Depois de experimentar o novo Volkswagen Passat Variant GTE, reforcei o meu ponto de vista de adepto confesso da solução Plug-in, no compromisso da corrida à eletrificação. As limitações mantêm-se, eficiência e eficácia aumentam, os preços todos queriam que fossem outros… Mas em termos de economia, conseguem-se resultados bem interessantes. E, é verdade, neste caso estão 218 cv à disposição do acelerador.

Híbridos e Plug-in são compromisso cada vez mais presente na cabeça de quem vai comprar automóvel e teme decisões drásticas em relação aos Diesel. Mas como aqui falamos de automóvel e não de política, só é pena que os Plug-in estejam limitados a quem tem garagem em casa, hipótese de carregamento no local de trabalho ou um posto de abastecimento a funcionar (e vaga…) por perto nos dois casos.

Proposta bem interessante a Passat Variant GTE.  A solução híbrida Plug-in permite consumos assinaláveis, o modo elétrico pode dar autonomia suficiente para a utilização quotidiana. E ainda há 218 cv, um “boost” elétrico e o comportamento eficaz de um Volkswagen

Só combinando o híbrido e o modo elétrico se rentabiliza efetivamente a solução que alguns também se limitam a aproveitar do ponto de vista fiscal – os clientes empresariais podem deduzir o IVA e pagam apenas 17,5% de tributação autónoma. Mas a culpa nem é deles – e aproveitar vantagens tem toda a legitimidade, mesmo que nunca utilizem a capacidade Plug-in!

Mas vamos ao que interessa e ao lado prático desta carrinha Passat GTE. A receita continua a ser a combinação do 1.4 TSI de 156 cv com um motor elétrico de 85 kW e tudo isto num conjunto que passa por uma bateria agora com 13 kWh (antes 9,9), o que promete uma autonomia elétrica na casa dos 55 quilómetros com emissões zero.

Consumos a ter em conta

A carrinha que conduzi vinha com cerca de meia carga e cumpri os 28 quilómetros indicados como autonomia elétrica com alguma naturalidade. Os primeiros 100 quilómetros, apesar da limitação, indicaram-me no computador de bordo um consumo de 5,2 litros aos 100. Em modo híbrido, num misto de autoestrada, via rápida e cidade, o consumo subiu para 7,1. E a média geral para 3685 km era de 6,5. Nada mau!

O Passat GTE foi alvo de algumas mexidas. Continua a arrancar em E-Mode quando a bateria de iões de lítio tem carga suficiente e esta continua a ser recarregada pelo motor a gasolina e através da recuperação de energia, neste caso com recurso a uma escala gradativa. Agora há, no entanto, três em lugar de cinco modos de funcionamento: E-Mode, exclusivamente elétrico; Híbrido, que faz a gestão entre os dois motores; e GTE, um “boost” elétrico que disponibiliza toda a potência e binário – e faz mesmo diferença!

E-Mode e GTE são selecionáveis em botões na consola e no ecrã central é possível fazer a gestão do sistema híbrido para carregar ou manter a capacidade da bateria.

O carregador é de 3,6 kW o que significa seis horas e um quarto para uma carga total da bateria na rede convencional; e quatro horas no caso de dispor de uma wallbox (360 volts) ou de utilizar um posto normal.

O funcionamento do sistema é irrepreensível. As mudanças, exceto obviamente o modo elétrico, são impercetíveis e só a animação do seu funcionamento no ecrã central nos deixa perceber como as coisas estão a funcionar.

Elasticidade e eficácia

Despachado, resposta muito pronta – 7,6 segundos de 0 a 100 é significativo –, equipado com uma caixa automática de dupla embraiagem com seis velocidades (patilhas no volante) especialmente preparada para híbridos, este Passat GTE revela uma elasticidade notável e, em simultâneo, uma suavidade que nem parece de um automóvel com 218 cv. Obviamente, há outra agressividade quando se usa o modo GTE, mas nem é preciso tanto para descobrir aquele “feeling” muito próprio dos VW e uma suspensão que, parecendo cada vez mais “absorvente”, mantém a eficácia e permite curvar com o rigor determinado pela direção. Incisivo, nem “chama” muito pelo ESP quando se força o andamento em situações de maior exigência na condução. Não é novidade!

Cosmética ligeira e bem conseguida, o Passat continua a ser uma proposta válida com muito daquilo que a VW tem de melhor. É daqueles automóveis dos quais se recordam sempre as qualidades.

O equipamento está em bom nível: travel assist, ar condicionado automático, volante multifunções em couro, cruise-control adaptativo, digital cockpit, assistência à manutenção em faixa, travagem de emergência, faróis LED matrix, navegação, carregamento de telemóvel por indução, sistema áudio com oito altifalantes. Esta carrinha GTE tinha ainda 2 876 euros de extras: head-up display (560 euros), pacote ambiente plus (520 euros), teto de abrir panorâmico (1200 euros) e jantes de 18 polegadas (595 euros). Ajuda a compor a imagem e a viver ainda melhor a bordo.

Num ambiente marcado pela sobriedade habitual, o espaço é o que se sabe, dispensa reparos, em especial atrás. A bagageira, claro, paga a colocação da bateria que rouba espaço – limitado a 483 litros, menos 167 do que uma versão convencional – e nem permite um pneu sobresselente; sobra o espaço para os cabos de carregamento.

Proposta bem interessante a Passat Variant GTE.  A solução híbrida Plug-in permite consumos assinaláveis, o modo elétrico pode dar autonomia suficiente para a utilização quotidiana. E ainda há 218 cv, um “boost” elétrico e o comportamento eficaz de um Volkswagen.

FICHA TÉCNICA

Volkswagen Passat Variant 1.4 GTE Plug-in Hybrid

Motor: 1395 cc, turbodiesel, injeção direta, start/stop

Potência: 156 cv – 5000/6000 rpm

Binário máximo: 250 Nm – 1500/2500 rpm

Transmissão: caixa automática de dupla embraiagem com seis velocidades

Motor elétrico: 85 kW (115 cv)

Potência combinada: 218 cv

Binário máximo combinado: 400 Nm

Bateria: iões de lítio; 13 kWh ; 12 células, oito módulos

Voltagem: 280-430 Volts

Consumo: 15,1 kWh

Autonomia elétrica: 55 km; total, 920/980 km

Aceleração 0-100: 7,6 segundos

Velocidade máxima: 202 km/h

Emissões CO2: 33/36 g/km

Bagageira: 483/1613 litros

Preço: 52 247 euros; desde 48 500 euros