Gosto do Kia Stonic desde a primeira hora, para que não sobrem dúvidas. Ao volante da versão a gasolina, 1.0 de 120 cv, aquela que agora começa a fazer mais sentido, fui encontrar um pequeno SUV equilibrado. Do lado das virtudes, pesa a relação preço/equipamento/qualidade. Entre os defeitos, aponto os consumos, afinal “feitio” comum aos motores de três cilindros. O preço começa nos 19 610 euros

Vistoso e personalizado, imagem jovem e robusta é aquilo que o Kia Stonic me transmite ao olhar. Bem proporcionado (tem 4,14 metros de comprimento; 1,76 de largura;1,5 de altura) e conseguido do ponto de vista estético, na linha dos recentes produtos do construtor sul-coreano, muito europeu vejo nele um pequeno SUV à medida de um casal jovem, mas basta não ser velho de espírito para admitir alguém de idade mais madura ao volante.

A dianteira com o tradicional “nariz de tigre” a envolver uma placa plástica em vez da grelha, limitada à grande entrada de ar que rasga o para-choques é pormenor tão distintivo quanto atrás o revestimento de proteção cinzento que integra a saída de escape. As jantes de 17 polegadas transmitem a força suficiente ao conjunto e ligam muito bem ao solo um SUV que ganha frescura nas tão em voga opções bitom.

Em termos de espaço, a proposta prima pela honestidade. À frente não há grande conflitos de cotovelos, atrás, a medida, claro, é para dois, ainda que seja de cinco a lotação, e o espaço para as pernas garante conforto ao nível da média do segmento.

Um pequeno SUV a ver com atenção pelos adeptos do género. Vistoso e jovem, equilibrado, espaçoso q.b., despachado e bem comportado. O motor de três cilindros a gasolina faz-se ouvir e tem de ser domado sob pena de se tornar guloso

Sem surpresa, o plástico manda no interior, mas a escolha de materiais foi criteriosa – há plásticos dúcteis no sítio certo, elementos decorativos q.b, os revestimentos são bons e alegres – e os níveis de qualidade, até pela montagem, estão em muito bom plano, afinal fazendo jus à reconhecida valorização da imagem da marca.

Ambiente interessante

O tablier “encaixa” na perfeição na jovialidade que respiramos no Stonic. Simples e desportivo, no imediato, base de um conjunto completo com o indispensável tablet central tátil, volante multifunções rombo com dimensões certas e boa pega, consola projetada na linha dos comandos da climatização, ergonomia a dispensar reparos. Um ambiente interessante.

A capacidade da bagageira é limitada a 332 litros – há melhor na concorrência – mas o rebatimento dos bancos (60×40) permite chegar aos 1135 litros e jogar com a modularidade habitual, capaz de resolver algumas dificuldades. O fundo falso é ajuda em algumas situações, mas o plano de carga não alinha com a moldura do portão o que é sempre menos prático. A chapeleira funciona em articulação com o portão.

Ao volante assumimos, com conforto razoável, a tradicional posição elevada. As afinações de banco e volante ajudam a encontrar na regulação certa para uma empatia fácil com a condução do Stonic. Ágil, tudo à mão, é um daqueles automóveis que consideramos fáceis de guiar, primeiro pela manobrabilidade, depois por ser bem mandado e bem comportado. Curva com desenvoltura e sai-se bem naquelas zonas mais “trabalhosas”.

Assente sobre a plataforma do Rio – nada a ver com o “primo” Hyundai Kauai –,o Stonic não acusa especialmente a altura e revela um compromisso interessante entre o conforto e a eficácia. Pode notar-se alguma secura na suspensão, mais sensível para quem viajar atrás.

Motor despachado

Tudo isto com um motor três cilindros, como é timbre destas modernas propostas, muito vivo e despachado, prestações interessantes. Mais reconhecível pelo ruído de funcionamento (sobretudo a baixa rotação) do que pelas vibrações, caixa de seis velocidades bem doseada, é do tipo “vaidoso”, gosta de mostrar o que vale, reagindo prontamente ao acelerador. Ora, este comportamento, se por um lado tem graça, por outro pede cuidado a quem faz contas aos consumos. Estas motorizações são sempre menos económicos do que se espera e este não foge à regra. Em autoestrada, com quatro pessoas a bordo, cruise-control nos 120 andou entre os 7 e os 7,3 litros aos 100. A média geral cifrou-se até neste último valor. Ao ritmo do passeio domingueiro, algumas filas e nada de excessos, consegui 6,8. Pareceu-me difícil ir abaixo disto.

A versão que guiei foi um TX, o topo de gama que inclui um pacote de equipamento considerável: chave inteligente e botão de arranque, bancos em pele e tecido, ar condicionado automático, volante multifunções em pele perfurada, ecrã tátil de 7 polegadas com navegação, rádio, Bluetooth, câmara traseira, sensores de luz e chuva, luzes diurnas em LED, projetores de halogéneo bifuncionais e faróis de nevoeiro, vidros escurecidos e jantes em liga leve de 17 polegadas. No caso, acrescia o Pack ADAS Plus (1000 euros), que inclui travagem de emergência, sistema de manutenção em faixa, máximos automáticos, detetor de ângulo morto. Faz diferença…

Outra opção é a pintura bitom, disponível apenas no TX, a qual custa mais 500 euros.

Enfim, um pequeno SUV a ver com atenção pelos adeptos do género. Vistoso e jovem, equilibrado, espaçoso q.b., despachado e bem comportado. O motor de três cilindros a gasolina faz-se ouvir e tem de ser domado sob pena de se tornar guloso.

Como é norma na Kia, o Stonic beneficia daquele que continua a ser grande argumento da marca: sete anos de garantia.

 

FICHA TÉCNICA

Kia Stonic 1.0 T-GDI TX

Motor: 998 cc, três cilindros, turbo, gasolina, start/stop

Potência: 120 cv/6000 rpm

Binário máximo: 172 Nm/1500-4000 rpm

Transmissão: caixa manual de seis velocidades

Aceleração 0-100: 10,3 s

Velocidade máxima: 184 km/h

Consumos: média – 5,5 litros/100; estrada – 4,9; urbano – 6,5

Emissões de CO2: 115 g/km

Bagageira: 332/1135 litros

Preço: 23 910 euros*; desde 19 610 euros; versão com caixa automática de 7 velocidades – 25 210 euros

*Está em vigor uma campanha de apoio direto à compra no valor de 3200 euros e que pode chegar aos 4000 com financiamento