Expressão marcante num rosto bem trabalhado (Foto Renault)

Postura afirmativa e bom pisar neste grande SUV (Foto Renault)

Linha de cintura vinca silhueta com traseira sobreelevada (Foto Renault)

Traseira com spoiler flutuante dispensa a barra de luz contínua (Foto Renault)

Interior familiar com volante levemente quadralizado (Foto Renault)

Painel de instrumentos com grafismo simpático e vários fundos (Foto Renault)

Google integrado faz do ecrã central um smartphone (Foto Renault)

Seletor de marcha no volante e, novamente, muitas comandos à direita (Foto Renault)

Bancos em tecido, alcantara e pele sintética com muito bom apoio (Foto Renault)

Monograma Alpine nos bancos é iluminado com recurso a tecnologia especial (Foto Renault)

ESpaço não é problema atrás, mas terceiro passageiro perde conforto (Foto Renault)

Engenhoso aproveitamento do apoio central para encaixar tablets ou smartphones (Foto Renault)

Tejadilho em vidro tem opacidade regulável (Foto Renault)

Grande bagageira (627 litros!) e boa modularidade (Foto Renault)

Tablier pode ter pormenores em folha de ardósia ou cortiça (Foto Renault)

Malha de losangos sob fundo azul ou cinza para a grelha que dá destaque ao grande emblema (Foto Renault)

Originais e muito tecnológicos os grupos óticos dianteiros (Foto Renault)

Luzes traseiras dispensam a barra continua (Foto Renault)

Spoiler flutuante, cintura ascente e pilar C robusto (Foto Renault)

Designação em relevo no portão traseiro (Foto Renault)

Junto aos guarda-lamas, a referência à versão Esprit Alpine (Foto Renault)

Grandes jantes com preocupações aerodinâmicas (Foto Renault)

Ptataforma é compartilhada com o Espace (Foto Renault)

Guiei o novo Renault Rafale e, controvérsias estéticas à-parte, fiquei bem impressionado com mais esta ofensiva da marca do losango na oferta superior, o segmento D. Este SUV coupé, tem, acima de tudo, a virtude da competência mas, infelizmente, é mais um híbrido recarregável eficiente maltratado pela política fiscal. Adiante… chega este verão, com 200 cv e preços a partir de 45 500€.

Desenhado por Gilles Vidal, o homem que trocou a Peugeot pela Renault, caíram-lhe em cima por acharem o Rafale parecido com o 408. Não é o primeiro e, seguramente, nem deve ser o último automóvel com familiaridades com outro produto. Principalmente, agora, com a avalancha de SUV a pedirem uma liberdade criativa menos condicionada por formas quase “obrigatórias”. Há uns tempos, os dois gigantes alemães tiveram um modelo de grande SUV que só parecia diferente pelo emblema…

Importa pouco, o carro está aí. Com outros reparos: por exemplo, 45 500€ não será muito para um SUV vindo de um generalista? Acho que os gostos não têm preço e todos sabemos que há coisas a pagar quando se sobe na escala e enriquece o recheio. Um segmento D não se vende como pãezinhos quentes… A Renault não fez um carro de saldo, nem podia a este nível, mas, quanto a mim, acrescentou um bom produto à oferta.

O Rafale, e vamos ao estilo, é um automóvel com presença. Capô alto, dianteira poderosa e muito elaborada com o proeminente para choques a dividir a grelha original, com malha de losangos sob fundo azul ou ardósia (qualquer que seja a cor), de uma grande entrada de ar delimitada, em baixo, por uma vistosa lâmina defletora. Luzes diurnas em boomerang sob os finos grupos óticos, muito tecnológicos compõem o conjunto,

Cintura alta em linha ascendente, superfície vidrada reduzida, tejadilho levemente arqueado e rematado por um spoiler flutuante, o Rafale tem silhueta elegante marcada ainda pelo triângulo “afundado” na parte inferior das portas e pelos grandes aros das rodas que podem receber jantes de 21 polegadas, as quais que lhe conferem a necessária expressão de força,

A traseira, ombros largos, grande portão bem integrado, luzes originais que dispensam a barra de ligação, é de escultura muito sóbria, limpa e inclui um para-choques negro com os escapes embutidos. Podia ser mais agressiva com outra opção para o defletor, por exemplo, mais radical – e existe na marca.

Este Renault Rafale é mais um passo na revolução que a marca francesa está a empreender, agora alargada ao segmento dos grandes SUV e com uma motorização híbrida auto recarregável, da qual não desiste a par com o desenvolvimento de automóveis eletrificados e 100% elétricos

Enfim, 4,71 para um grande SUV com o “corpo” condizente mas bem proporcionado, mais baixo do que é costume (1,61 m), muito bem assente na estrada, ar robusto e imagem desportiva. Muitas cores e a hoje obrigatória escolha bitom asseguram oferta por medida. Mas, claro, gostos não se discutem e cada um tem o seu…

Qualidade percebida de bom nível

No interior, a qualidade percebida é a nota dominante num ambiente que nos é familiar dos Renault. O grande ecrã em “L” deitado do sistema Open R Link (Google integrado), com um monitor para o painel de instrumentos (grafismo cuidado) e outro vertical para o infoentretenimento, destacam-se no tablier de linhas horizontais onde encaixa a consola criando uma lógica de cockpit. Os bancos desportivos, com excelente apoio, o volante multifunções levemente quadralizado e com o botão dos modos de condução (My Sense) contribuem para a empatia que tudo isto gera.

Não falta um tejadilho em vidro de opacidade regulável, com nove segmentos e que pode também ser regulado em duas metades, servindo a preferência de quem vai à frente ou atrás.

PASSADO E FUTURO – Ao fundo está o Caudron-Renault Rafale, avião com tecnologia da marca francesa que bateu o recode mundial de velocidade (445 Km/h) em 1934 e “apadrinhou” o novo grande SUV; em primeiro plano, a próxima oferta: a versão plug-in com 300 cv, tração integral permanente e equipamento enriquecido, que conheceremos ainda este ano (Foto Renault)

Guiei uma versão Esprit Alpine, acabamento topo de gama da oferta, escolha de materiais criteriosa, e, neste caso, os pormenores também contam e ganham outro brilho, seja o monograma (iluminado!) do “A” cortado pela seta estampado nos bancos, os pespontados com o tricolor francês, a pequena chapa com o emblema do estandarte gaulês indispensável na marca desportiva da Renault. Requinte q.b. também. É fácil gostar.

Construído sobre a plataforma do Espace, 2,74 m entre eixos, o Rafale não tem problemas de espaço, desanuviado à frente, muito bom atrás, onde duas pessoas beneficiam de um apoio de braços que até está preparado para receber dois tablets ou smartphones em apoios próprios. O túnel é alto e um quinto passageiro terá muito menos conforto. A mala, não obstante estarmos face a um híbrido, oferece 627 litros, capacidade merecedora de nota alta. A modularidae é valorizada por um banco traseiro de recosto tripartido.

Base do Austral e Espace

Em termos de motorização, a receita é a utilizada nos Austral e Espace. Na base de tudo, o três cilindros turbo 1.2, ciclo Miller, 130 cv e 205 Nm de binário máximo, que já não pode surpreender mais com a sua eficiência ligada a um sistema híbrido de série paralela. São dois motores, um com 70 cv e 205 Nm de binário, alimentado por uma bateria de iões de lítio de 2 kWh/400V para a condução elétrica. O outro é um gerador de alta tensão (35cv/50 Nm) que liga o motor e gera a caixa de velocidades automática multimodo.

Na soma, 200 cv, e um binário combinado significativo que a marca não revela, mas permite acelerar de 0 a 100 km/h em 8,9 segundos, recuperar dos 80 aos 120 em 5,6 segundos (modo Sport) e atingir os 180 Km/h em velocidade de ponta.

Verdade que não significa um “canhão”, mas é capacidade muito razoável para a realidade dos full hybrid, levando ainda em conta um peso que pode chegar aos 1 721 quilos e, sobretudo, com os valores de consumo prometidos (4,7 l/100 km) e para as emissões de 105 g/km.

Fiz mais de 180 quilómetros ao volante deste e-tech full hybrid numa versão que não dispensava o sistema de quatro rodas direcionais já conhecido da Renault e a impressão confirmou aquilo que já experimentara com o Austral e o Espace: um automóvel conseguido e competente. Verdade que não esmaga na aceleração, progressiva mas não repentista,  mesmo respondendo com aprumo às solicitações do acelerador. Mas mantém, com naturalidade, andamentos exigentes e curva de forma muito assertiva.

Mais baixo do que é vulgar nos SUV (1,61) não vai além do tolerável na capacidade à resistência na transferência de massas, não se descompõe e revela uma firmeza que sentimos no apoio dos bancos… enquanto suporte e não amparo de balanços. Convincente, sobretudo depois da passagem por uma zona a pedir condução empenhada. As quatro rodas direcionais fazem mesmo diferença e não apenas para facilitar o parqueamento. E um direção direta é ajuda óbvia. A relação conforto eficácia, não penaliza a comodidade.

A caixa automática multimodo, com as suas quatro relações para o motor térmico e mais duas para o elétrico e 15 possibilidades de resposta revela-se, uma vez mais, bom complemento num automóvel em que contamos com a função B e mais quatro níveis de regeneração reguláveis nas patilhas dos travões. Uma aceleração forte e prolongada pode ser audível, mas nada de parecido com as soluções CVT.

Consumos e auto recarregamento convincentes

Optei por con duçãolimitanda ao modo Comfort (os outros são Eco, Sport e My Sense) e, com duas pessoas a bordo, cumprindo os limites de velocidades espanhóis (a experiência decorreu na região de Sevilha) e consegui 6,6 litros de média, sem “competir” com o computador de bordo e aproveitando o potenciamento da regeneração sempre que isso não penalizava o andamento.

Confirmei a tendência destes híbridos da Renault para recarregarem com facilidade, a ponto de o indicador de carga andar muitas vezes acima do meio e ser frequente ver acesso o piloto EV, indicando que rolava em modo elétrico. A Renault diz que isso pode acontecer em 80 por cento do tempo e contribuir para consumos 40% inferiores aos de um automóvel “normal” a gasolina. Poderá não ser rigoroso, mas é capaz de não andar longe da verdade para quem quiser um híbrido e saiba rentabilizar o sistema.

É uma pena que tudo isto não seja considerado por quem tem de decidir os incentivos à fiscalidade nos automóveis. Os híbridos, que gastam e poluem menos, são tratados como qualquer outra opção que não implique carregamento elétrico, e esses estão longe de ser a maioria do mercado.

Em termos de equipamento, muito completo, e ajudas à condução – 32 ADAS – o Rafale alinha com a  modernidade da oferta em termos de tecnologias conectada, que lhe permite estar sempre atualizado. E, claro, a Inteligência artificial também anda a bordo numa série de funções e rotinas.

Este Renault Rafale é mais um passo na revolução que a marca francesa está a empreender, agora alargada ao segmento dos grandes SUV e com uma motorização híbrida auto recarregável, da qual não desiste a par com o desenvolvimento de automóveis eletrificados e 100% elétricos.

FICHA TÉCNICA

Renault Rafale E-Tech Hybrid 200 cv

Motor: 1 199, três cilindros, injeção direta, turbo, ciclo Miller

Potência: 130 cv

Binário máximo: 205 Nm

Sistema híbrido: dois motores (um gerador), 50+25 cv – 205Nm+50 Nm

Bateria: 2 kW, iões de lítio, 400V

Potência máxima: 200 cv

Binário máximo: não divulgado

Transmissão: caixa automática  multimodo

Aceleração 0-100 km/h: 8,9 s

Velocidade máxima: 180 km/h

Consumo: média – 4,7/100 km (WLTP)

Emissões: 105 g/km

Peso: 1 660/1 721 kg

Dimensões: c/l/a – 4,710/1 866/1 613 m

Mala: 627/532 litros

Preço: Esprit Alpine, 50 000€; Tehcno, 45 500€