Conheço Sbarro há 33 anos e, ao longo deste tempo, deliciei-me com algumas das loucuras a que deu corpo no Salão de Genève. Hoje falo dele porque continua a partilhar o seu sonho com os jovens numa escola original, na qual se juntam a teoria e a prática. À atenção daqueles que gostam de desenhar automóveis e sonham construir um.

Franco Sbarro é um italiano que aos 17 anos, em 1956, foi trabalhar como mecânico para a Suiça. A história da sua vida é a paixão pelo automóvel e um talento inato que lhe merece o respeito de algumas grandes figuras da indústria.

Com 20 anos, produziu o seu primeiro automóvel, mistura de outros automóveis… Não parou de evoluir mas o primeiro momento decisivo no caminho do futuro é a contratação para mecânico da célebre Scuderia Filipinetti. Aqui começou a ganhar asas e também a notoriedade que, em 1968, o levou a formar a sua empresa a ACA (Atelier de Estudos e Construção Automóvel), e nesse mesmo ano a lançar um primeiro produto.

Este é mesmo um curso de pôr as mãos na massa. São dez meses de estudo-trabalho que levam à conceção e produção de um automóvel que é mostrado no espaço de Sbarro no Salão de Genéve

Idealizou alguns automóveis fantásticos, produziu réplicas famosas, fez carros de sonho para aqueles que os podem pagar e há mais de duas décadas partilha a sua experiência e saber na Universidade de Tecnologia de Belfort-Montbéliard, em França, junto à fronteira suiça, através de um curso muito especial na Escola Espera – Formação de Estilista e Prototipista!

E este é mesmo um curso de pôr as mãos na massa. São dez meses de estudo-trabalho que levam à conceção e produção de um automóvel que é mostrado no espaço de Sbarro no Salão de Genéve. Este ano foi um futurista todo-o-terreno batizado 4×4+2 – como todos, original e funcional!

Os alunos estão frequentemente neste espaço e foi aí que, há uns anos, encontrei também um português tentado pela lógica de Sbarro. Perdi-lhe o rasto, mas falou com paixão do trabalho realizado na escola.

Para o mestre italo-suiço, cérebro e mãos asseguram o binómio do saber-fazer e desenhar automóveis só possível no princípio de que o estilo tem de respeitar a função. Quem não pensar assim, como diz na entrevista de apresentação da escola, estará mais perto de ser um ilustrador…

O automóvel tem de falar daqueles que o fazem na lógica de Sbarro. E só faz automóveis quem tem essa paixão. Por isso, há uma seleção para entrar na Escola Espera, por isso se avalia a motivação do candidato, a sua capacidade para o trabalho em equipa, mas também a adequação do programa e dos objetivos da formação ao projeto pessoal do candidato.

É seguramente uma escola original esta que Sbarro mantém com a mesma paixão que marcou toda a sua vida. Em Genève, este ano, entre duas conversas – há sempre alguém a falar com ele e o mestre não se furta a dar explicações –,voltei a fazer-lhe a pergunta que lhe pus há uns tempos largos, perante um daqueles projetos vanguardistas que desenvolveu a par com os sonhos que tornou realidade:

– Sbarro é um louco

Voltou a sorrir com a cara de menino do mestre de 77 anos, agora sempre vestido de negro, como imagem de marca.

– Posso ser!

– Mas feliz e realizado?

– Sem dúvida!

Resta dizer que para frequentar a escola de Sbarro é preciso ter 18 anos e designadamente estar apto a trabalhar com polyester, para o que é necessário um atestado médico. Esta escola é mesmo, e repito, para pôr as mãos na massa.

Tudo em www.e-sbarro.fr