Pára-choques com grelha F1, outra agressividade no RS Line (Foto Renault)

Aba com difusor e saída de escape oval cromada, outras diferenças (Foto Renault)

Estilo de família num compacto de imagem consensual (Foto Renault)

Consola elevada, o habitual ecrã vertical, volante desportivo, um interior agradável (Foto Renault)

Painel digital simples, grafismo interessante, a informação suficiente (Foto Renault)

Espaço atrás não é dos pontos fortes do Clio (Foto Renault)

Radiografia do eficiente sistema híbrido que rouba espaço à bagageira (Foto Renault)

Importante era tratar-se de um híbrido, com bons consumos prometidos e inovações curiosas. Com certeza. E a conclusão ate confirmaria o acerto da receita. Mas aquela sensação de guiar um carro modelar em termos de equilíbrio que experimentei em poucos quilómetros assumiu relevância. O Renault Clio E-Tech é um produto à altura da imagem de referência que a marca francesa tem há muitos anos no segmento B. Belo automóvel este híbrido que até esta no topo da oferta em termos de potência. E continua a ser competitivo no preço!

O Renault Clio híbrido combina um bloco 1.6 a combustão, a debitar modestos 91 cv, e dois motores elétricos, um deles gerador (49+22 cv, respetivamente). Uma bateria de 1.2 kWh, com apenas 37 quilos, e, novidade uma caixa de velocidades multimodo, com 15 possibilidades de resposta, a qual, fundamentalmente, passa por duas opções de desmultiplicação, a alta e baixa velocidade, completam o sistema.

E que bem funciona o sistema! Impressiona a facilidade com que circulamos em modo elétrico e a suavidade com que as coisas mudam, mesmo que, quando vamos a procura de outra disponibilidade e aceleramos mais forte, o motor de combustão dê nota da sua presença. Nem é de mais o ruído se atendermos ao que se passa com a concorrência, a qual a comportamento idêntico, junta a “música” das caixas CVT.

Um híbrido que cumpre com as expetativas, este Renault Clio E-Tech. Muito agradável de guiar com a sua caixa de velocidades inovadora, é económico, despachado q.b. e, firme de suspensão e muito eficaz em curva, não perde a típica comodidade francesa. A bagageira perdeu espaço, o resto é o que de sabe de uma das referência do Segmento B

Este Clio E-Tech, apesar da potência, nem apresenta prestações de relevo: 9,9 segundos de 0 a 100 e 180 km/h em velocidade e ponta são números vulgares. Os valores de binário não impressionam e como a soma da combinação nem é revelada  podemos ser levados a pensar num automóvel de temperamento modesto.

Ora, nada mais errado. Mesmo sem grandes explosões, as rotações sobem com naturalidade e, “lá em cima”, vamos descobrir um automóvel rápido q.b. e com uma agilidade assinalável.

Bem sentados ao volante, direção direta e muito bem ajustada às necessidades, suspensão firme sem pôr em causa aquela comodidade muito francesa, este Clio, revela-se, primeiro, mesmo muito agradável de conduzir, entranha-se e não se estranha… E depois, em curve é de uma eficácia a toda a prova, bem mandado, competente, daqueles que inspiram confiança. Subvirador, é claro, mas atrevido e eficiente ao ponto de nos fazer pensar que supera ofertas com mais pano no colarinho… Excelente chassis.

Caixa de velocidades inovadora

A caixa de velocidades dá uma ajuda. Não lhe senti hesitações e revela grande suavidade, mais a baixa rotação, mas nem por isso menos impressiva quando se impõem andamentos mais fortes. A travagem, é outra surpresa, não “respeita” aquele compromisso dos híbridos em que importa valorizar a regeneração. Usamos o travão sem nos lembrarmos de que guiamos um híbrido, mas continuamos a poder usar o modo B na caixa e a reforçar a capacidade regenerativa através, então sim, de uma desaceleração progressiva com a qual podemos controlar a travagem ganhando mais carga na bateria. Útil em cidade e nos congestionamentos e nalgumas descidas mais acentuadas quando procuramos aproveitar ao máximo uma condução económica.

Há três modos de condução no sistema My Sense, aquele que lhe dá o nome e no fundo assegura a melhor gestão, Eco, no qual se nota uma menor disponibilidade que não me pareceu alterar em muito os consumos, e, claro, Sport, com mais motor de combustão, um acréscimo de energia

E o resultado prático? Pois bem: num passeio com quatro pessoas a bordo e andamento normal, o computador de bordo registou 4,3 litros aos 100; foram 183,2 km, dos quais 96,7 em modo elétrico (52,7%) em modo elétrico. Em autoestrada, e apenas duas pessoas a bordo, cruise-control nos 120, os números subiram para 5,1 litros aos 100, e em 74,8 quilómetros só 21,8 (29%) foram em modo elétrico. Ainda assim, um bom resultado. Em cidade a Renault promete um desempenho de 80% da utilização em modo elétrico. Não o pude comprovar, mas acredito que, pelo menos, com algum cuidado, possa ficar-se por lá perto. Prestações convincentes e que colocam este E-Tech à altura dos seus concorrentes. É um híbrido bem conseguido!

Um Clio (quase) igual aos outros

No mais é o que se sabe do Clio, com uma nota de penalização apenas para a capacidade da bagageira, afetada pela colocação da bateria e reduzida a uns modestos 254 litros. Fora isso um estilo consensual, qualidade de construção e boa escolha de materiais – pele sintética só nos apoios de braços, e muito plástico, claro, bem “mascarado”, até com um forro a imitar a fibra de carbono – num interior de imagem desportiva e marcado pelo negro, tejadilho incluído, na versão RS Line que guiei, a qual não dispensa excelentes bancos desportivos com apoio reforçado e um volante em pele perfurada. Painel de instrumentos digital, claro, e o típico ecrã central vertical da Renault dão o imprescindível toque high-tech.

Espaço que não compromete à frente, atrás aquém do desejável; vale a altura dos bancos dianteiros a deixar passar os pés. Também o espaço vidrado não é muito generoso para os passageiros da retaguarda que podem queixar-se de nem uma luz haver.

Um híbrido que cumpre com as expetativas, este Renault Clio E-Tech. Muito agradável de guiar com a sua caixa de velocidades inovadora, é económico, despachado q.b. e, firme de suspensão e muito eficaz em curva, não perde a típica comodidade francesa. A bagageira perdeu espaço, o resto é o que de sabe de uma das referência do Segmento B.

OS RS Line distinguem-se pelos para-choques dianteiro com a grelha F1 e a entrada de ar alveolada; atrás pontifica a aba com difusor e o tubo e escape cromado oval. Em termos de equipamento: ar condicionado automático, sistema multi sense com iluminação interior em LED (oito cores à escolha), regulador e limitador de velocidade, sensores de luz a chuva, câmara de marcha atrás, navegação e travagem de emergência com reconhecimento de peões e ciclistas. A versão ensaiada tinha, entre outros extras, o sistema Easy Link com ecrã de 9.3 polegadas com câmara de 360 graus (600€), carregador de telemóvel por indução (150€) e jantes de 17 polegadas (500€).

FICHA TÉCNICA

Renault Clio RS Line E-Tech
Motor térmico: 1598 cc,  gasolina, injeção dupla, filtro de partículas
Potência: 91 cv/5 600 rpm
Binário máximo: 144 Nm/3 200 rpm
Motor elétrico: síncrono de íman permanente; 49 cv; 205 Nm
Motor gerador: 20 cv/50
Bateria: Iões de lítio, 1.2 kWh/230 V
Potência combinada: 140cv
Binário combinado: N.D.
Transmissão: caixa automática multimodo (15 modos)
Velocidade máxima: 180 km/h
Aceleração 0-100 km/h: 9,9 s
Consumo médio (WLTP): 4,3 l/100 km
Emissões CO2 (WLTP): 98 g/km
Dimensões: (c/l/a) 4 050/1 798/1 440 mm
Peso: 1 238 kg
Bagageira: 254 litros
Preço: 27 9500€, versão ensaiada; desde 26  6500€