Partilho da ideia de que o Smart elétrico é, por excelência, o exemplo do citadino correto entre os veículos das chamadas novas tecnologias. Faz todo o sentido! Mantenho o pensamento mas, valha a verdade, não consigo ultrapassar as  e as limitações que esta escolha impõe em termos logísticos. Neste caso, além do mais, o preço (desde 22 500 euros) também não ajuda e faz do carro um brinquedo muito caro, mesmo em defesa do ambiente!

O mais sui-generis dos citadinos, no caso o novo fortwo cabrio na versão elétrica, com 82 cv e 160 Nm de binário máximo, cumpre a função principal. É um verdadeiro rei na cidade, pela agilidade, pela facilidade de estacionamento, até pelo despacho, mesmo que esperasse outra rapidez na resposta ao acelerador, como acontece na generalidade dos elétricos. Este faz 11,8 segundos na aceleração 0-100. E atinge os 130 Km/h – velocidade limitada eletronicamente.

Ainda assim, para o que deve ser, basta! Até porque faz todo o sentido utilizar o modo Eco que reduz  a velocidade mas aumenta a capacidade de retenção em prol da recarga da bateria (colocada sob os bancos), mais útil ainda no para-arranca citadino. O Smart EQ funciona por defeito no modo Normal e é preciso acionar um interruptor na consola para lhe “despertar” as propriedades de poupança. Vale a pena.

 um Smart especial, ainda mais fadado para a cidade, mobilidade a pensar num quotidiano simples, ideal para quem não resida longe do emprego (…)  e com as limitações que continuam a condicionar a opção elétrica em Portugal: ou tem garagem…

Neste capítulo, atenção ao ar condicionado. Provavelmente, pouco importante para quem escolhe um cabrio, mas nestes dias de regresso a um calor de verão esquecido, é difícil não querer um habitáculo mais fresquinho. Foi o que fiz, mas o “preço” foi visível na indicação de carga da bateria, o que me levou, quase automaticamente, a pensar que o melhor era abrir as janelas. O que não gosto e fiz.

Limitação importante

Lisboeta, sem garagem, recorri, à noite, a um posto da Mobi-e. No caso junto à mesquita da capital, um está instalado um dos novos carregadores. Estranhei deparar com as duas tomadas livres, o que nem é comum. A razão era simples: não funcionava. Dizem-me que são muitos assim…

Na garagem de casa, seria simples, é verdade. Não tenho, a exemplo da maioria dos lisboetas e dos portugueses. Numa tomada normal, entre seis e seis horas e meia bastariam para conseguir 80% da carga e com uma wallbox melhor ainda: 3,30 h (20 a) ou 45 minutos com a opção trifásica (32 a)! Obviamente, estas coisas pagam-se.

Tinha feito 54 quilómetros com aproveitamento razoável (cheguei a conseguir 74 por cento no índice de economia). Faltava avaliar alguma coisa sobre o comportamento deste Smart EQ e ver como ele reagia a um andamento mais vivo. Fiz o percurso a que sujeito todos os automóveis aqui apresentados, dei com um carro naturalmente muito ágil, honesto na eficácia, mas sem surpreender, até com um sistema de controlo de estabilidade algo brusco – revelado numa situação de curva e contracurva quando se alterou o apoio.

Em termos de conforto estamos conversados, o ruído aerodinâmico supera o do motor, as limitações de espaço são óbvias e a suspensão ajuda pouco, especialmente nos maus pisos – e eles não faltam em Lisboa. Direção e travagem ajustadas, transmissão já se sabe, um elétrico, automática, velocidade única. A tração continua a ser traseira.

O stress do costume…

E nisto apoderou-se de mim a sensação comum sempre que guio um automóvel elétrico: o indicador da autonomia começa a baixar muito depressa… Esqueci a ideia de um passeio, ainda que curto, e optei por regressar à base, pela primeira vez ultrapassando a barreira dos 100 km/h. No final: 92,8 km percorridos e mais 15 de autonomia, segundo prometia a instrumentação… O índice de economia estava nos 63%! A marca anuncia valores entre os 155 e os 159 km. Não me parece fácil depois dos 107,8 que daria a minha experiência até parar ao ritmo seguido.

Este Smart só diferia dos outros porque ostentava uma pintura especial preto e verde, com a simbologia da diferença bem marcada. A capota elétrica, acionável na consola e sem fechos, funciona de forma satisfatória. Por dentro, as diferenças são duas: o conta-rotações, à esquerda sobre o tablier, é substituído pelos indicadores de consumo/recarga de energia e estado da bateria; o ecrã central, passa a incluir também informação gráfica sobre o fluxo de energia, carga da bateria, autonomia e performances de rendimento.

Concluindo, um Smart especial, ainda mais fadado para a cidade, mobilidade a pensar num quotidiano simples, ideal para quem não resida longe do emprego, que continua a não servir para ir ao supermercado fazer as compras do mês e com as limitações que continuam a condicionar a opção elétrica em Portugal: ou tem garagem ou um emprego onde pode carregar a bateria. Os postos públicos são cada vez mais uma lotaria – pelo menos, parece pelo que me dizem. Além disso, um brinquedo caro: 26 050 euros. Talvez pouco para quem possa ter dois automóveis.

Seja como for, na sequência da decisão tomada no mercado norte-americano, está anunciado que todos os Smart serão elétricos também na Europa já em 2020. Talvez sobrem uns motores de combustão para a China…

O Smart EQ tem o motor (que debita mais 7 cv do que a versão anterior) atrás e a bateria, mais leve 20 kg, está colocada sob os bancos.

FICHA TÉCNICA

Smart EQ fortwo Cabrio*

Motor: síncrono de corrente alternativa de excitação externa

Bateria: iões de lítio com 96 células e 17,6 kW de capacidade

Carregador de bordo: 4,6 kW

Potência: 82 kW

Binário máximo: 160 Nm

Transmissão: automática, velocidade única

Aceleração 0-100: 11,8 s

Velocidade máxima: 130 km/h

Consumo: 13,1-13 kW/100 km

Autonomia: 154/1159 km

Carregamento: cerca de seis horas numa tomada normal; 3,30 horas ou 45 minutos com wallbox

Bagageira: 260/340 litros

Preço: desde 26 050 euros; versão fechada a partir de 22 500 euros

*Este Smart EQ é concorrente aos Global Mobi Awards