Renault Austral MH marca pontos

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Depois da excelente impressão causada pela condução do Renault Austral E-Tech, tinha grande curiosidade em conduzir o Mild Hybrid, solução da qual nem sou grande fã do ponto de vista prático. Pois, continua imaculada a minha imagem do Carro do Ano 2023. Uma escolha a ter em conta por quem pretende um familiar na forma de SUV.

Um dos reparos mais comuns aos mild Hybrid tem a ver com os consumos, que nunca são iguais aos dos híbridos auto recarregáveis. Ora, este Austral, com base no quatro cilindros de 1333 cc a debitar 160 cv e o binário de 270 Nm, desenvolvido a par com a Daimler, não sai mal do ensaio.

Nas contas globais para 267 quilómetros percorrido, apurei 7,6 de média geral e qualquer coisa como 88 quilómetros à vela. Mas é fácil andar pelos 7 litros, no modo Eco, conduzindo normalmente em regime de passeio. Na autoestrada, cruise-control inteligente nos 120, o computador de bordo registou 6,9 litros aos 100. O consumo combinado prometido é igual – 6,9.

A título de curiosidade, na versão manual de 130 cv, numa longa viagem de estrada, tinha registado 7,7. Já no Full Hybrid, também em estrada, o consumo foi de 5,6!

Os números de consumo deste mild Hyrid de 12 v parecem-me interessantes até por contar na versão de 160 cv com uma caixa automática de variação contínua, designada X-Tronic. Quase sempre motivo de alguma crítica, a CVT que a Renault utiliza acaba por surpreender, pela suavidade e pouco ruído de funcionamento, o qual não parece apenas resultado de uma boa insonorização. Só em modo Sport, e praticando uma condução mais agressiva, ela dá nota clara da sua presença e sugere aquela sensação de arrasto típica da solução. Seja como for, registo que me parece das mais competentes transmissões do género.

Plataforma partilhada com Nissan Qashqai

Em nada belisca a agradabilidade de condução de um SUV elástico e despachado q.b. (9,07 segundos de 0 a 100 km/h), com uma direção bem medida para um familiar do género, sempre cómodo como é timbre da Renault, ainda que com um compromisso de suspensão que passa por alguma firmeza. É a forma de assegurar uma boa resistência às transferências de massas e um ajustado comportamento em curva. Obviamente, não se comporta como um desportivo, mesmo que a frente seja bem mandada e possa curvar-se depressa sem sobressaltos. A plataforma é a mesma do Nissan Qashqai.

Mild Hybrid de 160cv também assenta bem ao Renault Austral. Bem comportado na estrada, despachado q.b. e agradável de conduzir, cómodo e espaçoso, bem equipado na versão Iconic, consegue consumos razoáveis

O resto é o que já se sabe. Sobriedade e elegância num design muito limpo e personalizado. Em termos de habitabilidade, uma oferta referencial no espaço para as pernas atrás, ainda que persista um túnel baixo, o qual, a juntar ao encosto central endurecido pelo apoio de braços central, incomoda sempre quem se sentar ao meio. Mas já ninguém pensa em comodidade para três em qualquer banco traseiro. Nos lugares dianteiros, o desafogo suficiente, sempre ajudado pelos bons bancos da Renault.

Destaque para a herança marcante do painel openR, o “L” deitado (quase um metro quadrado!), herdado do Mégane elétrico, que contribui para um ambiente especial a bordo, pela diferença e também pelo grafismo.

Também para a larga consola, sem botões nem interruptores, carregador wireless, destacando-se uma tampa deslizante com um grande pega que visa facilitar o apoio do pulso para operar os comandos inferiores do ecrã. Inclui um apoio de braços.

Único motivo de crítica, a exemplo do que se passa no Mégane Elétrico, o excesso de braços de comando à direita do volante, a pedir muito hábito na utilização. Talvez possa haver uma solução mais prática…

Quanto à bagageira, portão elétrico com função mãos livres, vai dos 487 aos 1 525 dm3, com os bancos traseiros deitados, capacidade dentro dos valores normais. O banco traseiro deslizante (16 cm) permite ainda mais opções para jogar com o espaço e a habitabilidade.

Equipamento recheado e qualidade à vista

A versão que conduzi foi a Iconic com acabamento cuidado, bons materiais e equipamento de bom nível. A saber: acesso mãos livres com cartão Renault, bancos em pele sintética e tecido com pesponto dourado, função de massagem para o condutor, ar condicionado automático, iluminação Full LED com faróis Matrix de comutação automática, head-up display, volante multifunções aquecido com botão multi sense (os modos de condução), travagem de emergência ativa, alerta de excesso de velocidade e reconhecimento de sinais, aviso à saída da faixa de rodagem, cruise control adaptativo, ecrã openR de 12 polegadas, navegação, serviços Google, ligação smartphone (Android Auto e Apple CarPlay) por wifi, carregador por indução, rádio digital, sensores de luz e chuva, câmara 3D com 360 graus, estacionamento mãos livres, portão da bagageira automático, vidros traseiros escurecidos, jantes em liga leve de 20 polegadas.

Mild Hybrid de 160cv também assenta bem ao Renault Austral. Bem comportado na estrada, despachado q.b. e agradável de conduzir, cómodo e espaçoso, bem equipado na versão Iconic, consegue consumos razoáveis.

FICHA TÉCNICA

Renault Austral Mild Hybrid 160cv Iconic

Motor: 1 333 cc, turbo, gasolina, mild Hybrid 12 V

Potência: 160cv/ 5 500 rpm

Binário: 270 Nm/ 1800-3 750 rpm

Transmissão: caixa de variação contínua

Aceleração 0-100 km/h: 9,07 segundos

Velocidade máxima: 175 km/h

Consumo combinado: 6,3 litros/100 km/h (WLTP)

Emissões CO2: 142 g/km (WLTP)

Peso: 1 539 kg

Dimensões: c/l/a – 4,510/2,083/1,621 m

Bagageira: 487/1 525 dm3

Preço: 45 533€, versão ensaiada; Mild Hbyrid 160cv, desde 41 700€; versão de entrada, 34 800€