Fisionomia conhecida muito bem trabalhada (Foto Renault)

Proporcionado, elegante, bem assente nas jantes de 20 polegadas (Foto Renault)

Traseira bem composta num automóvel "agarrado" à estrada (Foto Renault)

Volante "quadralizado" é uma das notas de diferença (Foto Renault)

OpenR é solução bem engendrada para ligar toda a informação (Foto Renault)

Painel de instrumentos digital intermutável (Foto Renault)

Prático seletor de marcha na coluna da direção (Foto Renault)

Bancos muito cómodos em pele e pespontados (Foto Renault)

Conforto atrás, mas podia haver mais espaço (Foto Renault)

Boa mala e sob o fundo espaço para os cabos de carregamento (Foto Renault)

Tomadas de carregamento atrás do lado do condutor (Foto Renault)

Escudo da entrada de ar é elemento distintivo e tem outra cor no topo de gama (Foto Renault)

Defletor prolonga tejadilho sobre o pequeno óculo traseiro (Foto Renault)

Simplicidade no rasto luminoso cortado pelo renovado emblema (Foto Renault)

Madeira cortada a laser no acabamento do Iconic (Foto Renault)

Radiografia de um Megane preparado para evoluir (Foto Renault)

Bateria tem apenas 11 cm de espessura (Foto Renault)

Motor síncrono de rotor bobinado (Foto Renault)

Já o tinha guiado e agora fiquei a perceber melhor as razões para ter gostado dele no primeiro contacto. Pura e simplesmente, o Megane elétrico é um daqueles automóveis a que nos afeiçoamos. Nem tudo é perfeito, vale algumas críticas e mais elogios, verdade. Mas não restam dúvidas de que é um produto convincente. Inovador no estilo, tão moderno quanto sóbrio, emocional na vivência e na condução – um sopro de frescura nesse mundo novo dos elétricos. Bom futuro, parece-me. Chega em Setembro e tem preços entre 35 850€ e 48 350€.

Falar de elétricos, antes de mais, tem de ser tratar de autonomia, baterias, carregamento. Ora este Megane vai estar no mercado com baterias de 40 e 60 kW, qualquer delas com capacidade para carregamento rápido até aos 130 kW. A menos potente, promete cumprir 300 quilómetros; a maior 450. Sempre números otimistas, mas lá iremos.

O motor é de tecnologia síncrona de rotor bobinado e as potências são de 130 cv e 218 cv, valores dentro da normalidade.

Pouca autonomia? Verdade que queremos sempre mais. É esperar um ano, pois a Renault promete um novo modelo com capacidade para rodar 600 quilómetros, distância que começa a ser frequente no oferta.

O Megane elétrico é uma boa resposta da Renault à concorrência do segmento C. Original no estilo, modernaço no interior, dinâmica impressiva, consumos equilibrados e autonomia razoável, boa mala, só brilha menos na habitabilidade

É tempo de mudar para aquilo que a vista vê. E isso é um automóvel que de Megane só tem o nome. Até o emblema mudou (e foi bem trabalhado o losango)!

Não faltam pormenores de estilo marcadamente Renault, mas o resultado final, atrevo-me a dizer, é um automóvel consensual, com um pouco de tudo, mas essencialmente compromisso entre o SUV o tipo coupé e os novos familiares dois volumes.

Estilo marcante por fora e por dentro

Robusto, moderno, atribuem-lhe um design tecnológico e sensual. Seja o que for, tem postura marcante além da virtude da mudança. E uma série de pormenores distintivos. Desses, realce para as luzes ultrafinas, muito gráficas e ligadas ao escudo que vinca as entradas de ar. Também os puxadores que se destacam à nossa aproximação e atrás a recuperação do sistema de abertura dissimulado na moldura da porta. Enfim, na traseira de óculo mínimo (pode haver um retrovisor por câmara), novo rasto luminoso, sublinhado numa barra de luz de travagem com duas linhas. Piscas e luzes de presença recriam o efeito 3D.

A escolha de cores, incluindo bitom e pormenores em pintura contrastante reforçam a personalidade do Megane quase a gosto e as jantes de 20 polegadas, dominadoras, reforçam a imagem de um automóvel bem proporcionado, com as rodas bem puxadas aos extremos da carroçaria. Trata-se de um pormenor a contribuir para a ideia de um automóvel maior do que é – 4,20 metros. Original, um toque jovem e desportivo também.

No interior, outra revolução, desde logo no ambiente que privilegiou os materiais reciclados, encontramos a esperada prevalência do digital, neste caso marcado pela originalidade do chamado Open R a, solução encontrada para juntar o painel de instrumentos ao ecrã central vertical orientado para o condutor, uma espécie de “L” deitado com a perna para baixo, O sistema de infoentretenimento, intuitivo e completo na oferta com as respostas necessárias num elétrico, tem o Google incorporado o que significa dispor das facilidades de um smartphone… Android ou recorrer à conta pessoal. O ecrã central, com uma barra de menu no topo, pode ser utilizado como um tablet. É compatível com e sem fios com o Android Auto e o Apple CarPlay, que replica no monitor. E, claro, por ele desfilam as 26 (!) ajudas à condução que podem figurar no equipamento.

O pequeno volante “quadralizado”, com o toque desportivo de incluir o botão dos modos de condução, prende a atenção.  O seletor de marcha está agregado à coluna de direção, libertando espaço na consola, as patilhas servem para regular a regeneração. O controlo do rádio volta à coluna de direção, o que, para mim, deixa alavancas a mais do lado direito… Não faltam, o que se saúda, os botões de atalho físicos, entre eles um para o ar condicionado, sempre automático.

Boa construção, habitabilidade uns furos abaixo

A construção está em nível elevado e os acabamentos do tablier (TEP perfurado, tecido nos outros), com algum plástico de bom toque, bem integrado, e valorizados por um fio luminoso em LED (luz à escolha) assentam bem naquele ambiente high-tech sem exageros.

Com menos 15 cm de comprimento do que o conhecido modelo térmico, mais seis de altura e estreitado 3,4 cm o Megane e-Tech Elétrico assenta sobre uma nova versão da plataforma dedicada da Renault (CMF-EV), no caso com uma bateria de iões de lítio (Sansung) com apenas 11 cm de espessura (!) entre os eixos, como se tornou comum.

Esta solução, associada aos dois metros e 70 de distância entre eixos não traz uma habitabilidade ao nível do que podia esperar-se, em especial atrás, comparativamente com as novas ofertas assentes em plataformas dedicadas. Não falta espaço em altura, mas pernas e pés agradeciam mais mobilidade. De todo o modo, duas pessoas viajam bem.

Diferente é o que se passa com a bagageira: 440 litros de capacidade, mais 22 no fundo falso para guardar os cabos, são valores consideráveis. Pena o grande desnível entre a base do portão e o fundo, a criar dificuldades na retirada de malas ou objetos maiores.

Condução envolvente, dinâmica impressiva, bons

Falta passar ao volante e quando o fiz dei comigo a pensar que me lembrava daqueles bancos – até sorri! Sei que comodidade apreciável é costume na Renault, mas o modo como o recosto e o assento recebem e envolvem o corpo confere nível de conforto marcante e que ajuda a fruir o que vem a seguir: uma condução marcada por uma grande agilidade, desafiante mesmo quando a estrada ziguezagueia. Claro que isto tem custos altos num elétrico, sobretudo se potenciarmos as valências com o recurso ao modo Sport. Desta vez, só o usei para ultrapassagens com mais confiança.

Tração dianteira, bom pisar, frente incisiva, centro de gravidade muito baixo (-9 cm do que os Megane térmicos!), direção pouco desmultiplicada, direta contribui para tirar partido da capacidade da suspensão (multibraços atrás), mais firme do que o habitual, às vezes até seca, implicando novos padrões de conforto, menos franceses… Mas o carro curva bem, não é muito sensível às transferências de massas, nem faz muito recurso ao ESP e inspira confiança.

Viajei cerca de 250 quilómetros na versão de 218 cv e 350 Nm de binário que pesa 1 624 quilos, acelera e 0 a 100 e atinge os 160 km/h em velocidade de ponta. Os consumos oscilaram entre os 16 kWh, com autoestrada a 100 km/h cravados no cruise control, e os 16,5, no serpenteado da estrada do Douro. A eficácia da relação condução/economia foi de 68%, segundo o computador de bordo, e os resultados parecem-me razoáveis (1,4 kWh foram para o ar condicionado). Feitas as contas, a autonomia seria de 369 quilómetros. Interessante. Naturalmente, faz melhor no percurso urbano.

A versão de 60 kW numa tomada doméstica (10A) carrega em 30:30 horas e se for reforçada (16A), 18 horas; num posto público (22 kW) carrega 80 km em 30 minutos e na carga rápida meia hora valem 300 km.

Equipamento oferece bom recheio

Em termos de equipamento, um pacote sempre interessante, à medida das três opções: Equilibre (para quem só pensar no preço), Techno e Iconic.

Todos têm puxadores de portas integrados automáticos, faróis Full LED, painel OpenR, com replicação dos Smartphone Android e Apple CarPlay, com e sem fios (Google ligado ao Android), sensores de estacionamento e câmara de marcha atrás, cruise-control, reconhecimento de sinais de trânsito, assistência na transposição de via, travagem automática de emergência e travagem regenerativa com patilhas no volante, além de ar condicionado (manual no Equilibre). A partir do Techno, o pacote é substancialmente enriquecido: estofos em TEP, bancos dianteiros com regulação de seis vias e aquecidos, volante em couro aquecido, retrovisores rebatíveis eletricamente e com desembaciador, antena shark, Multi Sense, comutação automática de luzes, piscas dinâmicos atrás, ar condicionado automático bizona, Google integrado, reconhecimento de sinais com alerta de excesso e velocidade, sensor de chuva e sistema de som Arkanis (seis altifalantes); as jantes sobem para 20 polegadas. Enfim o Iconic junta a cor dourada nas lâminas dianteira e traseira, painel do tablier em TEP perfurado, decorações em madeira cortada a laser, estofos em couro e bancos dianteiros com massagem, sistema de som Harman Kardon (nove altifalantes) e sistema de ajuda ao estacionamento; as jantes são também de 20 polegadas.

O Megane elétrico é uma boa resposta da Renault à concorrência do segmento C. Original no estilo, modernaço no interior, dinâmica impressiva, consumos equilibrados e autonomia razoável, boa mala, só brilha menos na habitabilidade.

FICHA TÉCNICA

Renault Megane e-Tech Elétrico

Motor: síncrono de rotor bobinado

Potência: 218 cv (130 cv)

Binário: 300 Nm (200 Nm)

Bateria: 60 kWh (40 kWh)

Transmissão: tração dianteira, velocidade única

Aceleração 0-100 km/h: 7,5 s (10 s)

Velocidade máxima: 160 km/h (150 km/h)

Autonomia WLTP: 450 – 470 Km (300 km)

Dimensões: c/l/a – 4, 200/1,768/1,505 m

Bagageira: 440 L (+22 L no fundo falso)

Preço: Equilibre, 35 850€;Techno, a partir de 43 850; Iconic, desde 46 850€

Entre parêntesis versões com bateria de 40 kWh