Suavidade de marcha, conforto, bom pisar são caraterísticas que se retêm da condução do Renault Captur e-tech plug-in. Uma proposta interessante que promete 65 quilómetros de autonomia em modo elétrico e consumos aceitáveis enquanto híbrido. O preço, a partir dos 33 590€ garante a capacidade  concorrencial da marca francesa.

Está tudo dito sobre a utilização dos Plug-in, só fazem sentido garantido, pelo menos, uma carga diária e potenciando a utilização do motor elétrico na condução urbana. Doutra forma, mesmo beneficiando de vantagens fiscais, é dinheiro mal gasto… num híbrido que pode conseguir-se mais barato.

Este Captur e-tech plug-in combina um quatro cilindros 1.6 a gasolina com dois motores elétricos o que significa 160 cv e o mais potente da gama. Do meu ponto de vista é o que menos interessa para o comprador de um automóvel assente nesta solução. As prestações, aliás, confirmam este ponto de vista, pela vulgaridade: 10,1 segundos de 0 a 100 e 173 km/h em velocidade de ponta.

Importante é o resto. E mesmo que os 65 km de autonomia WLTP sejam difíceis de alcançar, pode andar-se por perto, com “pé leve”. Numa utilização despreocupada  fiz 100 quilómetros à média de 3,4 litros aos 100 com uma prestação elétrica que se ficou 35 quilómetros, e com a certeza de que esta distância pode aumentar facilmente com a preocupação de poupar.

Para quem acredita nos híbridos plug-in e pode fazer uma utilização a preceito, o renovado Renault Captur na versão PHEV é uma proposta válida do ponto de vista tecnológico, claro, mas também pela forma como o SUV francês amadureceu e se tornou mais automóvel

Em modo híbrido, a média, num percurso suburbano em dia de mau tempo e muitas filas, 4,8 litros aos 100 é um resultado interessante, bem como os 6,1 em autoestrada, com o cruise-control “cravado” nos regulamentares 120. No histórico do computador de bordo, havia registo de uma distância de 379 quilómetros, 56,1 dos quais em modo elétrico para uma média final de 4,5 L/100!

Dois motores elétricos e nova caixa de velocidades

O sistema da Renault, com uma bateria central de iões de lítio, usa os dois motores elétricos de modo especial: um assegura o arranque, é o gerador de eixo híbrido, o outro a propulsão e admite a velocidade máxima de 135 km/h. Ambos carregam por autorregeneração através da travagem ou da desaceleração (que, obviamente, pode ser forçada). E claro através da ligação à corrente.

A transmissão beneficia de uma caixa automática, sem embraiagem nem sincronizadores, para reduziras perdas de fricção. Muito suave nas passagens, comporta-se de forma satisfatória. A resposta nunca é explosiva, nem mesmo em modo Sport, quando, naturalmente, há um nadinha mais de alegria, mas também um ruído que quebra outro dos aspetos marcantes numa utilização normal: um assinalável silêncio de marcha.

E como se falou em modo Sport, seguramente opção decorativa para a maioria, registe-se que as outras opções oferecidas são o Pure, cem por cento elétrico, e o My Sense, que explora a utilização híbrida. A escolha é feita no ecrã central, este, como é natural, com respostas para as características de utilização deste tipo de veículos.

Comportamento e conforto bem combinados

Agradável de guiar, posição de condução ligeiramente elevada,  generoso na disponibilidade mas deixando perceber o aumento do peso, este Captur tem um comportamento dinâmico satisfatório, principalmente no que respeita à capacidade de resistência à inclinação, natural dada a sua altura. Curva a contento e garantindo sempre aquele conforto muito francês. Uma combinação bem conseguida e que valoriza a oferta.

Sem nada que o distinga do Captur de motor térmico, além das referências no pilar central e na traseira, é penalizado na bagageira, que perde 157 litros (265/379 L), em resultado da colocação da bateria.

De resto, maior (+11 cm – 4,22 m) e mais espaçoso, numa boa lição de crescimento, este Captur amadureceu e está mais automóvel .Também por ser outra a aposta na qualidade percebida; sempre muito plástico, é verdade, mas mais superfícies almofadadas, sobretudo no tablier. E por a habitabilidade nos remeter para a tentação de procurar comparação nas ofertas acima.

A imagem do interior é familiar, partilhada com o Clio, mas a renovação é… uma revolução. Ganha relevo a consola suspensa, solução que dá mais espaço para as arrumações no interior, aspeto em que continua a pontificar a grande gaveta do porta-luvas e a pequena caixa sob o apoio de braços. Não falta onde arrumar o que trazemos nos bolsos.

Painel de instrumentos digital, ecrã tátil verticalizado, como se tornou hábito na Renault ao estilo de tablet assente no tablier em posição correta – não é preciso baixar os olhos para operar o sistema Easy Connect… – meia dúzia de teclas para “atalhar” algumas funções, o que continuo a achar que dá muito jeito, tudo simplificado, e neste caso também o travão de parque elétrico, assistido na lógica da marca. O resultado é um Captur mais amigável.

O aumento da distância entre eixos e da largura (+1,9 cm) beneficiam a habitabilidade, muito razoável na dianteira, à medida das necessidades atrás, já que o banco tem um curso transversal de 16 cm, solução que permite ter um espaço invulgar para as pernas ou minimizar as perdas consideráveis na capacidade da bagageira.

Cinco horas para carregar numa tomada normal

No que respeita aos tempos de carregamento, conte com 5 horas numa tomada normal, e 3 horas numa tomada Green´up (3,7 kW) ou numa wallbox de 7,4 kW (780€).

A versão que guiei foi uma Exclusive o que em termos de equipamento, além dos específicos, aviso sonoro para peões, cabo de carga modo 2, sistema Multi-sense e caixa automática, significa ar condicionado automático, comutação automática das luzes de estrada, óticas traseiras em LED com assinatutra em “C” e efeito de profundidade, inserção lateral e defletores de ar com acabamento cromado, sistema Easy Link em ecrã tátil de 7”, com navegação, Bluetooth, compatibilidade Apple CarPlay e Android Auto, painel de instrumentos digital e personalizável de 7”, iluminação interior em LED, jantes pretas em liga leve de 17“, sensores de chuva, ajuda ao estacionamento traseiro e vidros traseiros escurecidos.

Para quem acredita nos híbridos plug-in e pode fazer uma utilização a preceito, o renovado Renault Captur na versão PHEV é uma proposta válida do ponto de vista tecnológico, claro, mas também pela forma como o SUV francês amadureceu e se tornou mais automóvel.

FICHA TÉCNICA

Renault Captur e-tech plug-in Exclusive*

Motor: 1598 cc, injeção direta, gasolina; dois motores elétricos, um para a propulsão (67 cv/205 Nm), outro para o arranque, gerador de eixo híbrido (34 cv/50 Nm)

Potência: 160 cv

Binário máximo: 300 Nm

Autonomia elétrica:  WLTP – 65 km (ciclo urbano); 50 km (ciclo completo)

Bateria: iões de lítio (10,46 kWh – 345 V); 102,5 Kg

Transmissão: automática

Aceleração 0-100: 10,1 segundos

Velocidade máxima: 173 km/h (135 km/h em modo elétrico)

Consumos: combinado – 1,5 L/100 km

Emissões CO2: 33/35 g/km

Dimensões: (C/L/A) – 4227/1797/1576 mm

Peso: 1639 kg

Bagageira: 265/379 litros

Carregamento: 5 horas, tomada normal; 3 horas, tomada Green´up (3,7 kW) ou wallbox (7,4 kW)

Preço: 33 590€

*Candidato a Carro do Ano e ao melhor SUV para 2021