Parece difícil encontrar mais simples e discreto. Nem sequer houve a preocupação de lhe emprestar aquela imagem mais lúdica dos modelos com as formas da moda. O Skoda Kamiq é o SUV do segmento B que privilegia outros valores. Oferece espaço como poucos, a qualidade não engana, é cómodo e tem um dos melhores 1.0 três cilindros do mercado, neste caso com 116 cv e caixa automática. Inspira confiança e o preço é competitivo.
O estilo nada traz de novo. Só podia ser um Skoda, até pela sobriedade de um SUV tão limpo nas superfícies que nem tem a bordadura dos reforços plásticos. Formas naturais, grandes elaborações estéticas dispensadas, mas uma imagem que traduz força e robustez. E que sai potenciada porque este é um automóvel bem assente no solo, pisar afirmativo.
O interior, marcado por um tablier herdado do Scala (como a plataforma MQB-0, aqui a servir para propostas distintas – segmentos B e C), compõe um ambiente já completamente digitalizado, com exceção do ar condicionado, ainda assim com comandos divididos com o ecrã central, um sistema de infotainement também já modernizado, com a informação necessária e utilização intuitiva. O painel de instrumentos é o virtual cockpit com cinco escolhas de apresentação. Estranha-se, até pela presença da caixa automática, a alavanca do travão de mão em vez de um sistema elétrico.
O Kamiq tem aquele toque especial da Skoda, é sóbrio, espaçoso como poucos, bem construído, cómodo também. Com os 116 cv do 1.0 de três cilindros e caixa automática revela a competência dos produtos equilibrados, até no preço
A oferta de espaço para passageiros e bagagem conta-se entre as referências ao nível dos pequenos SUV. À frente, respiramos sem aperto, bem sentados – muito bons os bancos desportivos opcionais (385€) – e numa posição de condução até menos elevada do que é costume num SUV. O espaço para as pernas dos passageiros do banco traseiro e a altura do habitáculo garantem grande comodidade e uma acessibilidade sem mácula. A nota só não é mais elevada dada a altura do túnel central e a intrusão da consola que, a par com a largura, roubam desafogo a um quinto passageiro. Mas seria pedir muito!
Como o Simply Clever significa mais do que soluções engenhosas
A bagageira honra a tradição da Skoda: 400 litros não é capacidade para todos e com os bancos rebatidos (60×40) a volumetria sobe para 1395. Nesta matéria de modularidade e versatilidade, a marca checa “explica” que o Simply Clever é muito mais do que meia dúzia de gadgets e soluções engenhosas, como o chapéu de chuva que não falta.
O casamento do 1.0 três cilindros de 116 cv e a caixa DSG de sete velocidades resulta muito bem. É verdade que as prestações do Kamiq não surpreendem, com os 10 segundos para acelerar de 0 a 100 e 193 km/h em velocidade de ponta, mas a transmissão automática de dupla embraiagem gere muito bem a disponibilidade do motor e vamos descobrir um Kamiq generoso e despachado q.b. Provavelmente menos, com quatro passageiros e carga…
Deste motor há pouco a dizer, mas era injusto não referir o excelente trabalho de insonorização realizado que contribui para a comodidade deste Skoda, como de costume muito alemão tanto na afinação da suspensão como na firmeza das espumas dos bancos. É uma filosofia muito particular.
Em curva, o Kamiq porta-se bem. Não é dado a grandes brilhantismos, mas suporta bem as transferências de massas e até deixa que o possamos balancear nas zonas mais sinuosas. O ESP pode então dar sinal de si, mas nunca se sente qualquer insegurança. A direção tem o “toque” adequado para um automóvel deste estilo e com esta potência.
Consumos razoáveis e muito equipamento
Em matéria de economia, este tricilíndrico do grupo VW está entre os mais económicos e no Kamiq desembaraça-se honestamente dos mais de 1200 quilos, mas não brilha tanto quanto esperávamos. Sempre apenas com o condutor a bordo, e usando preferencialmente o modo ECO – há ainda Normal, Sport e Individual (driving mode select, outro extra: 105€) – o computador de bordo registou 5,5 litros aos 100 em autoestrada, com o cruise control nos 120; num percurso suburbano, com tráfego e muita cidade, a média registada foi de 6,8. O balanço geral cifrou-se nos 7,8.
A versão que conduzi foi o Style, com um pacote de equipamento considerável: faróis full LED com função cornering e controlo de máximos, luzes de nevoeiro, piscas dinâmicos, abertura e fecho mãos livres, botão de arranque, travagem de emergência, sistema de manutenção na faixa de rodagem, sensores de luz, chuva e parqueamento, câmara traseira, cruise-control, virtual cockpit, navegação, bluetooth e controlo por voz, ar condicionado automático, barras no tejadilho, pneu sobressalente. Para enriquecer o pacote e representando mais 2675 euros, tejadilho panorâmico, driving mode select, frisos cromados nas janelas, bancos e volante desportivos e jantes em liga de 18 polegadas (17 de origem).
Em sintese, o Kamiq tem aquele toque especial da Skoda, é sóbrio, espaçoso como poucos, bem construído, cómodo também. Com os 116 cv do 1.0 de três cilindros e caixa automática revela a competência dos produtos equilibrados, até no preço.
FICHA TÉCNICA
Skoda Kamiq Style 1.0TSI 116cv DSG*
Motor: 999 cc, 3 cilindros, turbo, injeção direta, intercooler, start/stop com recuperação de energia
Potência: 116 cv – 5000/5500 rpm
Binário máximo: 200 Nm – 2000/3500 rpm
Transmissão: caixa automática de dupla embraiagem com sete velocidades
Aceleração 0-100: 10 segundos
Velocidade máxima: 193 km/h
Consumo: média – 4,9/5 litros/100 km
Emissões: 124,5/153,7 g/km
Dimensões: (C/L/A) – 4241/1793/1556 mm
Peso: 1231 kg
Bagageira: 400/1395 litros
Preço: 31 100€, versão ensaiada; 28 425€, Style; desde 22 143€
* Concorrente ao Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal