Na base um BMW Z4 vestido pela Toyota, em resultado de um acordo que surpreendeu muita gente e “ofendeu” uns quantos, o Supra é um coupé que na imagem só podia ser Toyota, estão lá os genes, e revela o melhor da escola de design japonês – mais consagrada do que muitos imaginam. Ninguém fica indiferente à sua presença e menos à sua passagem.
E quando assume a exclusividade da versão Fuji Speedway Edition, limitada a 200 exemplares, a nossa relação com o carro passa a ser quase viral… Comigo, relação inesquecível com alguns Toyota de feição desportiva dos anos 70, deu-se o caso de me sentir num automóvel “taylor made”. Mas, passe a saudade e vamos ao que interessa.
Este Toyota GR Supra prova que um 2.0 litros de quatro cilindros e 258 cv de potência podem ser o quanto baste para um desportivo capaz. Motor nervoso e equilibrado, desempenho convincente, competente em curva tem o suficiente para quem gosta de uma condução “bem temperada”!
Construção irrepreensível, o que não surpreende face às proveniências, o Supra oferece um habitáculo sóbrio, sentamo-nos em excelentes bacquets, e o resto é próprio de um cockpit, marcado pelo digital, obviamente, e pela simplicidade do estritamente necessário – o que se agradece. E entre isso está o ecrã central com o software da BMW que pode dar algumas boas ideias à Toyota, neste capítulo uns furos abaixo.
Pensado para o gozo da condução
Quando se liga a ignição é como se o Supra falasse connosco. O som do quatro cilindros, mesmo sem o sintetizador que “mascara” o ambiente sonoro em modo Sport, é o bastante para percebermos que tratar-se de um automóvel talhado para o gozo da condução. O que se confirma logo na cidade, situação em que até descobrimos um nível de conforto superior ao que admitíamos, mesmo com jantes de 19 polegadas, e um motor elástico ao ponto de, a baixa rotação responder como relógio afinado e permitir uma utilização descontraída. A caixa ZF de oito velocidades gere tudo muitíssimo bem.
Tão bem que se for preciso um “cheirinho” de acelerador, o Supra transfigura-se como para lembrar dispormos de 400 Nm de binário máximo e, logo, que as suas capacidades também são outras! E se são… Os 5,2 segundos de 0 a 100 são disso boa carta de apresentação.
Rapidamente percebemos que os 258 cv gostam de mostrar-se como que para ficar claro que é potência que baste para o nervo deste quatro cilindros sempre muito disponível e equilibrado. E mais: percebe-se que não deve desperdiçar-se o “convite” para acionar o modo Sport.
Com a música sintetizada no habitáculo a ajudar, e numa estrada suficientemente trabalhosa, ziguezagueante e a pedir muito apoio, este Supra, pura e simplesmente, manda então às malvas a “modéstia” dos quatro cilindros. Torna evidente que menos 100 quilos face ao 3.0, o diferencial ativo, suspensão adaptativa e uma distribuição de pesos 50×50 que está longe de ser dispicienda num tração traseira, compensam outras coisas.
Descobrimos então como pode ser divertido guiar este Supra, que revela uma dianteira muito respeitadora e uma traseira com a tendência natural para se soltar. Percebe-se isso, primeiro com as ajudas ligadas, pois pisar mais forte significa acionar a intervenção eletrónica que põe tudo nos eixos. Depois, desligando o ESP, é outra a condução e vai ser preciso muita atenção e entrega para controlar as derivas e tirar todo o partido do Supra enquanto livre tração traseira. Poderá não ser para todos…
É sempre possível tirar rendimento da opção sequencial da caixa de velocidades, rápida o suficiente. As relações foram muito bem pensadas, mas oito velocidades exigem muito trabalho e suor… Confiando o trabalho à gestão eletrónica, aproveitando a excelente capacidade de travagem e jogando com o acelerador não senti perda de eficácia e a relação escolhida pareceu-me sempre a certa.
Até consegue ser económico…
No que respeita a consumos, se quisermos olhar este Supra como um carro normal, 6,8 litros aos 100 a 120 km/h em auto-estrada, com o cruise control inteligente ativo, é um resultado bem interessante, tanto como aceitável será uma média geral de 11,2. Claro que para um andamento ao nível das experiências que citei o computador chega facilmente a médias na casa dos 13 litros aos 100. Surpresa? Claro que não!
Como é natural, a bagageira, que não está separada do habitáculo e vai até às costas dos bancos (seria necessário?), é quase simbólica com os seus 290 litros de capacidade. Os lugares de arrumação no interior também são poucos. Até o apoio de braços, onde não falta o suporte para copos, é fixo e “dispensa” a caixa a que habitualmente serve de tampa…
Esta versão Fuji Speedway Edition está bem equipada. Distingue-se pelas jantes de 19 polegadas preto matte, bancos em alcantara vermelho e preto pespontados, inserções em carbono, e conta com faróis LED de duplo feixe com máximos e nivelamento automáticos, suspensão variável adaptativa, head-up display projetado no para-brisas, travão de parque elétrico, smart-entry, câmara de estacionamento, sensores de luz e chuva, sistema de som JBL e ecrã multimédia de 8,8 polegadas com navegação, bluetooth e tantas funções que até a vibração do volante é regulável…
Este Toyota GR Supra prova que um 2.0 litros de quatro cilindros e 258 cv de potência podem ser o quanto baste para um desportivo capaz. Motor nervoso e equilibrado, desempenho convincente, competente em curva tem o suficiente para quem gosta de uma condução “bem temperada”!
FICHA TÉCNICA
Toyota GR Supra Fuji Speedway Edition 2.0
Motor: 1998 cc, turbo, injeção direta
Potência: 258 cv
Binário máximo: 400 Nm/1550-4400 rpm
Transmissão: tração traseira, caixa automática ZF de oito velocidades com patilhas no volante
Aceleração 0-100: 5,2 s
Velocidade máxima: 250 km/h
Consumo: combinado – 7,5 L/100 km
Emissões e CO2: ciclo combinado – 170 g/km
Bagageira: 290 litros
Preço: 66 000 euros