A Mitstubishi diz que é um carro descomplicado. Talvez por isso oito anos de história, o que começa a ser muito, e o terceiro facelift – este o mais profundo. Espaço, fiabilidade e preço continuam como armas do Space Star, compromisso ao estilo do citadino pequeno feito grande. Motor três cilindros, 1.2, 80 cv, cinco lugares competente e honesto à imagem da escola japonesa, aí está um carro que já não surpreende, mas cumpre.

Parece outro com as novas óticas e a frente ao estilo Dinamic Shield, herdada dos mais recentes Mitsubishi. No caso resulta até tão bem que a imagem é menos exuberante do que nos familiares. E liga bem com o toque na maquilhagem da traseira, para-choques redesenhados e mais baixos, ar desportivo e modernizado pelas novas luzes em LED. Mais fresco e jovem, e mais robusto sem perder a graça do maneirinho com 3,84 metros…

O interior é o conhecido exercício dos moldes plásticos. O estilo é jovial mas importante, afinal, á registar  que a construção e o acabamento amenizam a frieza daquele material menos agradável ao toque, sem uma superfície almofadada. Uns pormenores com o brilho do piano black (volante e consola) e algum tecido nas portas, junto aos apoio de braços dianteiros, dão algum calor ao ambiente que ganha com o facto de a estofagem dos bancos ser em tecido axadrezado e não dispensar os bordos em pele sintética. Resulta.

Já não surpreende mas cumpre. E até parece outro com uma cosmética que ameniza os seus oito anos. Desembaraçado e ágil, generoso no espaço ainda é compromisso interessante para quem precisa de um citadino

De novo, só o painel de instrumentos, analógico claro, e a colocação dos comandos na consola central. O ecrã central tátil e com botões de atalho está integrado no quadro que domina o centro do tablier, numa solução até bem resolvida.

A posição de condução é penalizada pela não regulação do volante em profundidade, mas nada que não se ultrapasse já que até nos adaptamos bem ao Space Star, mais ainda quando nos lembramos de que estamos num citadino e num carro que tem um preço muito competitivo. E não há milagres.

Entre o pequeno e o grande

Em termos de habitabilidade, o Space Star beneficia daquele opção de ser um citadino que se aproxima dos modelos do segmento B. À frente é razoável. Atrás tem três lugares, mas é para dois com um mínimo de conforto e espaço generoso. Nada que surpreenda.

Já a bagageira é limitada: 235 litros. Tem plano de carga alto e muito desnivelado. Úteis podem ser as três caixas sob o fundo falso.

Animado pelo conhecido 1.2 MIVEC de três cilindros, o Space Star que conduzi tinha uma caixa CVT. É um argumento a favor do conforto na condução, mas já se sabe, quando se procura andar mais depressa lá vem aquela sensação de arrasto e a “música” do motor a acompanhar a subida de rotações, principalmente quando se usa o modo Sport que traz algum “nervo” e se deixa o ECO bem adaptado ao desempenho do citadino. Aliás, o silêncio a bordo não é referencial, sobretudo em autoestrada.

Em termos de condução, o desembaraço e a agilidade do pequeno Mitsubishi são os suficientes para um automóvel do género e a  verdade é que, uma vez embalado, o Space Star desliza muito bem e revela um comportamento em curva muito equilibrado. A frente nunca alarga muito a trajetória, a inclinação da carroçaria é normal, as coisas até podem passar-se rapidinho com naturalidade. Um compromisso interessante entre eficácia, conforto e intervenção da eletrónica.

Consumos afinam pela vulgaridade

No que respeita a consumos, os números ficam-se pela vulgaridade, sobretudo em autoestrada, onde aos legais 120 km/h com o cuise-control ligado o melhor que consegui foram 6,8 litros aos 100, mais do que a média final – 6,4. A marca anuncia a média de 5,6 WLTP, pouco mais do que o manual, 5,4 – mais rápido e veloz.

A versão que conduzi foi a Connected Edition, a mais bem equipada, incluindo sistema MGN com Apple Car Play, sistema de navegação Tomtom, bancos em pele e tecido. Mas as diferenças são poucas e todos os Space Star têm faróis de nevoeiro dianteiros, pisca embutido no espelho retrovisor, spoiler com luz de Stop LED , jantes de Liga Leve com 15″, luzes diurnas, computador de bordo, Auto Stop & Go , ecrã com informação da função ECO, espelhos elétricos, sistema de sinalização de travagem de emergência, ar condicionado automático, sistema de arranque sem chave, ligação USB, comandos áudio e cruise-control no volante, sensores de luz e chuva, bluetooth, tabuleiro para arrumação na bagageira.

Já não surpreende mas cumpre. E até parece outro com uma cosmética que ameniza os seus oito anos. Desembaraçado e ágil, generoso no espaço ainda é compromisso interessante para quem precisa de um citadino.

FICHA TÉCNICA

Mitsubishi Space Star 1.2 MIVEC CVT

Motor: 1193 cc, distribuição de válvulas variável, start/stop

Potência: 80 cv/6 000 rpm

Binário máximo: 106 Nm/4 000 rpm

Transmissão: caixa automática de variação contínua

Aceleração 0-100: 13,5 s

Velocidade máxima: 173 km/h

Consumos: média WLTP – 5,6 L/100 km

Emissões: 127 g/km

Bagageira: 235 litros

Preço: Connected Edition, 16 450 (14 600, no lançamento); desde, 15 250 euros ( 12 350, no lançamento)