O facto de ser um “diabolizado” Diesel começa a pesar, mas a verdade é que para quem não teme o futuro imediato destes  motores, o ProCeed 1.6 CRDI 7DCT GT Line merece o rótulo de proposta tentadora, além de honesta. Ao estilo arrojado da shooting-break, acrescenta um equilíbrio notável e, não sendo uma máquina com os seus 136 cv, revela-se mesmo divertido de guiar. O preço é simpático e até os consumos já parecem mais frugais.

A minha imagem do ProCeed era a do 1600 GT com os seus 204 cv (ler ensaio aqui), uma das jóias da Kia. E, confesso, não esperava que este motor a gasóleo que nem passa por ser referência, fosse capaz de me deixar tão agradado. Mas a minha primeira nota era esclarecedora: muito interessante para um Diesel. É mesmo!

Com a caixa automática de dupla embraiagem e sete velocidades acoplada ao bloco 1.6 e um acréscimo de binário razoável face ao manual, este ProCeed consegue melhores recuperações do que estava à espera, mesmo que seja menos brilhante se o deixarmos “cair” em demasia. Ainda assim, desperta sem dificuldades e a verdade é que pode fazer-se tudo depressinha, com uma diferença notória se usarmos o modo Sport (Normal é a única alternativa).

Diferente, arrojado no estilo, o Kia ProCeed é uma boa surpresa na versão com motor Diesel e caixa automática. Divertido de guiar, revela-se eficaz ao ponto de os 136 cv garantirem proposta equilibrada. Parece mais comedido nos consumos e tem  preço simpático para um nicho de mercado com pouca oferta

Para um andamento tão vivo quanto os 136 cv permitem – e as prestações até são interessantes – 9,9 s de 0 a 100 e 200 Km/h em velocidade de ponta – os adeptos da adrenalina ao volante vão dizer que, com uma transmissão manual, as coisas podem ser diferentes. Serão, porque como se sabe a caixa automática do grupo sul-coreano não é um modelo de rapidez nem vibrante quando se opta por usar as patilhas. Mas facto é que a conhecida DCT gere muito bem aquilo que se pede ao ProCeed, não se baralha, não se lhe percebem hesitações e garante, podem crer, outro conforto ao volante.

Compromisso de suspensão bem conseguido

Tudo isto ganha expressão devido ao facto de o ProCeed ter um excelente chassis – com o dedo de Albert Biermann que trocou a divisão M da BMW pela Kia – suspensões mais baixas e trabalhadas, num compromisso interessante entre firmeza e conforto.

Ora, este apuramento, aliado a uma direção modelar a este nível da oferta, precisa e direta q.b. permite que o ProCeed revele uma agilidade credora de elogios. “Aponta-se” a frente, a traseira parece ajudar e mesmo que se pise o risco, haja algum resvalamento e seja preciso levantar o pé ou mesmo um toque no travão, o menino bonito da Kia nunca se descompõe naquele balanceamento suave entre curva e contra-curva e, se o controlo de estabilidade funcionar, quase nem se dá por ele. É um automóvel que inspira confiança e até nos deixa sempre aquela dúvida: não seria possível mais depressa?

Consumos parecem mais moderados

Outra surpresa, para mim, foram os consumos, aspecto que considero aquele em que o grupo Hyundai/Kia tem progredido mais lentamente. Menos “guloso”, este ProCeed fez 5,5 litros aos 100 em autoestrada com o cruise-control “cravado” nos 120 km/h; no percurso suburbano, com alguma filas fez quase o mesmo: 5,6. No acumulado para 148 km/h com os exageros necessários, o computador de bordo marcou 6,9 em 150 quilómetros. Consegue-se seguramente menos, num andamento normal.

O resto é o que se sabe, um nível de qualidade percebida a bordo que não para de evoluir, mesmo que o material preponderante seja o plástico, de qualquer forma dúctil ao ponto de não ser agressivo e permitir mesmo um ambiente agradável. O GT Line, além do mais, vem bem equipado, tem uma imagem moderna, seja pelo design como pelo facto de o digital marcar agora presença também no interessante painel de instrumentos que conhecemos de toda a família Ceed.

Estilo arrojado penaliza espaço

Em matéria de estética já foi tudo dito sobre este compromisso entre a carrinha e o coupé, um estilo que a Kia teve o arrojo de assumir, quando a Mercedes era dona e senhora da solução. A traseira é outro atrevimento, com a barra de luz traseira a ligar as óticas, ao estilo que então era exclusivo do Porsche Panamera…

No que toda a espaço, já se sabe que há alguma penalização nos lugares traseiros, em função da curvatura do tejadilho e da redução da altura do habitáculo, pormenor a ter também em conta no acesso. Quanto à mala, sem a capacidade da carrinha, fica-lhe pouco atrás e acaba por não perder muito em versatilidade.

Diferente, arrojado no estilo, o Kia ProCeed é uma boa surpresa na versão com motor Diesel e caixa automática. Divertido de guiar, revela-se eficaz ao ponto de os 136 cv garantirem proposta equilibrada. Parece mais comedido nos consumos e tem  preço simpático para um nicho de mercado com pouca oferta.

Recheio muito completo

O equipamento de série é considerável e contempla a chave inteligente e o botão de arranque, bancos desportivos em pele e alcantara, painel de instrumentos digital, ecrã tátil de 10,25 polegadas com navegação e bluetooth, ar condicionado automático, sensores de luz e chuva, câmara de estacionamento, cruise-control, alerta de colisão frontal faróis, assistente de manutenção em faixa, Full-LED com máximos automáticos e luzes diurnas neste tecnologia, faróis de nevoeiro, forro do tejadilho em preto, jantes de 17 polegadas e pneu sobresselente de emergência.

Se juntar as jantes de 18 polegadas, gasta mais 400 euros; o sistema de som JBL vale 650 euros e o pacote ADAS mais simples, com detetor de ângulo morto, deteção de peões e alera de tráfego à retaguarda obriga a gastar mais 1 100 euros. A caixa automática encarece o carro em 1 500 euros.

A Kia continua a oferecer os sete anos de garantia que se revelaram um bom exemplo!

FICHA TÉCNICA

Kia ProCeed 1.6 CRDI ISD 7DCT GT Line

Motor: 1598 cc, turbodiesel, injeção direta, intercooler, start/stop

Potência: 136 cv/4 000 rpm

Binário máximo: 320 Nm – 2 000/2 250 rpm

Transmissão: caixa automática de dupla embraiagem com sete velocidades

Aceleração 0-100: 9,9 s

Velocidade máxima: 200 km/h

Consumo: combinado (WLTP) – 5,1/5,3 L/100 Km

Emissões CO2: 133/138 g/km (WLTP)

Bagageira: 594/1 545 litros

Preço: 38 590 euros; com campanha, 32 290 euros.