta 308 1.5 BlueHDi, que vê as suas qualidades potenciadas pelo conseguido casamento entre o motor de 130 cv e uma caixa automática de oito velocidades. Ao espaço, conforto e agilidade acrescem mais potência e economia e maior agradabilidade de condução.
A versão Style inclui cruise-control programável, ar condicionado bizona, retrovisores rebatíveis eletricamente, faróis de nevoeiro, vidros traseiros e óculo escurecidos, navegação e Peugeot Connect Box. Os estofos são em tecido pespontado a azul.
FICHA TÉCNICA
Peugeot 308 SW 1.5 HDi 130 cv AT8
Motor: 1499 cc, turbodiesel, injeção direta, intercooler, start/stop
Potência: 130 cv/3750 rpm
Binário máximo: 300 Nm/1750 rpm
Transmissão: caixa automática de oito velocidades, com modo manual e patilhas no volante
Aceleração 0-100: 9,8 segundos
Velocidade máxima: 205 km/h
Consumos: média – 3,7 litros/100; estrada – 3,5; urbano – 4,2
Emissões CO2: 98 g/km
Mala: 420 litros
Preço: 28 910 euros, versão ensaiada; desde 26 800 euros
