Óptima, nem tanto. Convincente a ponto de valer nota mais, sem dúvida! É isso o Kia Optima Sporstwagon PHEV, a carrinha híbrida Plug-in da marca sul-coreana. Nesta lógica de automóvel ainda “especial” marca pontos com uma combinação bem interessante: é versátil, polivalente e, como tem bom preço, ainda melhor!

Nestas coisas de híbridos e para mais Plug-in, o que mais interessa é o resultado. E o que consegui é, no mínimo, simpático: cerca de 50 quilómetros em modo elétrico (o construtor anuncia 62), com percursos de cidade e autoestrada, aqui cruise-control fixado nos 120 (limite do motor elétrico). Depois, em modo híbrido, consumos entre os 4,5 e os 6,1 litros aos 100. Valores que seriam seguramente outros com as naturais recargas, não fosse eu um lisboeta, morador em zona central e sem garagem, sujeito, por isso, à disponibilidade dos postos mobi-e que já me parece não ser muita – começa a haver bastantes clientes e também muitos postos avariados… O carregamento, que se faz na ficha oculta por uma portinhola do lado do condutor (os cabos estão num saco, na mala), leva cerca de cinco horas numa tomada normal, em casa, para uma potência de 10 A; num posto normal da mobi-e  cerca de 3 horas, ou pouco mais de hora e meia num posto rápido.

Contas feitas pela Kia, se contratar uma potência de 3,45 kWa e usar apenas o horário noturno, gastará 45 euros por mês. Se carregar o carro fora deste horário, a conta pode chegar ao dobro.

Se pensa num Plug-in, conte com tudo isso. Mas, adiante…

UM PLUG-IN A CONSIDERAR, EFETIVO NOS RESULTADOS, QUER EM AUTONOMIA ELÉTRICA COMO NOS CONSUMOS ENQUANTO HÍBRIDO. A CAIXA DE VELOCIDADES JÁ PODIA SER OUTRA, MAS É VERSÁTIL, ESPAÇOSO, CÓMODO, BEM EQUIPADO E COM PREÇO ACEITÁVEL

Como é natural, se formos à procura do outro lado do Optima PHEV, a combinação dos motores de combustão e elétrico que vale 205 cv, o consumo dispara. Ainda assim: 6,7 não me parece mau. Verdade que, neste particular, a carrinha impressiona menos. Aliás, as prestações, desde logo o arranque (9,7 segundos de 0 a 100), não impressionam (192 km/h em velocidade máxima). A caixa de velocidades automática de seis velocidades garante suavidade nas passagens, mas não prima pela rapidez.  Ainda não é a CDT (dupla embraiagem) do grupo Hyundai, antes uma solução curiosa que aproveita o facto de o motor elétrico estar montado na transmissão para assim substituir o conversor de binário. O que senti foi que, quando acelerei forte à procura de potência, havia esforço, algum arrastamento e até outra sonoridade (quase como numa CVT).

Decididamente, é outra a filosofia da Optima PHEV. E se a entendermos como o carro mais ambientalmente correto e capaz de bons consumos, vamos descobrir um automóvel bem simpático. Bom rolador, porta-se bem, usando eficazmente o binário combinado (375 Nm) que é mais efetivo do que a potência, e a caixa automática, pese o que fica dito, contribui para um nível assinalável de agradabilidade na condução. Além disso, curva com desenvoltura (a suspensão foi trabalhada por via do aumento do peso devido às baterias) e faz tudo em bons parâmetros de conforto.

Espaço e versatilidade

A isto importa acrescentar o lado prático da carrinha, a sua versatilidade e o espaço, sobretudo ao nível da habitabilidade, tanto à frente como atrás. A bagageira perde para a versão normal (- 112 litros), mas a Kia, ainda assim, desenvolveu uma bateria que adota disposição diferente aproveitando o estilo da carroçaria e não rouba muito espaço. E, daí, 440 litros de capacidade que vão ate aos 1574, e uma modularidade a registar, dado que o banco traseiro é tripartido (40x20x40) – para facilitar, o seu acionamento é feito através de dois puxadores nas paredes da mala. Com a solução, o plano de carga alinha com o fundo da bagageira e o portão, também comandável do interior, tem funcionamento elétrico.

Do ponto de vista do estilo, a Optima Sportswagon PHEV, um dos primeiros Kia da nova geração de ddesign, apresenta uma série de diferenças. Desde logo, a imagem tecnológica dada pel a barra negra a preencher o espaço da habitual grelha do nariz de tigre, mas também para-choques redesenhados e jantes de 17 polegada com desenho específico. São mudanças que visam a eficiência aerodinâmica para a qual também conta a grelha ativa inferior.

Aspeto menos brilhante, para mim, é o estilo do interior, um ambiente tristonho que até tem pouco a ver com a recente realidade da Kia. É sobriedade pouco conseguida! A qualidade dos materiais e o acabamento estão à altura das exigências, o resto até tem pouco a ver com um carro de tecnologia moderna. Pode haver quem goste, eu tenho quase a certeza de que será revisto…

Muito equipamento

Este Optima conta com um sistema de infoentretenimento que passa por um ecrã tátil de 8 polegadas, encastrado no centro do tablier.Tem as compatibilidades habituais e comados por voz, inclui navegação, autonomia restante em modo elétrico e localização dos postos de carregamento mais próximos.

Em termos de equipamento, como é habitual, um pacote bem recheado: cruise control inteligente; travagem autónoma de emergência, assistência à manutenção na faixa de rodagem; assistente de máximos e leitura dos sinais de limite de velocidade. Um sistema áudio Harman/Kardon (490 W e oito altifalantes) é outra mais valia. Mas há mais: designadamente, faróis bi-LED direcionais, luzes diurnas na mesma tecnologia, câmara de ajuda ao estacionamento e sensores à frente e atrás, bancos em pele, com comando elétrico e aquecimento para o condutor, volante miltifunções em pele, chave inteligente e botão start, cortinas traseiras, carregamento wireless para telemóvel.

Em resumo, um Plug-in a considerar, efetivo nos resultados, quer em autonomia elétrica como nos consumos enquanto híbrido. A a caixa de velocidades já podia ser outra, mas é versátil, espaçoso, cómodo, bem equipado e com preço aceitável.

Sempre a registar: sete anos de garantia ou 150 000 quilómetros.

FICHA TÉCNICA

Kia Optima SW PHEV

COMBUSTÃO

Motor: 1999 cc, injeção direta, start/stop

Potência: 156 cv/6000 rpm

Binário máximo: 189 Nm/5330 rpm

Transmissão: caixa automática de seis velocidades

ELÉTRICO

Motor: síncrono, íman permanente

Potência: 68 cv/ 2330-3300 rpm

Binário máximo: 205 Nm/0-2330 rpm

Velocidade máxima: 120 km/h

BATERIA

Tipo: iões de lítio/polímeros

Voltagem: 360 V

Capacidade: 11,3 kWh

Peso: 130,5 kg

Autonomia: 62 km

COMBINADO

Potência: 205 cv/6000 rpm

Binário máximo: 375 Nm/2330 rpm

Aceleração 0-100: 9,7 s

Velocidade máxima: 192 km/h

Consumos: misto – 1,4 l/100 km; elétrico – 12,3 kWh/100 km

Emissões CO2: 33 g/km

Bagageira: 440/1574 litros

Preço: versão ensaiada – com campanha, 43 069 66 euros (inclui teto de abrir elétrico – 950 euros;  e pintura metalizada – 450 euros)