As coisas são o que são – e não se é Premium só por dizer, por acaso, em razão de um emblema ou outros valores. Tudo isto a propósito do Audi Q3 Sportback 35 TDI Sline, mais um SUV da nova moda, este um 2.0 turbodiesel de 150 cv e caixa automática, sobre o qual basta dizer: aprovado! Afinal, fora o espaço atrás, é o que se espera e agrada sempre. O preço, claro, dificilmente, não passa dos 54 mil da “base”…
Um SUV é especial, tem um temperamento diverso do familiar convencional, verdade que cada vez mais raro… Mas este está no topo daquilo que se exige quando se conduz com alguma adrenalina. O comportamento em curva, aquilo que mais se “teme” num SUV, tem neste Audi um tratamento quase exemplar – o Sline conta com suspensão desportiva de série. É uma espécie de Alfa Pendular… se inclina para curvar mais depressa nem se dá por isso. Impressiona ainda mais quando há que inverter o movimento e curvar para o outro lado. Nas transferências de massas percebe-se que há uma diferença entre uns e outros. Não é único nem o melhor, mas é dos bons…
A máquina não impressiona sobremaneira. Afinal são 150 cv tirados de um 2.0 litros. Mas a verdade é que pode fazer-se tudo bastante depressa se for preciso. O binário dá uma ajuda, a caixa automática de sete velocidades, aliás, faz dele, gestão acertada, a direção é ajustada e os travões respondem bem ao peso – aqui tonelada e meia – que é sempre maior num SUV.
Este Q3 Sportback é mais uma interpretação do SUV com imagem desportiva, no caso com a qualidade e a eficácia dinâmica que deve esperar-se de um Audi, mas também com outros custos além do preço, como seja a habitabilidade traseira. A lista de opcionais até faz dores de cabeça…
Não sei se a análise é a mais ajustada para quem compra este Audi. Mas ele é também capaz de ir além das exigências de uma condução para a viagem familiar em autoestrada, com um desembaraço ao nível de um “senhor dos anéis”: é um rolador de classe. E para ir àquela praia que obriga a andar fora do alcatrão ou fazer um piquenique na mata, não vai deixar ninguém mal, desde que não lhe peçam mais do que aquilo que “compete” a um SUV.
Consumos vulgares e uma moda com preço
Na ótica deste cliente, ainda tentado pela economia do Diesel, neste caso numa receita que contempla o AdBlue, importante é registar que consegui médias de 5,1 em andamento de passeio; na autoestrada, a 120 km/h regulados pelo cruise control adaptativo, o computador de bordo assinalou5,8 litros aos 100. A média final, com um pouco de tudo, ficou-se pelos 5,6. É um SUV…
Agora, esta moda dos Sportbacks tem que se lhe diga. O estilo coupé paga-se… Acesso e conforto atrás, especialmente devido à altura em consequência da inclinação do tejadilho, não é a mesma coisa. Aliás, o carro está longe de corresponder ao que se espera no espaço à retaguarda. O túnel alto, a consola intrusiva, o reduzido espaço para as pernas aconselham a que se fale em lugar para dois, até porque se alguém se sentar ao meio tem a dureza do recosto que, rebatido, serve de apoio de braços central. A altura do espaço sob os bancos dianteiros, permite não encolher os pés, e as duas concavidades nas costas daqueles, amenizam as coisas, e existem exatamente porque elas não são brilhantes…
A bagageira cumpre com os seus 530 litros de capacidade, mas com nem há pneu sobressalente, e o fundo falso está “ocupado”, talvez se pudesse pedir mais.
Força e poder bem “embrulhados”
Em termos de estilo, estamos conversados. Aquela imagem de força e poder que a Audi sabe “embrulhar” muito bem, as proporções equilibradas, as jantes de 19 polegadas explicam a razão de se olhar para este Q3 Sportback e perceber a razão do pisar afirmativo que experimentamos depois. São formas também ao serviço da eficácia..
O interior, que respiramos bem sentados ao volante – pega e dimensões ajustadas, como de costume – é a imagem do rigor alemão, agora interpretado numa arquitetura feita de uma geometria que junta blocos, joga com inclinações para favorecer as leituras do condutor, consegue um conjunto que temos de considerar bem pensado. Os materiais é que não são o que já foram. Sobram algumas superfícies forradas com critério e gosto – pele no centro do tablier e no apoios de braços das portas, mais alguns frisos metalizados, mas, para o meu gosto, há ainda muito plástico, considerando um produto deste nível – é pormenor a que os construtores alemães parecem ligar cada vez menos, talvez por, ainda assim construírem bem!
Os espaços para arrumos são poucos, o porta-luvas é normal, a caixa sob o apoio de braços central é pequena.
O Sportback Sline que conduzi era um autêntico catálogo de opcionais: 25 505 euros em extras! E vale a pena registar apenas os mais caros – ar condicionado trizona (1070 euros), Luzes matrix LED com indicadores dinâmicos e lava faróis (1925 euros), jantes de 19 polegadas com sete braços em preto antracite (2295 euros), Navegação Plus e reconhecimento de sinais (2145 euros), sistema áudio B&O 3D (1430 euros), suspensão com controlo de amortecimento (1430 euros), tejadilho panorâmico (1440 euros). Então e de origem? Ainda é bastante… como a direção progressiva e o Audi Drive Select de série cm os seus seis modos de condução.
Enfim, este Q3 Sportback é mais uma interpretação do SUV com imagem desportiva, no caso com a qualidade e a eficácia dinâmica que deve esperar-se de um Audi, mas também com outros custos além do preço, como seja a habitabilidade traseira. A lista de opcionais até faz dores de cabeça…
A garantia é de quatro anos ou 80 mil quilómetros.
FICHA TÉCNICA
Audi Q3 Sportback 35 TDI Sline S tronic
Motor: 1968 cc, turbodiesel, injeção commom-rail, intercooler, start/stop
Potência: 150 cv/3500-4000 rpm
Binário máximo: 340 Nm/1750-3000 rpm
Transmissão: caixa automática S tronic, sete velocidades, patilhas no volante
Aceleração 0-100: 9,3 segundos
Velocidade máxima: 205 km/h
Consumos: combinado – 4,9/4,7 litros aos 100; estrada – 4,6/4,3; urbano – 5,4
Emissões CO2: 129/113 g/km
Bagageira: 530/1440 litros
Preço: versão ensaiada – 79 655 euros ;Sline, 54150; Base, 51 600