O brilho dos bons híbridos, incluindo os consumos, robustez e uma imagem de confiança foi quanto guardei da condução do novo Toyota RAV4, na versão de 2.5 Hybrid Dynamic Force com tração dianteira. Também boa habitabilidade e mala à altura. Esperava mais da informação disponibilizada e continuo a não gostar da caixa CVT que a marca japonesa vende aos milhões… Preço a partir dos 39 595 euros é aceitável mas, já se sabe, falta sempre alguma coisa nas versões de base.
Ver o RAV4 da quinta geração é admitir que as coisas continuam a mudar muito depressa no automóvel. Mas não vale a pena ir por aí. Os SUV hoje são o que são e nas muitas variações sobre um estilo, ou mais uma ideia, esta, pelo que constatei, agrada mais às mulheres. Para mim, não é dos Toyota mais felizes na imagem, mesmo não lhe faltando agressividade nem equilíbrio nas proporções de automóvel avantajado que até parece maior – tem 4,60 m de comprimento. Pisa bem e as jantes de 18 polegadas da versão ensaiada (podem ser 17) ajudam à ideia de peso na virtude da robustez.
No interior, respira-se alguma austeridade pela simplicidade do estilo. O design é limpo, linear e aquilo que mais marca é afinal importante, a qualidade – dos materiais, dos acabamentos o rigor das combinações de materiais. O tablier, espécie de justaposição de três placas, é almofadado onde deve ser, não dispensa a pele, ainda que sintética, e a consola alta cria dois ambientes, neste caso sem haver a preocupação de destacar o posto de condução.
Um SUV que aproveita muito bem as capacidades dos híbridos, bem construído e com evidentes sinais de qualidade, espaçoso, confortável, condução agradável e prestações honestas. A escolha é alargada e propõe muito para gastar dinheiro no carro “à medida”.
Apoio de braços com grande caixa, como para minimizar a exiguidade do espaço para arrumos nas portas, e dar importância às úteis prateleiras criadas no tablier, sempre uma boa ideia. A consola é um modelo de arrumação: integra os interruptores dos modos de condução – Eco, Normal, Sport – e, à parte, o EV. Além disso, travão de parque elétrico com auto-hold, e, claro, o seletor da caixa e-CVT, que permite também ele a opção Sport e o suporte das patilhas no volante. Obviamente, tudo muito “virtual” dada a natureza da transmissão. O carregador por indução também não falta, como as portas USB.
Informação deixa a desejar
O ecrã central tátil (8 polegadas), ao estilo do tablet suspenso, está na projeção da consola, sobre os comandos do ar condicionado. A informação disponível, mesmo sem ser adepto dos “fundos” a lembrar videojogos, deixa a desejar. O grafismo, além do mais, é medíocre, tão difícil se torna a leitura que nos permite avaliar da economia e do funcionamento em modo elétrico. Será o princípio de que importante são os resultados…
O painel de instrumentos, TFT de 7 polegadas, legível e este com grafismo mais adequado, é vivo, muda de cor – verde, branco e vermelho – consoante o modo e “instala” o computador de bordo ao centro, onde também exibe o fluxo de alimentação e carregamento da bateria que pode igualmente acompanhar-se no ecrã, como é vulgar.
Em matéria de habitabilidade – valorizada pelo aumento da distância entre eixos (3,3 cm) da nova plataforma – desafogo à frente, muito espaço atrás, com as condicionantes normais para quem for ao centro.. O banco rebate na proporção 60×40 e as costas podem assumir duas posições na inclinação, sem penalizar muito o conforto e dando mais algum espaço à mala, razoável nos 580 litros de capacidade que podem chegar aos 1690. Assinalável para um híbrido. O plano de carga é elevado.
Bem mandado, obediente e seguro
Fiz parte da condução sob chuvada intensa, em estrada apertada e a surpresa foi a sensação de conduzir um carro mais pequeno, pela agilidade evidenciada. A direção ajuda, a travagem também, a nova plataforma e um centro de gravidade mais baixo fazem o resto. Há uma ligeira diferença no comportamento se utilizarmos o modo Sport, outra vivacidade, mas o RAV não é especialmente dado a esse “feitio” e ganha então relevo excessivo a musicalidade da caixa e-CVT, cujo “arrasto” também pode notar-se no arranque – o peso conta… e são 1750 quilos.
De todo o modo, luzes amarelas só perante travagem forçada, forçada mesmo, já que o ESP mantém-se “sossegado” ou, pelo menos, despercebido, quando se pede ao RAV4 que mostre a sua capacidade para resistir às transferências de massas nos ziguezagues mais exigentes. A inclinação nunca é muita, o que pode notar-se é algum deslizamento. Mas basta levantar o pé para alimentar a convicção de que estamos ao volante de um carro bem mandado, obediente e seguro.
As patilhas no volante servem de pouco; o som “ambiente” e o indicador no painel de instrumentos não mentem, há alterações, mas as vantagens a retirar parecem insignificantes face ao efeito virtual de utilizar uma caixa manual.
Consumos interessantes
Em termo de consumo, os resultados são convincentes, sobretudo tendo em conta que estamos face a um motor com 2.5 litros e uma potência combinada de 218 cv. Na autoestrada, quatro pessoas a bordo e cruise-control inteligente nos 120 km/h, o computador de bordo registou 6,6. Por estrada nacional, na mesma distância e andamento tão comedido como o da maioria dos automobilistas, cheguei aos 4,4 com aumento para 5,1 incluindo mais um troço de autoestrada. Em cidade, o consumo variou entre os 5,7 e os 6,6. Dosear o acelerador e “aprender” a recarregar a bateria nas descidas, continua a ser importante neste tipo de motorização.
Guiei uma versão Square Collection, oferta média na gama, a qual acrescenta argumentos importantes a uma base razoável em termos de equipamento. Todos contam com ar condicionado automático, cruise control adaptativo, assistência de condução inteligente, sistema pré-colisão e reconhecimento de sinais. Neste caso, acrescem, designadamente, detetores de ângulo morto e da aproximação traseira de veículos, jantes de 18 polegadas pretas, sensores de luz, chuva, e estacionamento, câmara traseira, sistema smart entry e botão de arranque, faróis automáticos com projetor LED, luzes diurnas e traseiras na mesma tecnologia, faróis de nevoeiro, bancos em pele sintética, aquecidos à frente e com regulações elétricas para o condutor, tejadilho night sky, vidros traseiros escurecidos. São quase mais seis mil euros sobre a base que, claro, fazem muita diferença…
Em linhas gerais, um SUV que aproveita muito bem as capacidades dos híbridos, bem construído e com evidentes sinais de qualidade, espaçoso, confortável, condução agradável e prestações honestas. A escolha é alargada e propõe muito para gastar dinheiro no carro “à medida”.
É assim que a Toyota Portugal promove o RAV4
FICHA TÉCNICA
Toyota RAV4 2.5 Hybrid Dynamic Force Square Collection 4×2
Motor: 2487 cc, injeção direta, gasolina
Potência: 178 cv/5700 rpm
Potência combinada: 218 cv
Binário máximo: 221 Nm/3600-5200 rpm
Transmissão: caixa de variação contínua controlada eletronicamente
Bateria: hidretos metálicos de níquel (34 módulos), 244,8V
Motor elétrico: síncrono, magneto permanente
Potência: 88 cv
Aceleração 0-100: 8,4 segundos
Velocidade máxima: 180 km/h
Consumos: combinado – 5,6 litros/100
Emissões C02: 126 g/km
Bagageira: 580/1690 litros
Preço: versão Square Collection, 45 395 euros: desde, 39 595 euros